— Por que quer saber disso? — Albafica perguntou tentando se esquivar da pergunta da ruiva.
— Não me responda com outra pergunta. — a mais nova mordeu o lábio inferior mostrando indignação. — Custa quanto para que responda?
— Custa muito. — o mais alto sorriu e abriu a porta entrando novamente no quarto. — Vá jantar e durma.
— Mas Albafica. — a menina deu passos a frente e ameaçou encostar no cavaleiro.
— Aísha! — Albafica repreendeu. — Você está na minha casa, portanto deve me obedecer, faça o que pedi.
A menina suspirou e deu meia volta, deixou o santo de peixes ali e foi andando para a cozinha. Ele não sentia fome e não queria que ela tentasse tocar nele novamente, mesmo sentindo a mesma vontade para com ela. Entrou no quarto e fechou a porta, suspirou sentando-se sobre a dura cama e pode sentir a mesma sensação de antes em seu coração.
Ver Aísha tomar banho não foi das melhores ideias, agora sua mente viajava para junto da menina e ele não conseguia controlar isso. Mas no fundo achava legal a curiosidade dela sobre ele, mostrava que ela se importava, e isso contava muito na percepção do rapaz.
Deitou a cabeça no travesseiro e buscou adormecer e tirar seus sonhos desse rumo.Enquanto isso, na cozinha, Aísha comia calmamente e saboreava o sabor do bolo que fora servido pelas servas, ela sequer fazia questão de saber o sabor, o importante era comer. O suco de laranja estava muito gostoso, foi feito com laranjas bem maduras e ficou bem docinho, sem precisar de açúcar. Mesmo amando a comida, ela não conseguia desviar seus pensamentos de Albafica, será que ele tinha alguma doença e ele não queria que ninguém pegasse? Milhões de paranóias vagaram por sua mente, até que sentiu-se cansada de comer e resolveu retornar ao quarto.
Viu a porta do quarto a frente fechada e suspirou, estava desacostumada a dormir sozinha, mas devia enfrentar seus medos. A vela já ía pela metade quando finalmente conseguiu adormecer, ao contrário de Any, Aísha era preguiçosa e adorava dormir, mas demorava mais tempo a pegar no sono.
Any tomou banho e Manigold lhe fez um curativo na testa, meio torno, é claro, afinal, ele jamais teve maestria com esse tipo de coisa. Sage o ajudava quando se machucava muito, mas ele nunca se interessou em aprender esse tipo de coisas.
Nem ele mesmo se reconhecia, quando foi que ficou tão prestativo e bondoso assim? Se perguntava mentalmente se deveria continuar desta forma ou voltar a ser o Manigold de antes.
Sentou-se a mesa ao lado da morena e a serviu com carnes e batatas. Muito diferente de Albafica, Manigold adorava carne e achava que ela ía bem em qualquer refeição do dia, e por acaso, Any concordava sem saber do gosto do canceriano, ela era uma carnívora nata. Porém, não fora lhe servido suco, não que Albafica também não beba, mas ele não sirviria isso para Aísha jamais.
Any notou o copo com vinho e sorriu, lembrou-se das vezes que a Madre ficava bêbada e ela aprontava todas com a velha, mas ao contrário da mulher, ela nunca tentou beber. Não acreditava que fosse encontrar alguma coisa de útil na bebida.
— Vai ficar somente olhando? — Mani perguntou rindo.
— Eu não bebo. — olhou-o nos olhos. — Mas aceito um suco.
— Desculpa. — ele passou a mão na nuca tentando espantar a vergonha. — Estou acostumado a lidar com garotos.
Ele riu e se levantou, procurou uma fruta na cesta e achou limões. Os espremeu num copo e colocou água, entregou a garota, que ingênua, levou a boca.
Ele gargalhou quando a garota o olhou com as bochechas cheias daquele líquido azedo, mas engoliu para mostrar ser forte.
— Ta horrível. — ela disse sorrindo. — Tem muita água nesse suco.
— Desculpa. — ele gargalhou levando a mão a barriga. — Eu ía adoçar, bobinha.
— Ia me dar água com açúcar? — perguntou a menor sorrindo.
— Nem deve estar tão ruim. — o canceriano bebeu um pouco do conteúdo do copo e fez uma cara feia. — Mas que horror!!!
— Péssimo cozinheiro. — ela riu e voltou a comer a carne.
— Vamos jantar sem suco! — ele sentou-se ao lado dela e lhe deu um beijo na testa. — Me desculpe, vou te ensinar a beber e assim não vamos precisar fazer suco.
No orfanato onde morava Any era responsável por ajudar em tudo, assim como todas as outras crianças, exploradas pelo clero que naquela região não era tão predominante, afinal, Inglaterra não era católica. Aísha e Any acabaram por aprender a fazer diversas coisas na cozinha e como eram mais velhas lá, ensinavam os mais novos e cozinhavam para todos do orfanato. Manigold mal imaginava que a menina sabia cozinhar, e muito bem.
Aísha rolava um pouquinho na cama enquanto sonhava com diversas formas de se tornar uma amazona. O dia já ía lá pelas seis da manhã e a essa hora Albafica estava muito mais do que acordado, estava impaciente com a demora de sua aluna. Tadinho nem imagina que ela não ia acordar se ele não fosse lá. Bateu a porta do quarto devagar e foi abrindo, viu a melhor e mais engraçada visão que poderia ter da menina: deitada na cama, enrolada pelos lençóis e com os cabelos desarrumados. Albafica achou-a fofa, mas manteve-se sério. Puxou os lençóis e descobriu a menina, que indignada abriu os olhos e se sentou sobre a cama.
— O que eu fiz? — perguntou coçando os olhos.
— Hora de levantar! — Apenas disse e saiu do quarto fechando a porta atrás de si. Aísha suspirou e se levantou com muita preguiça, vestiu um dos vestidos que havia ganhado na noite passada, achou um pente perdido por lá e penteou os cabelos, deixando-os soltos. Tanto ela quanto Any tinha o mesmo tamanho e corte de cabelo, deixando a franja caindo sobre os olhos e destacando suas bochechas mais que a testa, que é escondida pelos fios cor de cobre.
Um grande "bico" fez-se no rosto da menina enquanto eles desciam as escadas, iriam encontrar com Manigold e Any para iniciar os treinos, mas a verdadeira vontade de Aísha era dormir.
— Mestre... — charamingou. — Vamos voltar e dormir mais um pouco?
— Nem pensar. — Albafica disse sério. — Já estamos atrasados.
— Duvido que alguém neste lugar esteja acordado. — levou a mão a barriga e choramingou. — Eu nem comi nada.
— E não vai, se continuar reclamando. — respondeu o mestre quase a rir, mas estando ainda sério.
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Saint Seiya - Filhas do Tempo (REVISANDO)
FanfictionAntes de morrer Chronos tirou fragmentos de sua alma para se manter vivo, agora, séculos mais tarde, esses fragmentos reencarnam ao noroeste da Inglaterra e trazem um novo alerta ao mundo. Athena tem a missão de proteger as filhas do tempo e manter...