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O grande mestre observou as meninas com um sorriso ladino, não imaginava que logo o seu pupilo fosse trazê-las aqui, isso o surpreendia.

Albafica moveu-se recobrando a postura e Manigold o seguiu, o pisciano levou a mão aos cabelos os tirando do olho para que pudesse ver melhor a expressão do mestre diante do que tinham a dizer.

Athena permanecia sentada com uma calma expressão, o cosmo da menina contagiava-os positivamente, como um toque de carinho ao rosto de cada um. Sasha, apesar de já acostumada com o santuário, não tinha tanta intimidade com Manigold e menos ainda com Albafica, se é que alguém tinha. Ela observou as meninas e os cavaleiros e orou mentalmente para que não houvesse acontecido nada de errado.

— Manigold... Já não disse que não pode trazer mulheres para o santuário? — Sage disse repreendendo e o pupilo riu.

— Mas essas são especiais. — Mani respondeu sorrindo maldoso de lado.

— Encontramo-as em Rodorio, mas elas são da Inglaterra. — Albafica explicou seriamente. — Por algum motivo conseguiram chegar aqui.

— Consigo sentir o cosmo de ambas. — Sasha disse ao olhar para Sage com um olhar de súplica. Aquele olhar era irresistível até mesmo para o sábio grande mestre.

— Mas o que realmente esperam que eu faça? — Sage perguntou olhando para a menina de cabelos lilases. — Já que vocês as encontraram, vocês devem treiná-las e se responsabilizar por elas. — disse aos cavaleiros.

Albafica pensou em dizer algo mas sentiu Mani puxar sua capa e fazer um gesto negativo com a cabeça. Athena, sem entender, apenas observou, Manigold queria provar ao mestre que tinha potencial para treiná-las e descobrir a peculiaridade de ambas sem a ajuda dele, assim o mestre talvez o olhasse de uma forma mais madura. Mas ele mal sabia que era realmente isso que Sage queria, ele sabia, com toda certeza, que ambas tinham algo de muito intrigante, ou elas sequer estariam aqui, mas confiava tanto em seu pupilo que decidiu deixar essa missão para ele.

Albafica se perguntava internamente quem era mais chato: Sage ou Manigold?

— Vocês preferem ficar ou partir? — Sasha perguntou, haviam esquecido de perguntar a opinião das meninas. — Vamos respeitar qualquer decisão de vocês. — O tom amigável na voz da deusa fez com que os lábios de Any formassem um sorriso. Mani a olhou incrédulo, Athena fez ela sorrir e ele não?

— Ficaremos. — Any disse determinada.

Aísha comemorou calmamente e Sasha sorriu, havia simpatizado rapidamente com as meninas, algo em seu interior diziam que ela seriam muito importante para o santuário. Albafica e Manigold receberam breves instruções para o treinamento delas, mas o pisciano ainda se perguntava internamente como ía treiná-las, entretanto, não quis contestar a decisão do grande mestre. Mas ainda restava uma dúvida, quem treinaria quem?

— Diga-me Any, você prefere eu ou o Albafica? — Manigold perguntou brincando enquanto desciam as escadas para a casa de peixes.

— Você. — Any respondeu. Não era que preferia o outro, mas já havia reparado na cara que Manigold fazia quando ela lhe dava uma resposta grossa.

— Então eu ficarei com o Albafica? — Aísha perguntou demonstrando um pouco de desgosto.

— Desde que não tente tocar nele, ele será gentil. — Any incentivou.

Albafica estava calado e não pretendia falar algo, estava quase pedindo para que Mani levasse as duas e o livrasse dessa missão. Mas ao mesmo tempo que queria estar longe da ruiva, queria estar perto. Considerava Aísha gentil e cheia de potencial para se tornar uma amazona, seria questão de tempo para que seu poder fosse percebido.

— Se quiser pode ir com o Manigold. — o pisciano disse um tanto desanimado.

