Menace

14 3 0
                                    

Marlon e Henry (que supostamente via uma bela mulher de pescoço atraente no lugar de Nicole) fingiram entrar em transe simultaneamente ao notarem que a sereia os observava. Eles não precisaram combinar nada com antecedência. Simplesmente sabiam que deveriam aproximar-se o máximo possível sem que ela percebesse que não eram Normais.


O lobisomem tentou seu melhor sorriso bobo e o vampiro teve que esforçar-se para caminhar lentamente mesmo sentindo o cheiro de sangue humano recente que saía da boca da sereia enquanto ela cantava uma música que ele aprendera antes mesmo de saber falar direito.


Marlon continuou arrastando as pernas até a falsa Nicole, mas parou assim que seus pés tocaram a margem do lago, pois não demoraria muito para que a sereia sentisse o gosto de lobisomem na água. Entendendo que chegara a sua hora de agir, Henry correu o mais rápido de que era capaz e deu um bote no pescoço da sereia sem aproveitar para mordê-la como ele normalmente faria com qualquer outro. Apenas pelo cheiro, ele sabia o que o aguardava naquele pescoço cheio de guelras. O gosto do sangue das sereias só não era mais amargo do que o das fadas. Apenas vampiros extremamente famintos ousariam provar daquele sabor horrendo.


- Não a machuque, vampiro. - gritou Marlon da margem do lago. - Traga-a até aqui para que possamos ter uma conversa descente.


Henry revirou os olhos.


- Detesto quando me chama de vampiro. Sabe muito bem qual o meu nome.


- Prefiro fingir que não o conheço. Evita que eu o odeie ainda mais.


A sereia debateu-se nos braços de Henry enquanto ele a arrastava pela água até terra firme.


- Deveria ter trazido sua amiga bruxa. O nosso trabalho seria muito mais rápido com o auxílio dela.


- Sabe bem que eu jamais exporia Juliet a você. Como ela se defenderia se os poderes dela não surtem qualquer efeito em vampiros? Seria apenas mais alguém com quem preocupar-me.


Henry chapinhou na água enquanto arrastava a sereia que se debatia enlouquecidamente, mas se recusava a gritar por ajuda. Marlon sabia que ela não arriscaria a vida de suas companheiras. Havia um pacto de lealdade entre as sereias. O mesmo pacto que penalizaria com a morte o tritão de Corina caso alguma delas soubesse o que ele fizera.


- Então, quer dizer que há mais alguém com quem se preocupa neste momento? - perguntou Henry. Marlon percebeu que falara mais do que deveria.


- Falava de mim mesmo, vampiro. - mentiu.


- O conheço bem o suficiente para saber que não teme por sua vida. Não quando está perto de mim. Pode até negar, não querer ou não gostar da ideia, mas a verdade é que ainda confia muito na minha pessoa.


Marlon tirou uma corda resistente do saco de couro que Jacques lhe dera. A ideia de amarrar a sereia não o agradava, mas estava certo que nem mesmo Henry com toda sua velocidade seria capaz de recuperá-la caso ela conseguisse voltar livremente para o lago.


- Isso não importa agora. - com a ajuda de Henry, Marlon amarrou os braços da sereia e suas pernas assim que elas surgiram ao mesmo tempo em que a aparência de Nicole e a calda a abandonavam. - Temos uma missão para concluir.


- Pretende interrogá-la? - perguntou o vampiro, parecendo incrédulo.


- Funcionou muito bem da última vez. - defendeu-se Marlon, mas quando olhou a expressão séria da capturada, ficou em dúvida sobre a eficiência de seu método.


- Da última vez estava acompanhado por uma bruxa e não estava cercado por um lago infestado de sereias, suponho.


- Bem... Sim. - admitiu.

O Mundo Que As Sombras EscondemOnde histórias criam vida. Descubra agora