7

389 45 21
                                    

Manigold e Any desciam as escadas calmamente enquanto Albafica e Aísha tentavam arrumar um dos quartos da casa de peixes sem se tocarem. Era meio estranho para Aísha, logo ela que era louca por abraços fora de hora e estava acostumada com Any a ceder aos seus encantos, mas com um esforço eles iriam se dar bem.

— Você sempre viveu aqui? — a ruiva perguntou enquanto arrumava os lençóis sobre a cama, que não era das melhores.

— Sim. — Albafica respondeu sério. — Mas nem sempre sozinho.

— Alguém morava com você? — Aísha perguntou surpresa e sorriu para o rapaz de cabelos azuis. Queria conhecê-lo melhor.

— Tu faz muitas perguntas. — o jovem disse com um sorriso de canto. — Ande, ou quando terminar de arrumar isso não terá mais a luz da vela.

As casas zodiacais não eram tão diferentes do orfanato onde elas moravam, a diferença agora era que ela teria um quarto só pra ela. Por acaso a casa de peixes tinha dois quartos, e Albafica dava graças a Athena por isso, não tinha como dividir o quarto com ela de uma maneira comum. A cozinha era desprovida de qualquer luxo, mas as servas do santuário deixavam tudo numa perfeita e harmônica arrumação. Fora que, a casa de peixes era muito bem decorada com as rosas.

Aísha, como qualquer escorpiana, era curiosa, então já fez o favor de olhar a casa de cabo a rabo tentando entender onde ficava cada coisa. O cavaleiro de peixes observava a menina de uma forma diferente, tinha quase certeza que sentiu uma leve pitada de ciúmes ao ver modo que Kardia a tratou e sentiu interesse por ela, mas escondia isso no mais fundo possível dos esconderijos.

Era fato que os cavaleiros, de bronze a ouro, não tinham tempo para lidar com essa parte da vida, a parte em que se encontra alguém para repartir o caminho que escolheram trilhar e era muito difícil uma mulher resolver tomar o caminho das guerras em nome de Athena, era natural que eles achassem interessante ver duas garotas optando por isso, e com toda certeza Albafica tinha plena certeza disso. Tanto é que ele foi um dos que sentiu interesse em vê-las como amazona e talvez de tê-las como amigas. Ele nunca foi daqueles que busca se aproximar de alguém, prefere estar junto dele mesmo, e talvez poucos o entendam porque não sabem sua verdadeira história.

Já Manigold e Kardia, eram muito ao contrário do peixe, tanto o escorpiano quanto o canceriano eram dotados de dons com as garotas, sabiam o que elas queriam e buscavam num homem. Apesar de que, só tiveram experiência com mulheres mais velhas, pois iniciaram essa vida cedo, e de um patamar diferente, elas travalhavam com esse tipo de coisa, iam fazer qualquer coisa que eles quisessem desde que esses pagassem bem.

Asmita tinha toda sua devoção a buda, e não se envolvia com este tipo de coisa, nem com prostitutas e muito menos com mulheres de outro patamar, sua vida era dedicada à Athena e as meditações que fazia na sexta casa. Era um homem misterioso e que causa uma curiosidade nos outros cavaleiros, mas é reconhecido como um homem forte. Sísifo e El cid estão ocupados demais para se preocupar com isso, não que Mani e Kardia também não estejam, mas eles tem personalidades diferentes, não é atoa que são doze signos.

Aísha sentou sobre a cama já arrumada e passou a mão na testa levemente, estava cansada, a noite já ía pela metade e ela ainda não tinha sequer tomado um merecido banho. Escutou três batidas na porta e logo notou que ela foi aberta, a pouca luz iluminava os olhos de Albafica deixando-o ainda mais belo, apesar dele não se orgulhar disso e até mesmo negar essa beleza. O cavaleiro entrou com alguns montinhos de roupas nos braços e colocou sobre a cama.

— As servas separam para você. — ele disse em tom sério. — Espero que goste delas.

— São todas no mesmo tom. — Aísha sorriu e permaneceu estática no mesmo local, não queria que ele se retirasse. — Tu vai me ver sempre com a mesma roupa. — ela riu.

