Enquanto Albafica e Aísha arrumavam o quarto para a garota, Any e Manigold estavam chegando a casa de câncer. Mani ia saltitante pelas escadas lembrando da aposta que havia feito com Aísha. Ele já tinha certeza que ia ganhar, então já estava comemorando.Entraram pela porta de saída da casa de câncer e o rapaz jogou a urna da armadura no chão, estava cansado de carregá-la. Levou as mãos a borda da camisa e a puxou tirando de seu corpo e jogando pelos ombros. Any olhou as costas nuas do cavaleiro e sentiu-se um tanto envergonhada, no máximo havia visto Aísha assim, mas nunca um homem.
— Acabei de me lembrar de uma coisa importante. — ele levou a mão ao queixo e passou pelo projeto de barba que crescia ali.
— Qual? — a morena perguntou olhando-o sem demonstrar vergonha.
— Só tem um quarto. — ele riu. — Vamos ter que dividir.
— Desde que fiques em teu canto, não há problema. — ela confirmou com a cabeça.
O canceriano calculou uma parcela de drama para aplicar, mas lembrou-se de uma coisa importante: tinha que arrumar o quarto. Saiu correndo pela casa e entrou no quarto rapidamente, Any ficou sem entender o que aquele maluco estava fazendo.
Ela caminhou para porta do quarto e bateu, tentou abrir e não conseguiu. Suspirou e sentou-se escorada na parede para esperar o homem sair de lá. Enquanto isso, Manigold tentava o mais rápido possível arrumar a bagunça que aquele local se encontrava, havia lembrado que ela era virginiana e não queria desapontá-la na primeira impressão. Arrumou as poucas roupas pelo guarda-roupa empoeirado e ajeitou os lençóis da cama. Suspirou e por fim foi a porta, uns quinze minutos depois de entrar e a abriu.
— Oi. — disse com a cara de pau. — Pode vir.
— Por que me deixou pra fora? — Any perguntou apoiando-se nas mãos e se levantando.
— Estava vendo se não tinha nada fora do lugar. — disse com um sorriso amarelo e deu passagem para a moça.
Haviam um guarda-roupa de cor acinzentada no canto perto da porta, castiçais de velas estavam pela parede iluminando o ambiente, assim como nos corredores. A cama de solteiro estava encostada no cantinho da parede, o mármore frio da casa dava um ar de refresco, porém nesta época o calor predominava ali. A menina analisou o quarto milimetricamente e olhou para o santo.
— É. — ela sorriu. — Bonito.
— Desculpa, somos cavaleiros. — ele deu de ombros. — Desculpa se minha casa não é cheia de florzinha como a do Albafica. — ele cruzou os braços mostrando um olhar triste.
— Ah... Isso não tem importância. — ela se aproximou segurando as mãos a frente do corpo. — Eu posso te ajudar a ajeitar essa bagunça. — sugeriu com um sorriso e ele fez uma cara emburrada. Saiu do quarto e retornou com um monte de roupas e ataduras para a menina, as empregadas arrumavam o resto da casa, mas ele não gostava que mexessem em seu quarto, por isso tudo lá dentro estava de ponta cabeça. Colocou o monte de roupas sobre a cama e sorriu como se quisesse dizer: "agora você tem roupas". Mas manteve-se calado.
— Você pode colocar as roupas aqui dentro. — ele abriu uma das portas do guarda-roupa e algumas peças caíram sobre sua cabeça. — Tsc!
— Por Deus. — a menina levou a mão a boca. — Você não sabe arrumar as coisas não?
— Não sei não! — ele respondeu irônico enquanto tirava as peças de seu cabelo. — Quer arrumar, senhorita perfeita?
Any se aproximou do caranguejo e foi ajudando-o a tirar algumas camisas que se enrolaram nele. Depois abaixou-se e começou a recolher as peças do chão, Mani olhou aquela cena com um tanto de malícia, mas conteve-se e engoliu seco tentando afastar esse tipo de pensamento de sua mente.
Any levou as roupas para a cama e foi dobrando uma a uma. Ele observou a garota com um olhar diferente, nenhuma mulher havia dobrado suas roupas antes, ou se preocupado com ele de alguma forma. Isso o fez sorrir espontaneamente.
— O que foi? — a menina perguntou enquanto terminava de dobrar uma de suas calças.
— Você....
— O que tem? — interrogou confusa.
