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Albafica olhou o mestre e soltou um longo suspiro. Não ia mover um dedo para tocar na garota, mas essa se apressou e o abraçou, ele pensou seriamente em afastá-la, mas precisava tanto daquele abraço que acabou deixando que acontecesse. Sage e Hakurei se olharam no exato instante e notaram que nada acontecia com a garota, com toda certeza elas eram os espíritos do tempo feitos por Chronos.

— Mas... — Manigold e Kardia disseram em uníssono e se olharam. — Incrível. — Mani continuou.

— Isso nos da a certeza que queríamos. — Hakurei disse enquanto se aproxima novamente de Any. — Mas não é o suficiente.

— Nem pense nisso. — Mani manteve a menina contra seu corpo para protegê-la. — Não pode usá-las como um brinquedo para suas descobertas.

— As descobertas irão afetar a todos nós! — Hakurei respondeu com determinação.

— Não importa! — o câncer aumentou o tom de voz. — Se for machucá-la é melhor que nem a toque.

— Manigold tem razão. — Athena se aproximou. — Colocou a vida de Aísha em risco ao fazê-la tocar em Albafica, se tivesse enganado e elas não fossem esses tais espíritos do tempo, Aísha poderia ter morrido.

— A senhorita tem razão. — Sage disse. — Vamos tentar de uma forma mais eficaz.

— E qual seria essa? — Albafica perguntou.

— Lance-me sua rosa mais forte. — Sage ordenou.

Albafica ficou um tanto espantado com o pedido do grande mestre, mas ele era mestre de todo o santuário e deveria ao menos ter plena certeza do que estava fazendo. Aísha se soltou do pisciano e foi para o lado de Athena e Kardia. Albafica passou a mão pelo ar e uma rosa branca surgiu na mesma, podiam sentir o cosmo poderoso do cavaleiro ativo, este lançou a rosa contra Sage, perfurando-o no coração. Albafica jamais brincaria com algo, a rosa sangrenta tinha a missão de sugar todo o sangue de Sage, levando-o a morte.

— Bem... — Sage apoiou-se no irmão.

— Aísha... — Hakurei puxou a ruiva para perto. — Quero que cure-o...

— Mas... — a menina estava assustada. — Eu não tenho poderes para isso...

— Claro que tem. — Albafica encorajou.

— Mas mestre.... — ela o olhou com os olhos a merejar lágrimas.

— Eu confio em você. — o pisciano sorriu.

Queria confortá-la para que esta pudesse se concentrar o suficiente e salvar a vida do mestre Sage. Aísha estava apavorada por saber que a vida do grande mestre estava em suas mãos. Aproximou-se do velho e estendeu a mão levando ao peito do homem, quando tocou a rosa, colocou-se a chorar. O sangue manchou seus dedos fazendo-a apavorar-se, sua energia cósmica começou a se elevar sem nem que ela soubesse o que era aquilo, a aura dourada em volta do seu corpo a assustou um pouco, mas havia se emocionado tanto com a fala de Albafica que estava disposta a deixar o medo de lado e salvar Sage.

Suas mãozinhas delicadas foram novamente até a rosa e ao tocá-la o sangue de Sage começou a regressar de onde havia saído, ela tinha agora o controle sobre o sangue do grande mestre. Aísha era a representação humana da parte boa do tempo, a parte que cura e traz soluções ao mundo, mas ao contrário de Aísha, Any era a parte má, aquela destinada a trazer destruição e dor para aqueles que desafiassem o tempo.

Aísha retirou calmamente a rosa do peito de Sage e o corte regressou, como se voltasse no tempo e nunca tivesse existido, assim parecia que Sage jamais foi ferido, revigorando novamente seu corpo.

Sasha e Kardia olharam-se pasmos, não entendiam como uma garota tão desprovida de cosmo podia ter anulado o golpe de um dos mais fortes cavaleiros de ouro. Albafica estava glorificado com o que viu, mas ao mesmo tempo sentia-se estranho, era a primeira vez que alguém saía ileso deste golpe. Aísha moveu-se calmamente e mostrou a rosa ao mestre, não havia uma sequer gota de sangue nela. Albafica sorriu e estendeu a mão para a mesma, que assustada o abraçou novamente. Porém, desta vez ele a envolveu com um dos braços para confortá-la. Any soltou-se de Manigold e andou até Sage e Hakurei demonstrando curiosidade.

