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Any cruzou os braços abaixo dos seios e encarou Manigold com certa reprovação. Ela não entendia porque o mestre havia lhe roubado aquele selinho, e ainda disse aos outros que foi para retirar informações. Mas nisto ela já estava acreditando, afinal ele sabia sobre a visão e explicou ela melhor que ela mesma. Mas por que um beijo?

— Pode começar. — ela sorriu em fala

— Começar o que? — o rapaz passou a mão na cabeça fingindo não saber de nada.

— A explicar porque foi que fez aquilo. — respondeu a morena olhando-o nos olhos.

Manigold podia criar milhares de desculpas e fazê-la acreditar sem problema algum, mas ele mesmo devia confessar o que sentia, tanto pra ele quanto pra ela. Se aproximou e sentou-se ao lado da garota sobre a cama que dividiam, talvez ele pudesse ser um pouco mais atencioso com ela e dar o que ela merece. Já sabia dos problemas da pupila em relação ao medo de homens, mas ela não podia ter medo dele, ou não conseguiriam ir para frente desta forma.

— Tens medo de mim? — perguntou o canceriano levando a mão aos cabelos dela.

— Não... — confessou sincera enquanto sentia a mão do mestre lhe fazer carinho. — De você não...

— Então sente medo dos outros? — perguntou e deslizou a mão para o rosto dela.

— Talvez...

— Feche os olhos. — pediu.

— Mas... — protestou.

— Pelo menos uma vez, pode colaborar? — ele repreendeu.

— Sim...

Any sentiu-se ameaçada pela forma que o mestre falou, mas não demonstraria isso tão fácil, talvez ele não quisesse assustá-la, mas sim dizer que, como todo virginiano, ela era um tanto chata. Seus olhos negros foram se fechando aos poucos e quando o canceriano notou que ela havia realmente fechado-os passou a mão devagar pela cintura dela e a puxou para seu colo.

— Mestre...

— Calma. — ele tranquilizou-a. — Mantenha os olhos fechados.

— Hm. — apesar de desconfiada a menina obedeceu, queria saber o que ele ía fazer, sua curiosidade era maior que seu medo.

Manigold deslizou as mãos calmamente pelas costas da menina e as deixou em sua cintura, moveu a cabeça para perto do pescoço dela e beijou suavemente o local, Any mexeu-se sobre o colo do mestre, mas este a segurou tranquilizado-a de que ia ficar tudo bem. Manigold subiu um pouco o rosto e sua barba passou pelo pescoço da garota fazendo-a se arrepiar, este chegou calmamente ao seu ouvido e logo disse:

— Sente medo de mim?

— N-ão.... — negou a outra um pouco trêmula.

— E não precisa. — este afastou-se dali e a olhou. — Abra os olhos...

— Ah... — Any abriu calmamente os olhos e visualizou o mestre a olhá-la com um sorriso no rosto.

— Quer me dar um beijo agora? — perguntou ele de forma brincalhona.

— Eu não sei beijar uma pessoa... — admitiu a menina.

Manigold sorriu de lado e a girou rapidamente deitando-a na cama. — Posso ensinar, se você quiser, é claro.

— Ensinar? — ela enrugou a testa sem entender.

— Sim... — podia até ser que o cavaleiro queria se aproveitar da situação, mas achava muito bonito por ele ser o primeiro homem a beijá-la. — Não vai doer.

— Eu sei. — a menina riu e olhou-o nos olhos. — Mas não sei se é uma boa ideia.

— Falas demais, tua boca combina com a minha. —Depois disso o cavaleiro se aproximou e beijo-a intensamente. Enquanto na casa de peixes Albafica e Aísha faziam o mesmo, porém, sem passar dos limites.

Apesar de felizes por ter conhecido ambas, os cavaleiros, também além dos dois, estavam preocupados com o rumo que esta história poderia tomar. Se Sísifo conseguisse pegar o Your Ever de Pandora, Hades não reencarnaria e um ciclo seria quebrado, pela primeira vez, isso talvez despertasse a ira de outros deuses no olimpo que partilham indiretamente da ideia do Imperador do submundo. Sem contar que Zeus com toda certeza iria se interessar ao saber que criações de seu pai estão vivas neste século. 


Degel permanecia sentado sobre a entrada de sua casa com seu livro em mãos, enquanto Kardia olhava o horizonte mastigando a maçã que levava nas mãos. Kardia contou ao amigo o que aconteceu na casa de câncer e que agora Sísifo e El cid partiriam para uma missão antes mesmo do amanhecer. O escorpião estava um tanto preocupado com sua amada deusa, sabia a importância de Alone para a menina e não queria que ela se magoasse, mas seria ainda pior se ela só soubesse quando ele já estivesse a ser controlado por Hades, devia admitir que Aísha e Any eram muito úteis.

— Acha que as meninas são realmente úteis? — questionou o escorpião olhando o amigo.

Degel por sua vez olhou-o com cara de entediado. — Por enquanto estão servindo.

— Tu as vezes me assusta. — o escorpiano gargalhou. — Veremos quando eu tiver a chance de matar os espectros daquele deus ridículo.

— Se ele não vier, não tem espectros. — ressaltou o aquariano.

— Faz sentido. — Kardia levou a mão ao queixo e suspirou. — Vamos lutar contra quem?

— Não sei você... — Degel fechou o livro e olhou o amigo. — Mas acho que nada disso aconteceu por acaso, se elas estão aqui pra nos ajudar, é porque houve alguma coisa.

— Quer dizer que se não for Hades pode ser um outro deus ainda mais forte? — questionou.

— Ou pode não ser ninguém. — Degel suspirou. — É como a própria Any disse, não podemos usá-las para nada, o que tiver que acontecer será espontâneo.

— Tudo bem. — Kardia suspirou pesado. — Ao menos temos uma chance de mudar o rumo das coisas, mas não sabemos qual era o antigo rumo, isso não te incomoda?

— Acho que estamos brincando demais com o tempo, isso sim me preocupa. — admitiu o cavaleiro de cabelos verdes. — Vá pra sua casa Kardia.

— Nossa, Degel. — o escorpião sentiu-se ofendido. — Não precisa expulsar.

— Deixe de drama e vá. — ordenou.

Kardia sentiu-se um pouco ofendido, mas Degel precisava de tempo até furmular idéias que pudesse apresentar ao grande mestre. Precisava estudar o tempo, mas não sabia como. A única coisa que sabia, que todos sabiam, era que Any e Aísha representavam dois extremos e que esses extremos não podiam se separar. Eram como Athena e Hades, diferentes, mas que se encontravam sempre.

Saint Seiya - Filhas do Tempo (REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora