Inconscience

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Uma voz ao longe chamava por Thierry enquanto o seu corpo era chacoalhado em todas as direções. Ele virou a cabeça e a tosse veio pouco depois, seguida por uma boa quantidade de água até então armazenada em seus pulmões.


O ar nunca fora tão valorizado por ele quanto naquele momento, mesmo o ato de respirar sendo tão dolorido quanto agora. Tudo o que ele queria era aproveitar o ar. Ele estava vivo! Vivo!


- Graças aos céus! - Marlon respirou aliviado ao seu lado. - Olhe para mim! Sente alguma coisa?


Thierry demorou um pouco para responder. Tudo ao seu redor girava.


- Sede. Muita sede.


- Sede? - espantou-se Marlon. - Certo. Tomará água assim que chegarmos à minha casa. Consegue levantar?


Thierry fez um grande esforço para levantar. Assim que finalmente conseguiu ficar em pé, sua cabeça girou e suas pernas fraquejaram. Marlon o segurou, impedindo-o de cair com a cara no chão.


- Tudo bem. Está tudo bem. - ele repetia ao seu ouvido. - Vou levá-lo até o cavalo. Consegue andar?


Thierry tentou acenar com a cabeça, mas a tontura o atingiu novamente junto com um frio repentino. Seu corpo começou a tremer para tentar aquecer-se, o que não era necessário, pois o mesmo ardia em febre.


Marlon o arrastou com facilidade até o cavalo e conseguiu colocá-lo em cima do animal em uma posição meio sentada meio deitada. Thierry agarrou o pescoço do bicho para não cair. Perdera completamente o senso de equilíbrio. Ele sentiu quando Marlon jogou a toalha que havia usado para cobrir a pedra para o piquenique sobre os seus ombros antes de perder a consciência novamente.


O caminho pela Floresta Escura foi mais demorado agora que o cavalo carregava um peso maior e Marlon parava constantemente para ter certeza de que Thierry estava seguro sobre o animal e não cairia. Vez ou outra, Marlon usava a tolha para secar as gotas de suor que brotavam na testa doentiamente pálida de Thierry e entrava em desespero ao perceber que a febre não cessara. Ele chegou até a pensar em tirar o cobertor de cima de Thierry, mas, ao vê-lo tremer de frio, perguntava-se se realmente deveria fazer aquilo.


O percurso foi todo assim: a febre de Thierry era alta e ele suava. O suor aliado ao vento gelado contribuía ainda mais para o frio causado pela febre e ele tremia. O tremor desesperava Marlon que tomara para si a responsabilidade pelo que acontecera e que quase era capaz de sentir as mesmas coisas que Thierry apesar de nunca ter ficado doente na vida.


Assim que a Floresta Escura ficou para trás e o espaço tornou-se suficientemente amplo para que ele pudesse cavalgar, Marlon subiu no cavalo e, prendendo o corpo inconsciente de Thierry entre seus braços, forçou-o a correr com o máximo de velocidade de que era capaz.


- Você não vai morrer. Eu juro. - ele sussurrava para Thierry mesmo sabendo que ele não o ouvia. - Eu não vou deixar.

O Mundo Que As Sombras EscondemOnde histórias criam vida. Descubra agora