— Por que isso aconteceu? — perguntou autoritária.

— Vocês são poderosas, Any. — Sage disse. — Muito mais do que imaginam.

— E o que isso significa exatamente? — Any gritou em desespero. — Nos trouxe aqui para nos usar?

— Não! — Sasha tomou a frente de Sage. — Jamais faríamos algo assim.... — ela estendeu a mão para a morena a sua frente, mas ficou sem resposta. — Chronos é meu avô, temos uma ligação sanguínea maior do que imaginamos... Não iremos usá-las para nenhum mal, dou a minha palavra.

— E a tua palavra vale de que? — Any perguntou com determinação. — Se somos esses tais espíritos do tempo, o que fazemos aqui? E aliás, Chronos não é a favor de Athena...

— Sim. — Hakurei tomou a palavra. — Se estão aqui, não é por acaso, veio para nos ajudar.

— Any... — Manigold moveu-se para perto da pupila. — Acalme-se, nós jamais vamos machucá-las, já teve prova disso.

— Posso até confiar em tu ou em Albafica, mas vai demorar bastante tempo até que me acostume com eles. — a menina disse determinada.

— Não precisa nos temer. — uma voz serena propôs, chamando a atenção de todos. Pela imensa porta do salão entrava o loiro da sexta casa. — Consigo sentir seu cosmo desde que o despertou.

— Sabia desde sempre quem elas eram? — Kardia perguntou e o virginiano confirmou com a cabeça.

— Sim. — Asmita respondeu calmamente se aproximando. — Não precisam temer o santuário, mas sim quem está fora dele.

— De fato. — admitiu Any. — Sei que vocês não existem em vão, se protegem a Terra é porque alguém a ameaça.

— Vocês não precisam se sentir ameaçadas aqui. — Sasha sorriu. — Vamos protegê-las...

— Sugiro que esta conversa não continue. — Albafica disse com um ar de desaprovação. — As meninas já souberam demais por hoje.

— Concordo com ele. — Mani olhou o mestre com desaprovação. — Vamos deixar um pouco de descoberta para amanhã, não podemos gastar tudo hoje. — riu.

Apesar da risada, Manigold sabia que Any era muito diferente de Aísha e não havia vindo a este mundo para trazer a cura. Tinha medo que ela deixasse que o poder lhe subisse a cabeça e se tornasse uma pessoa má. Porém, tinha grande certeza que com os exemplos existentes no santuário ela seria uma ótima e poderosa amazona.

[...]

Aísha andava por seu quarto tentando se acalmar pelas notícias que havia recebido, o dia já ia quase pela tarde e nada havia lhe descido pela garganta além de água, tinha medo dos poderes que havia curado o mestre Sage, mas ao mesmo tempo estava feliz por não ter deixado que ele morresse. Albafica, apesar de preocupado, passou o resto das horas em seu jardim a pensar. Não havia entendido como Aísha salvou a vida de Sage, como seu golpe foi desarmado com tanta facilidade? 

Além disso, ele agora sabia que poderia tocar na menina quando quisesse, pois não havia mais perigo de feri-la. Ao mesmo tempo que era bom, era frustante ser desarmado assim, ainda mais por uma garota que parecia ser tão frágil.

A vida estava a lhe pregar peças, peças essas que ele não entendia, será que devia se tornar mais amigo dela, assim como Mani se tornou?

— Aísha... — bateu calmamente a porta do quarto.

— Sim? — a menina abriu a porta, seu rosto estava triste e sem vida.

— Percebi que você sequer tocou na comida. — disse o mais velho. — Vamos comer um pouco? Posso te fazer companhia.

— Você? — perguntou incrédula.

— Só se quiser, é claro. — ele suspirou.

— Claro que quero. — a ruiva deu um passo a frente ficando próxima ao cavaleiro. — Mas você não costumava ficar tão perto antes...

Saint Seiya - Filhas do Tempo (REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora