Haviam certas palavras que Manigold precisava dizer a Any, mas não sabia como. Ela não o dava oportunidades de dizer o que sentia, e por algum motivo ele sabia que talvez logo não poderia dizer mais nada. As guerras entre cavaleiros e espectros eram traiçoeiras, não tinha como prever se sairiam ou não vivos desse confronto com os deuses gêmeos.Ambos desciam as escadas para a casa de câncer enquanto Albafica e Aísha se preparavam para partir para ilha Andrômeda em busca da armadura, por mais preocupada que Any estivesse, tudo que se podia perceber em seu rosto era uma profunda paz. Seu interior estava se acostumando com a ideia de portar tantos poderes, sabia que agora era a vez de Aísha amadurecer nesta relação, queria incentivar a amiga a aproveitar o poder que tinha em nome do que amava, pois era exatamente isso que importava.
— Any... — Manigold a olhou entrar na casa de maneira determinada. — Você está bem? — perguntou na tentativa de iniciar uma conversa, precisava dizer a ela o que sentia de uma vez por todas.
— Sim. — ela o olhou com certo carinho. Por alguns instantes sua mente voltou ao episódio do beijo que recebeu de seu mestre e não pôde evitar um sorriso. — E você?
— Any, eu preciso te dizer algumas coisas. — olhou-a e se aproximou o suficiente para sentir sua respiração. — Não posso mais esperar por isso.
— Tem certeza? — ela questionou. Não queria perdê-lo e nem criar algum tipo de expectativa negativa no cavaleiro. — Não quer esperar até que isso termine?
— Não posso. — admitiu num longo suspiro. — Any, você me enlouquece. — disse e logo mostrou um sorriso. — Você é a primeira mulher na qual eu posso dizer que sinto amor de verdade, não quero te perder, por favor deixe-me dizer isto antes que eu exploda.
— Você não vai me perder. — ela levou a mão ao rosto do mestre e sorriu. — Não irei deixar que nada aconteça à você.
— Garanto que posso dizer o mesmo. — o cosmo do cavaleiro de câncer se elevou ordenando que a armadura saísse, deixando-o frente a amada apenas de calça. — Acho que amo você...
Any sentiu vontade de sorrir, mas manteve-se séria, ela mais do que ninguém sabia que os cavaleiros não deviam nutrir tamanho sentimento por ninguém, mas no fundo também sabia que isso já não importava mais. Cavaleiro, deus, espectro ou humano, todos deviam ter o direito de amar a quem desejam, sem nenhuma restrição.
Olhou Manigold com certo medo e se afastou com cuidado, ainda não estava acostumada com a armadura, portanto tomava cuidado ao se mover. As palavras do canceriano ecoavam em sua cabeça como marteladas, afetando também o coração. Queria olhá-lo nos olhos e dizer que também o amava, mas seu coração era tão orgulhoso que a impedia de se declarar.— Por favor não espere até que eu não esteja mais aqui para declarar o seu amor. — ele pediu enquanto a observava entrar no quarto.
— Eu te amo Manigold, tu sabe disso. — admitiu enquanto fechava a porta. A armadura logo foi saindo do corpo da jovem e se montando dentro da urna ao lado do guarda-roupa. Faltava apenas uma coisa para tornar a união de ambos concreta: a perca do medo que Any possuía.
Enquanto isso, na ilha Andrômeda, Aísha estava amarrada por correntes semelhantes ao sacrifício da princesa por sua terra. Ela não sabia se iria sair dali com vida, mas estava se arriscando para que pudesse estar cada vez mais perto do seu amado. A água do mar estava começando a subir conforme o pôr do sol, tudo que a ruiva precisava fazer era ser aceita pela armadura, mas infelizmente isso era imprevisível, somente a armadura tinha poder para salvá-la, restava apenas esperar.
Thanatos e Hypnos já haviam preparado os planos para o ataque ao santuário, e com a ajuda dos deuses do sono tudo se tornaria mais fácil para eles, além de Any e Aísha, os cavaleiros também deveriam se preparar para uma guerra que não seria tão fácil como esperado. Sasha temia que Alone fosse culpado por se tornar Hades, apesar de ter amadurecido como Athena, ela sentia tanto amor por Alone que não seria capaz de deixá-lo morrer. Mas sem Hades para intervir nos planos de Thanatos o deus da morte iria finalmente levar a sua vingança a sério. Sage e Manigold tinham contas a acertar com ele, também não perderiam essa oportunidade.A aura cósmica de Aísha começou a se manifestar logo após a água engoli-la por completo, parecia que finalmente a armadura estava a correspondendo. Albafica olhava a situação de cima de uma imensa rocha, não queria intervir porque acreditava na capacidade da pupila, mas não podia deixar de admitir que seu coração temia que algo acontecesse.
Quando o sol finalmente se pôs o cosmo de Aísha iluminou o local, e do mar saiu uma corrente com a ponta em forma de triângulo que se prendeu a uma das imensas rochas, Aísha logo saiu sendo puxada pelas correntes e caiu na sobre a pedra ao lado do mestre.— Acho que finalmente entendi. — ela gritou. — A ligação de vocês não é apenas com Athena, a armadura também é muito importante.
— Sempre foi. — o pisciano sorriu e se aproximou. — Você está linda nesta armadura. — admitiu.
— Obrigada. — a ruiva sorriu e suspirou. — Quando estava lá embaixo a princesa Andrômeda me contou toda sua história...
— Vai ficar tudo bem. — garantiu o mais velho abraçando-a com um braço.
— E se não ficar? — a ruiva perguntou fechando os olhos e logo o espaço se modificou completamente, foram teletransportados para a casa de peixes novamente.
— Se não ficar, nós damos um jeito.
Sage olhava Sasha a observar o céu ao lado de Tenma e Alone. Três adolescentes que tiveram o destino travado por uma desavença entre deuses, o velhote queria poder mais uma vez dizer que ia ficar tudo bem, mas não podia, nem mesmo ele, o poderoso grande mestre, contava com o que o tempo reservou para ele. Mas sabia que não morreria sem levar o deus da morte para o mesmo caminho, não iria falhar na missão que prometeu a ele mesmo e a última Athena.
— Alone, Tenma, vocês acham que vamos conseguir? — Sasha perguntou sentando-se ao lado dos irmãos.
— Não precisa temer Sasha, nós vamos sempre te proteger. — o sorriso de Tenma foi o suficiente para fazer a jovem Athena sorrir também. Era tudo que precisavam: força, um sorriso e a esperança que tinham viva no coração.
Por fim juntaram os punhos no centro mostrando a pulseira de flores que carregavam, aquele era o símbolo do mais puro amor que viviam e viveriam durante a eternidade. O Pégaso fiel a Athena e o deus que a quer derrubar, os atos dos três como humanos não importava para os deuses, mas para os humanos os deuses eram a única esperança de uma vida melhor. O único pecado era acreditar que um dia fossem voltar a sorrir.
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Saint Seiya - Filhas do Tempo (REVISANDO)
FanfictionAntes de morrer Chronos tirou fragmentos de sua alma para se manter vivo, agora, séculos mais tarde, esses fragmentos reencarnam ao noroeste da Inglaterra e trazem um novo alerta ao mundo. Athena tem a missão de proteger as filhas do tempo e manter...