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O gold de câncer passou as mãos pelos cabelos e deitou as costas contra o colchão. Apesar de não ter treinado nada, ele sentia seu corpo pesar e pedir por descanso. Desde que retornou da missão não havia se dado ao merecido descanso, muito menos a merecida bebedeira de sempre. De certa forma ele queria se manter perto de Any, não estava disposto a sair de casa e deixá-la sozinha.

Permaneceu ali deitado e aos poucos foi adormecendo, deixou seu corpo descansar sobre a cama enquanto abraçava o travesseiro que Any usava para dormir. Quando a morena entrou no quarto, minutos mais tarde, notou o homem esparramado sobre a cama abraçado ao seu travesseiro, ela sorriu de lado e apagou algumas das velas para a luz ficar mais fraca. Foi ajeitando o corpo do mais velho aos poucos e se deitou ao lado dele.

— Boa noite. — ela pronunciou baixinho e acabou por pegar no sono também.

Enquanto isso, na casa de peixes, Albafica não sabia se correspondia ao beijo que a menima lhe dera ou se ficava ali parado. Aísha se afastou e olhou o mestre com certo medo de ser repreendida, mas esse não lhe disse, ficou a observá-la enquanto seu coração explodia de mil formas diferentes dentro do peito.

— Desculpe... — Aísha abaixou o olhar mostrando arrependimento.

— Você não gostou do que fez? — o peixe questionou enquanto levantava o rosto da menina com a ponta dos dedos.

— Gostei...

— Então não peça desculpas. — repreendeu. — Só peça desculpas se estiver arrependida do que fez.

— Mas não fiz o certo. — a  ruiva disse sem jeito.

— Não precisamos nos preocupar com certo ou errado agora. — Albafica se levantou e a ajudou levantar. — Vamos dormir para acordar cedo amanhã.

Aísha estava confusa se levava aquilo a sério ou se deixava de lado. Albafica não demonstrou gostar, mas também nao demonstrou não gostar e isso confundia a mente da garota. Acompanhou-a até o quarto e a observou deitar sobre a cama, ficou um tempo ali e depois que a menina adormeceu foi que resolveu retornar ao seu quarto.

O próprio Albafica estava confuso com suas atitudes, não entendia o porquê da ação da garota mas sabia que havia gostado muito daquilo.

Os primeiros raios de luz entraram pela brecha do mármore na casa de câncer e chegaram ao rosto de Manigold, que mexeu-se aos poucos e virou-se para o lado vendo Any ali. Sorriu ao saber que a menina não estava brava com ele e havia dormido também. Afastou-se devagar e foi se levantando, havia dormido bastante e não precisaria dos cinco minutos a mais hoje. Tomou um banho rapidamente e quando saiu do quarto viu que Albafica estava sentado a sua mesa comendo uma maçã. Este estranhou pois o santo estava sozinho e sem armadura.

— O que faz aqui? — Mani passou os dedos pelos olhos. — Estou vendo espíritos, e olha que nem estou no Yomotsu.

— Não seja imbecil, Manigold! — o mais novo disse um tanto bravo. — Precisamos conversar.

— E desde quando casamos? — Mani se sentou a mesa pegando um gole de café da jarra.

— Como assim? — perguntou o outro incrédulo.

— Aprenda. — o canceriano riu. — Quando alguém, em especial mulheres, dizem: precisamos conversar. É porque quer discutir a relação.

— Você parece ter experiência com isso. — observou o outro. — Aconteceu uma coisa ontem.

— O que? Pelo que me lembre só choveu. — o câncer levou a mão ao queixo mostrando estar tentando lembrar.

— Aísha me deu um beijo. — confessou o peixe.

— O QUE? — Manigold saltou da mesa caindo no chão em seguida. — Ai.

— O que está acontecendo aqui? — Any saiu do quarto assustada. — Albafica?

Manigold olhou Any de cima para baixo e sem querer acabou focando os olhos nas pernas da garota, enquanto seus olhos ficavam enfeitiçados ali, sua mente tentava entender como Albafica conseguiu beijar Aísha e ele não conseguiu beijar Any. Havia algo muito errado nessa vida, Albafica agora beijava uma ruiva e ele não conseguia nem abraçar a morena que havia escolhido. Frustante.

— Desculpa, Any. — o pisciano disse se levantando. — Hoje acordei mais cedo para conversar com Manigold, ele acabou se desequilibrando da cadeira.

— É claro! — ditou o outro enquanto se levantava. — Como você conseguiu e eu não?

— Conseguiu o que? — Any perguntou confusa.

— Acredita que ele beijou a Aísha? — o mestre da morena perguntou sem acreditar.

— Você beijou a Aísha? — Any perguntou sem acreditar. — Nossa Albafica.

— Parem! — Albafica ficou extremamente vermelho e sorriu em falso como se quisesse fugir dali. — Vou pra casa buscar ela, se arrumem!

Logo em seguida o Gold saiu pela porta da casa sem dizer mais nenhuma palavra. Any sorriu comemorando por dentro a proximidade dele com a amiga, enquanto isso Mani passava a mão nas costas para aliviar a dor que a queda lhe causou. Ainda não achava possível que Albafica tivesse feito isso, primeiro viu ela tomar banho e agora a beija, porque ele também não podia ver a Any tomar banho?

— Any. — o mais velho chamou. — Vai tomar banho, vai.

— Estou indo mestre. — ela fez que sim com a cabeça e foi se retirando.

Manigold não pensou que ela fosse aceitar, mas ficou feliz porque agora poderia colocar seu plano de vê-la tomar banho em ação.

Any adentrou o banheiro calmamente e foi tirando sua roupa, a porta não tinha tranca, mas ela confiava em Manigold suficientemente para não se preocupar. A água estava um pouco fria para aquela manhã, mas demoraria muito mais se fosse esquentar a água.

Mani caminhou para o quarto e em passos leves e silenciosos ficou pertinho da porta, havia uma única brecha que dava a visão exatamente para a banheira no canto do banheiro. Ele olhou-a e viu que sua pele estava arrepiada por causa do frio, sorriu com a visão que estava tendo e mordeu o lábio inferior. Ao contrário de Aísha, Any não tinha seios tão fartos, eram pequenos e redondinhos, suas coxas não eram tão cheias também, mas na visão de Manigold eram perfeitas.
Nem mesmo o próprio acreditava que estava vendo ela tomar banho, achava-a extremamente fofa e não tinha essa visão sobre ela ainda. Mas agora seria impossível de não pensar nela dessa forma. Afastou-se da porta com cuidado e se sentou na cama suspirando calmamente.

— Que linda. — a porta se abriu e Any saiu enrolada na toalha, quando percebeu a presença de Manigold suas bochechas coraram violentamente.

— Oi Any. — Mani sorriu e se levantou. — Já vou sair para você se trocar.

— Obrigada. — agradeceu com um sorriso tímido.

— Posso pedir uma coisa antes? — o canceriano a olhou.

— O que? — perguntou enquanto disfarçava a vergonha.

— Me dê um beijo?

Saint Seiya - Filhas do Tempo (REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora