Saint Seiya - Filhas do Tempo (REVISANDO)

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— Abre logo então! — Aísha protestou virando a cabeça para o lado. O suor escorria por sua testa como água num rio, a dor estava tão forte que até mesmo suas forças estavam se esgotando. — Por favor, salve meu filho!

— Oh minha santa Athena. — Manigold levou a mão a cabeça. — Vou buscar a faca.

Albafica não tinha certeza se devia permitir que isso acontecesse, afinal, Aísha sentiria muita dor ao ser cortada para que a criança nascesse e isso poderia causar uma hemorragia suficiente para matá-la. Ele estava indeciso se preferia salvar o bebê ou ver os dois morrer, a ruiva era tudo que o pisciano tinha de bom, não queria cogitar perdê-la.

 
Any também não tinha certeza do que iria fazer, nunca havia feito um parto antes, porém, entre todos, a menos apavorada era ela. Pensar positivo era difícil a essa altura.

— Any... — Albafica segurou o braço da menina sem muita delicadeza. — Quero que você salve os dois, por favor, não tire nenhum dos dois de mim.

— Não se preocupe, Albafica. — a morena se soltou com calma, já havia percebido o nervosismo do cavaleiro e sabia que ele jamais iria machucá-la. Ela tinha noção da vida que Albafica tinha e como era difícil confiar nas pessoas para o cavaleiro da décima segunda casa, ela não podia decepcioná-lo. — Eu prometo que nada de ruim vai acontecer.

Manigold observou o amigo enquanto segurava uma adaga nas mãos, sabia que não podia tocá-lo diretamente, mas com palavras era necessário. Ele não era o melhor em conselhos, mas se considerava importante na vida de Albafica.

 
Any sentou-se na cama enquanto os dois rapazes se afastavam, a faca em mãos e o desespero de Aísha eram suficientes para fazê-la tomar a decisão mais arriscada de sua vida: ela faria um parto arriscado e manteria tanto a irmã quanto a criança viva.

— Isso vai doer muito, não é? — a voz da ruiva era fraca o suficiente para se fundir a palidez e a pressão mal drenada.

— Vai ficar tudo bem... — confortou. — Feche os olhos, logo terá seu bebê nos braços.

As palavras da parte má do tempo eram muito mais que um pedido, eram ordens. Seu cosmo se ascendeu de uma única vez trazendo uma aura dourada para suas mãos, com a mão esquerda a amazona acariciou a barriga da outra para tirar-lhe a atenção da dor, a faca rasgava a pele ao pé da barriga trazendo a outra uma dor insuportável que lhe arrancou mais gritos agudos em nome da dor. O sangue já manchava o lençol e as mãos da mais nova, que antes jurava não ter estômago para tal ato, como poderia a personificação do tempo enfrentar deuses e ter medo de sangue desta forma?

Mani observava tudo ao lado de Albafica, parecia que aquele corte não tinha fim para os rapazes, que apavorados com o resultado daquilo preferiam não olhar tão profundamente. Porém, um choro foi suficiente para que as pupilas dos olhos do cavaleiro de peixes dilatassem, engoliu a seco e se aproximou calmamente das meninas para vislumbrar o ser que Any agora tinha nos braços. Completamente coberta de sangue a respirar sem acreditar no que via, Any após cortar o cordão umbilical mencionou a dar o pequeno ser para Albafica, mas este negou com a cabeça, tinha medo que seu sangue a afetasse negativamente. Já Manigold, não esperou muito e tomou a pequena criança nos braços, que no mesmo instante parou de chorar e encontrou os olhos de Albafica, como se tivessem uma conexão absoluta com o pai.

— Leve-a daqui. — Any disse preocupada. — Use a água morna para banhar e enrole nas roupinhas que fizemos.

— E Aísha? — Albafica contemplou a namorada de olhos fechados. Havia desmaiado.

— Não se preocupe, eu te fiz uma promessa...

O canceriano acenou positivamente para a namorada e junto ao melhor amigo saiu do quarto. Não tinha a mínima ideia de como dar banho num ser tão pequeno, mas estava disposta a aprender, inclusive achava divertido ter a oportunidade de criar uma criança, porém, após o que Any havia dito, sabia que isso jamais seria possível para os dois. Quando a mãe de Aísha a teve, meses antes de Any, sabia que seu futuro já estava escrito e por isso lhe deu esse nome, que significa "Vida". Ao contrário de Any, ela tem a oportunidade de trazer tudo que tem vida, Any jamais conseguiria engravidar porque esse era o destino da irmã, e ela se conformava, sabia que um dia chegaria o momento de acertar as contas com Chronos e com toda certeza isso seria cobrado.

Albafica estava bestificado com a beleza que a criança possuía, os cabelos eram idênticos aos de Aísha, porém, os olhos eram seus, no mesmo tom de azul e a mesma expressão indecifrável que o cavaleiro possuía. Enquanto observava o amigo dar banho naquela criatura tão pequena ele lutava com a vontade de tomá-la nos braços e o medo de machucá-la.

— Está parecendo um idiota. — comentou o mais velho rindo da cara do amigo. — Lembre-se que você só é oficialmente pai quando a pegar nos braços. Já sou oficialmente tio. — gabou-se.

— Não sei ainda como meu sangue reage no corpo dela. — alertou o pisciano. — Não posso arriscar a vida da minha filha.

— Espera, é uma menina? — Manigold olhou a criança tentando se certificar da descoberta. — Nossa, vai te dar um trabalho...

— Ahh... minha santa Athena. — o cavaleiro suspirou tentando tirar a imagem dos possíveis namorados que a pequena um dia poderia ter. — Você vai me ajudar, não tire seu corpo fora!

— Não se preocupe, comigo por perto ninguém terá coragem de chegar perto desta coisinha fofa. — o canceriano disse trazendo-a para perto do pisciano, que deu um passo atrás. — Você não vai machucá-la!

— Ficarei longe até ter total certeza. — explicou o mais novo.

Depois de banhar a pequena menina, Manigold vestiu-a com as roupinhas que Any e Aísha fizeram durante a gestação, todas tinham cores neutras como branco ou cinza, pois não sabiam o sexo da criança. Depois do banho a menina adormeceu facilmente no colo do tio, que ficou a encher a paciência do pai dizendo que era o melhor tio do mundo. Porém, a alegria acabou quando ambos retornaram ao quarto e viram Any e Aísha deitadas, uma ao lado da outra, ambas desacordadas.