O passado sempre retorna

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Estava com um nó na garganta e suando frio, eu sempre sofri por antecipação, e isso estava acabando comigo.

Meu coração quase parou quando olhei a tela do celular que estava sobre minha mesa e no visor aparecia o nome do Guilherme, ainda me tremendo, atendi.

— Oi Gui, alguma novidade?
— Então... ela chegou com o motorista, entrou em uma casa grande e não saiu mais, o mesmo motorista saiu sozinho e voltou depois com duas meninas no carro, e por último, saiu uma senhora de aproximadamente 70 anos ao lado do motorista.
— Nada dela?
— Ainda não, aliás, nesse momento tem um homem em outro carro diferente entrando.
— Certo, me mantenha informada.

Terminei meu trabalho e fui para casa, ao chegar, minha mãe estava terminando o jantar, eu já não estava almoçando direito, mas com ela ali, era impossível não comer.

— Filha, fiz almôndegas e purê de batatas com queijo gratinado.
— O cheiro está delicioso, vou tomar um banho e volto num instante.

Tomei meu banho, vesti meu pijama e fui para a cozinha, jantei ao lado da minha mãe e logo depois de deixá-la em casa voltei e tranquei as portas.

Guilherme não voltou a me ligar, Agata não me procurou, eu estava angustiada sem notícias de ambas as partes.

Um tempo depois eu já não aguentava mais e resolvi ligar para o Guilherme.

— Gui, desculpa, sou muito ansiosa você sabe.
— Eu sei, lembro quando queria descobrir tudo sobre aquela sua noiva.
— Enfim, me conte.
— Bom, consegui ver ela duas vezes, a primeira vez ela estava encostada no parapeito da varanda falando ao celular e com um cigarro entre os dedos, e a segunda, ela estava penteando o cabelo da senhora que relatei estar saindo com o motorista.
— Fumando? Tem certeza?
— Sim, absoluta.
— Tudo bem.
— Minha gata, vá descansar, eu a manterei informada.
— Obrigada Guilherme.

Desliguei a ligação com uma interrogação imensa, ela fumava? Podia estar fumando no horário de trabalho? E ela realmente poderia estar trabalhando, Guilherme relatou que ela estava penteando os cabelos da senhora, será que estou sendo injusta com ela? Aí meu Deus...

Enchi a jacuzzi e levei uma caixa de gelo seco e meu whisky, liguei o som e fiquei lá tentando relaxar.

Coloquei whisky no copo e tomei em pequenos goles, eu já estava acostumada a ter relações difíceis, passei anos tentando me recuperar após perder o contato com Letícia, e depois dela, não quis ter mais nada sério com ninguém, até que conheci Ágata e aquele mistério todo que me despertou interesse, meu instinto sempre me puxou para relações conturbadas e difíceis.

Meu celular começou a tocar, atendi mas ninguém disse nada, a ligação ficou muda, ao tentar retornar o telefone estava desligado.

*

Estava no escritório quando recebi uma ligação do Guilherme, rapidamente pedi licença ao cliente e saí para atender.

— Oi, pode falar.
— Ela saiu dirigindo um carro branco com as duas meninas, ao seu lado tinha um homem, o mesmo que entrou ontem dirigindo sozinho, ela deixou o homem em frente a um hospital e depois deixou as meninas em um colégio, ela está dirigindo em direção ao seu escritório.
— Tudo bem, obrigada.

Voltei para minha sala e fui o mais breve possível com o cliente, logo ele se despediu e foi embora, alguém bateu na porta da sala e como era de se esperar era ela.

Ágata usava uma calça soltinha florida e uma blusa de alças pretas, me abraçou e me beijou ao me ver, eu era apaixonada por essa mulher.

— E essa carinha de cansada? Está tudo bem?
— Sim, fui dormir tarde ontem.
— Trabalhando?
— Não...

O mistério de Ágata Onde histórias criam vida. Descubra agora