Sasha observou a fala de Aísha e sentiu uma pontada de inveja, não era um sentimento ruim, ela apenas tinha plena noção que com sua pouca idade ainda não havia amadurecido como as duas hóspedes. Por mais que ainda não tivessem uma idade reduzida, Any e Aísha tinham plena noção do que estavam enfrentando, haviam chegado a poucos dias e participado de muitas mudanças, inclusive nos próprios pensamentos. Isso fazia com que a deusa dos cavaleiros sentisse-se insegura sobre sua posição. Quando Zeus a deu a Terra para zelar ela não imaginou que devesse sempre reencontrar Hades num ciclo sem fim, não imaginava que fosse tão dolorido o ciclo de morte e vida que os humanos passam.
— É nosso dever estar aqui para proteger Athena, o que vamos a temer? — perguntou Shion num tom de alegria.
— Nada. — Asmita deu um passo a frente e caminhou até ao lado de Any. — Any saberá nos dizer o que vem pela frente sempre, mas para isso deve deixar duas coisas de lado.
— O que ela deve deixar de lado? — Sage perguntou confuso, era raro ver o cavaleiro de virgem se comportar de tal maneira.
— O medo e a falta de segurança em si mesma. — afirmou Asmita.
Defteros olhou o rumo da conversa e negou com a cabeça, sabia que daqui alguns instantes Aísha e Any iriam se tornar muito mais do que humanas, mas odiava a forma que Asmita as incentivava como se fosse natural guerrear. Tudo que bem que para eles isso era mais que natural, mas para elas não, ambas viviam muito distante daqui e sequer sabiam da existência de cavaleiros e deuses como Athena, Hades, Thanatos ou Hypnos, era errado incentivá-las a usar os dons para ajudá-los, mas ao mesmo tempo elas eram a única certeza que tinham de alguma coisa.
— Ainda temos três dias... — comentou a morena atravessando o tapete vermelho. — Aproveitem bem esse tempo...
— Onde vai? — Manigold e Albafica perguntaram em uníssono.
— Buscar minha armadura.
Os cavaleiros ouviram a resposta de Any com muito cuidado, estava destinada à armadura de relógio, mas infelizmente ela estava tão perdida quanto Aísha nesta conversa. O que Any poderia fazer para encontrá-la? Manigold olhou todos sem entender e moveu-se correndo atrás da menina, que a esta altura já havia atravessado a porta e saído do grande salão. Alcançou-a enquanto iniciava as escadas para a casa de peixes, mas não teve coragem de dizer nada, lembrou-se do que ela mesmo havia dito, que deviam aproveitar enquanto a guerra não acontecia. Isso lembrou-o de uma coisa que precisava dizer a ela.
— Any! — sua voz ecoou num grito e este a agarrou pelo braço obrigando-a a vir contra seu peito. — Tenho algo a te dizer
— O que? — perguntou a garota olhando para cima em busca dos olhos do mestre. Any era pequena perto do cavaleiro e isso o alegrava.
— Bem... — apesar de mulherengo, Manigold estava acostumado a lidar com todas de uma vez e não apenas com uma. Achava impossível que logo ele fosse se apaixonar por uma mulher como Any. — Você notou que Albafica e Aísha estão muito próximos?
— Acho que estão a namorar. — explicou a mais nova. — Era só isso?
— Não! — o canceriano sorriu e passou a mão pelos cabelos mostrando estar sem jeito. — Eu gosto muito de você...
— Eu também gosto muito de você, Mani! — admitiu a menima de forma impaciente. — Agora podemos descer?
— Podemos...
A voz do cavaleiro da quarta casa saiu desanimada o suficiente para que alguém com coração percebesse sua chateação. Mas falamos de alguém com coração. Any desconfiava e sentia o mesmo que o rapaz, mas não achava que fosse algo a se admitir no meio de uma guerra, teriam tempo para isso depois que tudo acabasse, mas e se não acabasse bem?
— Acha que vai dar tudo certo? — Aísha olhou Albafica um tanto chorosa. Este mostrou um sorriso encantado, Aísha conseguia o animar com apenas um olhar.
— Você quer que dê tudo certo? — perguntou enquanto caminhavam no regresso das casas.
— Sim. — uma lágrima escorreu pelas bochechas rosadas da ruiva. — Mas tenho medo...
— Não deveria. — o coração do cavaleiro estava tão apertado em ver a menina a chorar que foi impossível lembrar que ainda era um cavaleiro, frente a ela, ele era apenas o homem a quem se apaixonara. — Não chore! — pediu-a enquanto a afagava num ato de carinho.
Asmita olhou indiretamente a situação e quase sorriu, mas nem todos pensavam como ele. El cid achava uma falta de respeito não se comportar devidamente enquanto traja uma das sagradas armaduras de Athena, mas nem ele nem ninguém ousou comentar algo sobre o casal que ía a frente. E Albafica também não se importaria se comentassem, enquanto a isso ele era completamente indiferente. Enquanto todos chegavam em sua casa e se acomodavam devidamente, Thanatos e Hypnos planejavam como deveria ser o ataque ao santuário e tentavam descobrir de que forma eles souberam da aparição de Pandora para entregar o colar a Alone. O garoto deveria ficar com Sasha até que a situação fosse arrumada, agora os três estavam quase juntos: Tenma, Sasha e Alone tiveram o destino desviado pelos poderes de Any, pois agora deveriam estar a guerrear entre si por um novo destino na Terra, por isso eles deviam agradecer.
Manigold e Any observam um novo local. Com a ajuda de um garotinho, pupilo de Hakurei, eles chegaram até a linha do tempo, onde deveriam descobrir o paradeiro da armadura de relógio. Tudo que viam ao redor deles era pura areia branca, além de uma imensa linha feita de várias outras linhas que davam a destinos muito diferentes, essa era a forma mais rápida e mais perigosa de achar a armadura.— Tem certeza disso? — o canceriano perguntou.
— Sim, mas tu fica. — ordenou a menina.
— O mestre aqui sou eu! — ele riu mostrando um ar debochado. — E quem disse que ficarei?
— Somente seres do tempo tocam no tempo. — explicou. — Eu voltarei logo!
— Any... — ele a puxou para perto. — Tu está tão diferente...
A morena sorriu levando aquilo como um elogio. Realmente ela estava diferente, mas um diferente bom, em sua mente parecia que todas as ações e razões se encaixavam, como se fosse natural viver aquela cena que ainda estava por vir. Seus poderes estavam a ajudando a ganhar conhecimento sobre as coisas e situações, sabia que assim que a armadura de relógio a aceitasse ela seria ainda mais forte e poderia ajudar os cavaleiros a vencer os deuses gêmeos, que jamais viriam sozinhos para guerrear. Enquanto Aísha pregava a bondade para gerar misericórdia a quem a maltrata, Any pregaria a maldade para vencer. Essas eram as duas faces do tempo.
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Saint Seiya - Filhas do Tempo (REVISANDO)
FanfictionAntes de morrer Chronos tirou fragmentos de sua alma para se manter vivo, agora, séculos mais tarde, esses fragmentos reencarnam ao noroeste da Inglaterra e trazem um novo alerta ao mundo. Athena tem a missão de proteger as filhas do tempo e manter...