Seis anos depois...
Thierry estava usando sua melhor roupa para o baile na casa de seus vizinhos. Os novos moradores da região resolveram dar uma festa para apresentarem-se e, principalmente, apresentar sua filha, que acabara de completar quinze anos.
- Tenho certeza de que se encantará por ela, meu filho. É a dama mais bela e bem educada que já tive o prazer de conhecer. - falou o pai de Thierry, senhor Laforet, enquanto ajustava a roupa de sua filha mais nova. Como seu pai era o maior alfaiate da cidade, Thierry e suas irmãs sempre andavam bem vestidos para qualquer lugar que fossem. - Faço questão de que a conheça esta noite. Sei que irá adorá-la também.
- E vocês casarão e terão lindos filhos e filhas. - suspirou Nicole. Violeta sorriu com jeito sonhador da caçula.
- Tudo bem, pai. Como quiser. - ele respondeu sem desviar os olhos do buquê de flores em sua mão que entregaria para a tão encantadora filha dos Bovary.
- Não fale assim, Thierry, ou vai parecer que não deseja casar-se. - recomendou a primogênita.
Thierry concordou com a cabeça e levantou-se da poltrona onde estava sentado com um movimento brusco.
- Vou esperá-los lá fora. - anunciou, encaminhando-se para a porta.
Thierry caminhou pelo enorme jardim da casa quase que inconscientemente, aproveitando para observá-la melhor. Segundo seu pai, ele a herdaria quando este morresse. Thierry mal podia esperar. Não para ter a casa em seu nome, mas para livrar-se de seu pai. Ele já não aguentava mais conversas sobre como administrar a loja, ou a casa, ou o dinheiro, ou o seu futuro casamento.
Soltou um longo suspiro e esperou com os braços cruzados na altura do peito. Seus pés batiam rápida e violentamente no chão para aliviar sua falta de paciência. Alguns minutos depois, os três outros integrantes da família saíram da casa e subiram, junto com Thierry, na carruagem em direção à propriedade dos Bovary.
A casa era duas ou três vezes maior do que a em que Thierry vivia e a área ao redor estendia-se até muito depois de onde a vista alcançava. Uma casa bonita e moderna para os padrões da época. Thierry não achou grande coisa, mas suas irmãs estavam encantadas com tudo que seus olhos eram capazes de ver em meio a uma pequena multidão de pessoas que rodeava a casa para apreciar a arquitetura e ter algum assunto para discutir com o anfitrião mais tarde.
Eles entraram no salão e se deparam com várias pessoas dançando e sorrindo. Segundo o pai de Thierry, nenhuma delas era da família Bovary.
- Ali estão eles. - sorriu o senhor Laforet. - Vamos cumprimentá-los.
Dito isso, ele caminho com Violeta até os anfitriões. Thierry ficou parado com o braço de Nicole enganchado à parte interna de seu cotovelo.
- Vai ficar aqui parado? - Nicole perguntou com uma voz preocupada. - Não a achou bonita? Não precisa casar-se com ela se não for sua vontade. Tenho certeza de que existem muitas outras senhoritas interessadas em você.
- Não é isso, Nicole.
- Então, o que tanto o incomoda?
Thierry suspirou e deixou a irmã sem resposta quando começou a seguir seu pai e Violeta em direção a um casal sorridente e sua bela filha três anos mais nova que ele. A esposa era alguns centímetros mais alta que o marido e infinitamente mais bem apessoada com seus olhos verdes sutilmente inclinados para cima e seus cabelos castanhos muito escuros e compridos. A única coisa que salvava a aparência do senhor Bovary era o seu belo par de olhos de cor violeta aos quais a filha havia herdado
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O Mundo Que As Sombras Escondem
FantasiO mundo está longe de ser como você imagina. Não significa que porque você nunca viu algo que ele necessariamente não exista. Sou a prova viva disso. Mas vamos ao que realmente interessa, pois esta história não se trata apenas de um mundo do q...