— Isto não importa. — Albafica respondeu virando-se de costa e abrindo a porta para sair. — O que realmente importa é a luz que nosso olhar transmite... Os olhos são o espelho da alma.

Aísha sorriu com a frase que escutou de seu mestre e se levantou, correu para porta e a fechou, estava na hora de ficar um pouco sozinha na nova casa. Começou a desfazer as amarras do vestido que se prendiam abaixo de seus seios, seu corpo era escultural, um bom par de seios e nádegas misturado com boas curvaturas na medida exata. Seus longos cabelos ruivos iam até o meio da coxa, eram absolutamente lisos e muito sedosos.

Sentiu o calor da Grécia fazer seu corpo suar enquanto subia e descia escadas, estava na hora de um merecido banho para fazer seu corpo relaxar. Se dirigiu ao banheiro dentro do quarto e observou que a banheira já estava cheia, adentrou calmamente a água, que tinha uma temperatura ideial para aquele dia quente e abafado.

Albafica andou por seu quarto e sorriu ao ver sobre a cama as ataduras que jurava ter posto no montinho de roupa para entregar, pego-as e abriu a porta do quarto calmamente, que por acaso ficava em frente ao da menina. Entrou no quarto da nova amazona e estranhou por não vê-la ali, jogou as ataduras sobre a cama e pôde escutar o barulho de água, imaginou que esta estava tomando banho. Caminhou até a porta do banheiro e notou que ela estava um tanto aberta e pela brecha pode ver a garota a jogar água pelo corpo e acariciar os braços com a palma das mãos. A luz da vela limitava sua visão direta, estava um tanto escuro, mas pela sombra na parede ele conseguiu notar os seios da garota e mesmo achando aquele ato errado, ele ficou a olhar.

Engoliu seco sentindo uma gota de suor descer pela testa, ela tinha um corpo tão bonito. Via a água deslizar por ela e as pontas de seu cabelo molhadas e grudadas as costas da ruiva, aquilo o deixava ainda mais interessado em descobrir uma mulher.

Quando voltou a raciocinar com mais certeza, se deu conta de onde estava, saiu em passos lentos se amaldiçoando pelo que viu, mas ao mesmo tempo não conseguia negar que ela era muito bonita, sentia-se aliviado por ela estar aqui em peixes e não em escorpião, se fosse Kardia ali, talvez as coisas não terminassem tão bem. Andou de um lado a outro e levou a ponta dos dedos aos lábios, era pecado desejar um beijo dela?

Aísha não havia percebido a presença do cavaleiro, então apenas continuou seu banho sem preocupações, estava adorando a água da banheira. Momentos depois levantou-se e agarrou a atoalha do suporte, enrolando seu corpo e saindo do cômodo, quando adentrou o quarto notou uma coisa diferente: a porta estava aberta.

— Mas eu não havia fechado? — perguntou retoricamente. 

Deu de ombros e fechou novamente a porta, vestiu-se com um dos vestidos que recebeu do cavaleiro e notou que sobre a cama haviam ataduras, que antes não estavam lá. Suspirou e pegou as ataduras colocando sobre a mesinha ao lado da cama.

Saiu do quarto devagar e foi andando pela casa, ao final do corredor havia a cozinha, mas não tinha ninguém lá, regressou para a porta do quarto e bateu na porta do quarto de seu mestre. Este abriu e tentou controlar seus pensamentos para que não voltasse a imagem da garota nua a tomar banho.

— Sim? — Albafica perguntou.

— Você deixou as ataduras no meu quarto? — ela perguntou calmamente, não parecia ter chegado a sua mente a possibilidade dele ter a visto nua.

— Sim, você não estava lá... Achei melhor deixar sobre a cama. — Albafica era péssimo com mentiras, suas bochechas ganharam um tom avermelhado e ele tinha uma grande vontade de fechar a porta na cara da garota.

— Ah, obrigada mestre! — Aísha sorriu demonstrando felicidade. — Posso fazer uma pergunta?

— Acabou de fazer. — o garoto disse e voltou a expressão séria. — Diga.

— Por que não gosta de ser tocado?

Saint Seiya - Filhas do Tempo (REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora