Saint Seiya - Filhas do Tempo (REVISANDO)

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 O tempo é considerado como uma única medida imutável, que passa como deve passar de acordo com aqueles que creem no destino que tem ao redor do relógio. Muito antes da era dos deuses o tempo já existia, ele trouxe, junto com outros amigos, a nossa existência e o sentido real de vagarmos sobre a Terra. Os cavaleiros de Athena tiveram seu destino escrito sobre o destino de duas humanas inocentes, usada por um titã para levar a mensagem que ninguém nunca entendeu: o tempo não morre, ele passa e se renova. Permanecendo sempre vivo, os dias são os mesmos, somos nós quem mudamos e colocamos a culpa em alguém por isso, assim como colocamos a culpa de inúmeras outras coisas em outras crenças e outros seres.

 Por mais repleto de amor que o mundo seja, ele necessita do caos, para que este amor tenha sentido. O mal deve existir para que o bem se torne bem. Este ciclo foi construído há muito tempo pelas mãos de seres incompreensíveis para humanos, e nada mais justo que não sejam os humanos a quebrá-lo. 

Any e Aísha, apesar de ingênuas sobre o verdadeiro motivo de sua existência, sabiam que ao caminhar ao lado de cavaleiros sofreriam perigos, sabiam que outros deuses iriam condená-las junto a eles e não as poupariam da mais horrível dor. Todos sabemos o real final dessa história, mas ambas vieram para mudar isso, e não irão partir até que não seja mudado. Pandora fugiu de Sísifo jurando o pior dos destinos ao cavaleiro de sagitário e enquanto isso El cid esperava o amigo para que juntos pudessem regressar ao santuário de Athena e comunicar o grande mestre que o colar estava a salvo. Mas mal sabiam eles que com esse feito, os deuses gêmeos iriam se revoltar, pois devotos de Hades jamais aceitariam perder, ainda mais desta forma.

Os doze cavaleiros estavam enfileirados de acordo com sua casa zodiacal, até mesmo Asmita estava por lá, o cavaleiro era conhecido por ser misterioso, sério e planejado, parecia saber sempre o que acontecia a sua volta, como se uma luz iluminasse sempre suas ideias, impedindo que vivesse no escuro. Ele sentia-se curioso com o rumo das coisas, queria ter a oportunidade de olhar nos olhos de Any e ver como ela via, sentir o caos que permanecia em sua mente. Ele tinha plena noção que ambas eram como os gêmeos: extremos. Provando mais uma vez que o bem e o mal devem andar juntos, em equilíbrio, e não lutando em rivalidades.

— O que iremos fazer com este objeto? — Defteros, o cavaleiro de gêmeos, perguntou calmamente. Seus cabelos azuis caiam pelos ombros e estavam descobertos do elmo, que ocupava o espaço abaixo do seu braço. — Acham que Pandora tem apenas um meio de acesso á Hades?

— Infelizmente não achamos. — o grande mestre Sage ditou em resposta. — Estamos todos aqui justamente porque sabemos que eles não irão sossegar.

— E não podíamos esperar que eles viessem até nós? — o mais novo, cavaleiro de leão, Regulus, perguntou ingenuamente. — Sabemos que Hades sempre vem, agora sabemos que os dele virão com ainda mais ódio.

— Devolveremos o ódio dele com muita porrada. — falou Manigold rindo enquanto respondia o amigo.

— Temos uma chance de evitar a morte desnecessária de muitas pessoas. — a deusa Athena levantou-se séria. Apesar da pouca idade ela sabia seus deveres. — Não podemos desperdiçar isso.

— Mas ao mesmo tempo não podemos condenar duas meninas sem nenhum conhecimento cósmico a participar de uma guerra assim. — insistiu Defteros e todos o olharam. — Elas não são crianças, mas também não são treinadas o suficiente para isso.

— Não é necessário se importar com isso. — a voz, escassa até então, de Any, corrigiu. — Sei que somos desprovidas de entendimento cósmico, mas sei também que não é necessário tanto para se acostumar com este lugar.

O silêncio reinou dentre eles. Defteros não iria contestar a decisão de Any, afinal, ela era quem decidia por ela, mas ele ainda não achava justo que eles a usassem como apoio. Aísha permanecia quieta ao lado da amiga, não queria dizer nada agora, sentia uma imensa sensação de vazio, como se algo a dissesse que o que vem após o amor não fosse algo bom, que a tirasse do caminho natural e a obrigasse passar por um mais sofrido.
  Além de órfãs e quase abusadas, ambas tinham agora que enfrentar deuses na qual não acreditavam que existia. Diante delas haviam doze cavaleiros e uma deusa, uma vontade e algumas decisões. Esse era o destino que Deus havia reservado para elas?

— Selem o colar. — disse Any.

— Como ela... — a voz de Kardia foi interrompida por um olhar de Degel.

— As vezes sinto-me como se já tivesse vivido essa cena. — explicou Aísha, que já cansada de esperar resolveu argumentar. — Parece que o mundo é feito de um imenso ciclo onde devemos compreender o porquê das cenas serem repetidas.

— Se há repetição é porque ainda não aprendemos. — orientou Asmita. O cavaleiro de virgem sabia onde Aísha queria chegar, mas sabia que era loucura viver a mesma vida várias vezes na intenção de repará-la. — Nada iria se repetir se não houvesse uma real necessidade.

— E qual é a necessidade se vir sempre para destruir o mundo? — Regulus perguntou incrédulo de que está situação esteja ocorrendo há tempos.

— A mesma necessidade que te faz protegê-lo. — Shion, que se mantinha em perfeito silêncio até então, resolveu argumentar.

— Se protegem o mundo é porque temem que alguém o destrua. — orientou Any. — Eles estão apenas exercendo a função deles.

— Está me dizendo que um ser humano vem ao mundo somente com a função de proteger ou destruir? — Regulus olhou a menina.

— Assim como Sasha veio ao mundo para ser Athena, você veio ao mundo para ser o cavaleiro de leão. — explicou o décimo segundo santo. — Todos nós temos uma parcela de culpa no mundo, mesmo nunca a admitindo. Muitas vezes vamos a guerra sem perceber que nosso inimigo também tem um objetivo e que pra ele esse objetivo importa muito, somos pessoas diferentes, julgadas entre boas e más, mas isto não existe... Temos apenas...

— Objetivos diferentes! — completou Aísha. — Selem o You Ever com os selos de Athena, mas saibam que os deuses gêmeos virão para nos atormentar e  o futuro de muitas pessoas depende de vocês.