Confissão

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Arranquei o celular das mãos dela e me afastei apagando o vídeo, ela me olhava calmamente.

— Se acalme, Suzane, você não tem senso de humor? Eu tinha gravado apenas pra me deliciar quando você não estivesse comigo.
— O que fez é crime, da próxima vez, Ágata, vou te fazer pagar caro por essa brincadeira.
— Com aquelas palmadas? Se for estou ansiosa, acho que vou até contar para Letícia só para me castigar bem gostoso.
— Ágata, você está passando dos limites.
— Own, desculpe, bom dia de trabalho. — Disse ela me dando um beijo leve nos lábios antes de se afastar.

Revirei os olhos e saí, o dia foi tranquilo, quando voltei as malas estavam próximas a porta e Letícia estava no banho.

— Lê, cheguei.
— Estou saindo.

Letícia saiu com a toalha enrolada nos cabelos e um roupão, eu entrei para o banho e logo terminei.

— Vamos almoçar aqui mesmo no hotel, certo? Mais pratico.
— Sim, também havia pensado nisso.

Descemos para almoçar e sentamos em uma mesa vazia, pedi um nhoque e Letícia o mesmo, ela estava estranha, não me olhava nos olhos, por um momento pensei na possibilidade da Ágata ter feito algo.

— Letícia.
— Oi.
— Olhe para mim. — Ela parou um momento e me olhou.
— Pode falar.
— O que aconteceu?
— Nada.
— Letícia... não me faça perguntar duas vezes.
— Onde esteve ontem de madrugada? — Respirei fundo tentando manter a calma.
— Eu já disse, seja mais clara.
— Ágata deu a entender que vocês estiveram juntas.
— O que ela disse?
— Ela me viu tomando sol e se aproximou, ela perguntou se eu tinha um sono profundo por não perceber quando você saia do quarto. — Olhei a nos olhos e tomei todo o conteúdo da minha taça.
— Letícia, você sabe que eu jamais a enganaria certo?
— Sim.
— Você confia em mim?
— Confio.
— Pois bem, ontem pela madrugada eu estava trabalhando como você mesma viu, Ágata me ligou e eu fui até o quarto dela, ela está grávida e eu só... bem, não tenho muito o que justificar.
— Vocês transaram...
— Letícia.
— Responda Suzane.
— Sim.

Letícia se levantou e eu fui atrás dela, eu era uma imbecil que tinha arruinado tudo entre nós, ela estava colocando o resto das coisas na mala, eu a puxei pela mão e ela me empurrou.

— Fique longe de mim.
— Letícia, eu jamais queria engana-la, me perdoe.
— A melhor coisa que você pode fazer é ficar com ela, eu vou embora da sua vida, eu nunca devia ter voltado.
— Letícia, por favor, eu tenho minha parcela de culpa, não estou querendo tirar o corpo fora, mas por favor, leve em consideração que Ágata tem tentado esse tempo todo provocar.
— Cale a boca Suzane, fique longe de mim.
— Letícia, não vou perdê-la novamente.
— Devia ter pensado antes.

Letícia saiu puxando a mala e eu saí atrás, ela ignorava minha presença e eu estava tentando manter a calma, paguei a conta no hotel e puxei Letícia para o táxi, ela tremia e estava chorando, eu não sabia o que dizer ou como agir, eu a tinha magoado e não sabia como mudar isso.

No aeroporto ela se encostou no guichê e pediu passagens para o Canadá.

— Letícia, me escuta, não faça isso, por favor.

Pedi que a comissária cancelasse as passagens e vendesse no mesmo voo que eu, Letícia ficou calada o que me deu um grande alívio, eu poderia com calma resolver com ela.

Fizemos o check-in no aeroporto e me sentei ao lado dela, ela usava óculos escuros e não conseguia olhar para mim.

— Letícia, escuta, sei que o que quer que eu diga não vai ser suficiente para você me perdoar, errei feio com você, te magoei e me magoei, mas não imagino nenhum dia da minha vida mais sem você, estou muito arrependida, saiba que eu faria qualquer coisa na vida para voltar atrás e corrigir o meu erro.
— Suzane, você devia ficar de uma vez com ela, é o que quer não é?
— Não, não é Letícia.
— Eu estava ao seu lado e você foi procurar outra, não tem justificativas Suzane.

O mistério de Ágata Onde histórias criam vida. Descubra agora