— Tão bonitinha dobrando as coisas. — ele se aproximou e pegou um montinho dobrado e colocou no guarda-roupa na intenção de ajudá-la. — Não imaginava isso quando te conheci.
— Isso porque tirou conclusões precipitadas. — afirmou a menina.
E talvez fosse verdade. Quando a conheceu ele não conseguia pensar numa mulher aparentemente madura, como Any está demonstrando ser, pensava numa garota perdida externamente e interiormente. Isso o faz lembrar de como conheceu Sage, não imaginou que um velhote como ele pudesse ser tão poderoso e bondoso, naquele dia ele sequer podia pensar em bondade. Talvez hoje tivesse recebendo o troco por aquilo. A morena se aproximou com o monte de roupas que ele havia deixado pra ela e colocou numa das partes que sobrou no guarda-roupa. O canceriano olhou para o local e se perguntou quando foi que havia arrumado ele ou deixado alguém arrumar.
— Você parece ter passado por coisas ruins. — ela disse fechando a portinha do armazenador de roupas. — Compartilhou suas histórias com alguém?
— Claro. — ele sorriu levando a mão na cabeça. — Não há ninguém que eu confie tanto se não o velhote.
— O Grande Mestre? — ele afirmou. — Ele parece ser um homem muito inteligente.
— E é. — gabou-se. — E você... Compartilhou suas histórias com alguém?
— Ao contrário de você... Eu não tenho um mestre. — a mais nova deu alguns passos na direção da parede e a tocou para reconhecer a temperatura.
— Claro que tem. — fez-se ofendido. — Eu sou seu mestre!
— E por que eu deveria confiar em você, mestre? — ela perguntou sorrindo.
— Porque sou seu mestre, isso já basta. — riu. — Pode confiar em mim... Sei que não pareço ser um homem tão direito, mas ainda prezo as boas coisas. Por que veio pra cá?
— Eu desejei vir a um lugar que pudesse obter respostas e que estivesse segura daqueles homens. — sentou-se a cama.
— Os soldados? — ele perguntou enquanto se sentava ao lado da garota.
— Sim...
— Você parece ter medo ao falar deles, o que aconteceu? — Manigold olhou profundamente nos olhos da garota buscando por uma resposta. Ele não podia ver, mas ela tinha boas marcas de como os soldados a fizeram mal, tanto no corpo quanto na alma. A visão de ter sido quase abusada por aquele homem a faz ter muito medo de se aproximar de algum outro. Assim como de início sentiu medo de aceitar a ajuda dos dois cavaleiros.
— Bem... — ela passou a mão pela testa, retirando a franja que cobria seus olhos e revelando um corte que havia ao lado de sua testa. — Tentaram abusar da Aísha, eu jurei protegê-la, não podia deixar que acontecesse com ela.
Manigold abaixou o olhar, entendeu pela metade, mas lembrou-se das vezes que foi para cama com algumas mulheres apenas para usá-las como objeto de desejo sexual. Quando imaginou Any a passar por isso, uma imensa raiva se instalou por seu corpo, está certo que transar e ir embora não era dos melhores atos, mas ao menos as garotas queriam, um estupro é algo muito mais sério que uma noite só para diversão.
— Eles te machucaram? — ele perguntou comprimindo os lábios um no outro.
— Não aconteceu exatamente... — ela suspirou. — Graças à Deus.
Seus olhos azuis se encontraram com a escuridão dos olhos de Any e naquele instante ele desejou beijá-la, mas não fez. Sorriu e acariciou seu rosto com cuidado, como se quisesse passar a visão de que tudo ia ficar bem. Estava sentido uma sensação estranha no peito, colocava-se ao lugar da menina e entendia agora o porquê dela não querer confiar em ninguém.
— Você pode confiar em mim. — ele disse sorrindo. — Vou te proteger, de todo mundo.
— Será? — ela perguntou sorrindo, queria se enganar que não sofria com aquele assunto.
— Confia em mim vai. — ele brincou. — Mas aquela aposta ainda está de pé, quem mandou apostar.
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Saint Seiya - Filhas do Tempo (REVISANDO)
FanfictionAntes de morrer Chronos tirou fragmentos de sua alma para se manter vivo, agora, séculos mais tarde, esses fragmentos reencarnam ao noroeste da Inglaterra e trazem um novo alerta ao mundo. Athena tem a missão de proteger as filhas do tempo e manter...