— Não, prefiro ficar com você. — Aísha sorriu em incentivo e o mesmo sorriu de volta. Tinham apenas um problema, nunca tiveram pupilos antes, como iam treiná-las? A parte burocrática Sage havia passado, mas eles não tinham metodologia nenhuma.

— Eu nunca treinei ninguém antes. — Manigold disse após se sentar nas escadas da entrada da casa de peixes.

— Nem eu. — confessou o peixe um pouco distante.

— Isso é ruim? — Aísha perguntou.

— Claro que é ruim. — brincou Any. — Eles já não parecem bons mentalmente, imagina sem saber treinar.

— Oh menina. — Mani gargalhou e pegou uma flor do canteiro, Albafica quase o socou, mas sabia que ele tinha um plano. — Por quanto tempo você acha que uma rosa sobrevive sem apodrecer?

— No máximo uma semana. — Any disse e se sentou ao lado do canceriano.

— Se essa rosa não morrer em uma semana ela me deve um beijo, apostado? — Mani virou-se para Aísha e estendeu a mão.

— Apostado. — a ruiva apertou a mão do mesmo e ambos caíram na gargalhada, até mesmo Albafica riu com a situação.

— Vocês não podem apostar isso! — Any disse brava.

— Já era, não volto atrás com minhas apostas. — Mani riu enquanto percebia a virginiana ficar vermelha.

Aísha passou os olhos pela casa e notou que haviam rosas por todos os lados, rosas que o próprio Albafica cuidava com todo carinho. Ela mal imaginava que a rosa que Manigold tirou não iria morrer nunca por causa do cosmo de Albafica, sendo assim, Any teria que beijá-lo de qualquer forma. Albafica sabia disso e por isso riu da inocência das garotas, sabia muito bem que Mani jamais jogaria sem ter uma carta na manga.

Enquanto Any e Manigold discutiam, Aísha observava a casa e ficava cada vez mais encantada com a beleza das rosas. Eram divididas em três cores: Vermelhas, brancas e negras. Aísha jamais viu uma rosa negra antes e isso a deixava com muita vontade de conhecer melhor o processo para plantá-la.

— Como faz para deixá-las assim? — perguntou a Albafica e Mani prestou atenção.

— É preciso colocar dois tipos de coisas. — o pisciano sorriu. — Amor e cosmo.

— Cosmo? — perguntou, já não se lembrava do que se tratava.

— Sua fé.... — explicou. — Sei que é cristã, vai demorar um pouco até entender melhor. O cosmo vem do nosso interior... Da nossa fé, da força de vontade de fazer acontecer.

— Parece muito bonito, teoricamente. — desabafou a ruiva. — Mas se vocês existem para nos proteger... É porque existem outros para nos machucar.

— Não se preocupe, nós mataremos eles. — Manigold disse confiante. Este queria muito ter a chance de encontrar com Thanatos durante a próxima guerra.

— A noite já vai cair. — anunciou Any. — Vamos ficar por aqui?

— Não. — Mani se levantou. — Você vai comigo para casa e Albafica vai ficar com sua amiga.

— Vamos ficar separadas? — Aísha perguntou choramingando.

— Só pela noite. — tranquilizou Albafica. — Durante o dia vocês treinarão juntas.

Os cavaleiros não imaginavam o desafio que haviam aceitado e nem mesmo Any e Aísha sabiam do que se tratava essa energia que as conduzia.

No fundo Any tinha medo de que essa condição a distanciasse da amiga, tinham uma conexão tão absoluta que até mesmo uma noite longe faria grande diferença. Apesar do desejo interior de Aísha de ir com a amiga, Any queria entender melhor seu próprio coração e talvez para isso precisasse de longas conversas com o santo de câncer.
Mas acima de tudo, Any tinha quase certeza que Albafica cuidaria tão bem da menina quanto ela, estava confiando a única coisa que tinha nas mãos de um desconhecido. Mas esse desconhecido era como ela.

— O que vamos fazer essa noite? — Aísha perguntou ao ver Any e Manigold se distanciarem.

— Que tal dormir? — Albafica perguntou irônico e sorriu.

Saint Seiya - Filhas do Tempo (REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora