Vinícius
Desmonto do cavalo, entrando no Casarão.
Já escureceu e sigo para o meu quarto. Tomo uma ducha e troco de roupa, vestindo uma calça jeans preta, tênis e uma camiseta xadrez.
Caminho até à sala de jantar, encontrando o resto do pessoal. Eles estão conversando, enquanto a refeição não é servida.
— Oi, maninho. — Amanda sorri para mim e eu retribuo o sorriso, embora ainda esteja um pouco tenso depois do meu encontro com Aninha no galpão. Não consigo tirá-la da cabeça e isso me deixa louco de raiva. Não era pra ser assim. Nunca senti nada parecido por nenhuma garota, ainda mais tanto prazer na hora do sexo.
Afasto esses pensamentos e inicio uma conversa com o Gustavo. Percebo o olhar desconfiado de Victória sobre mim do outro lado da mesa. Viro o rosto, vendo-a cochichar algo com sua amiga Raquel antes de me encarar novamente.
— Onde você estava, Vini? Ficou sumido durante horas — ela fala em alto e bom som.
Todos prestam atenção na nossa conversa.
— Não é da sua conta! — disparo e Gustavo disfarça a risada com uma tosse.
Victória o fuzila com o olhar antes de voltar os olhos para mim.
Só me faltava essa!
— Desculpa — murmura com a voz fria. — Não quis te irritar.
— Mas irritou — replico.
— Quando o jantar será servido, Maria? — minha mãe nos interrompe, falando com uma das empregadas.
— Agora mesmo, senhora. Apressarei os outros empregados, com licença. — ela se retira.
Logo depois o jantar é servido e parece que todos esquecem as farpas trocadas entre mim e Victória.
— Conversei com o pessoal e estávamos pensando em dar uma festa aqui depois de amanhã. — Luan chama a atenção de todos. — Tudo bem para o senhor? — encara o meu pai.
Ele havia mesmo falado sobre a tal festa hoje de manhã, mas eu estava distraído demais pensando na Aninha pra dar importância a isso.
— Tudo bem. — meu pai assente. Luan sorri animado junto com o pessoal. Permaneço na minha. — Eu estava mesmo pensando em jantar fora nesse dia com Laura e ficarmos em uma pousada por lá.
— Valeu, tio. De verdade. — Luan agradece, depois sorri para a Sol. Parece que eles têm um lance, sei lá.
— Disponha, rapaz.
— Que horas? — questiono, distraído. Eu não havia prestado muita atenção nesse detalhe.
— Às dez da noite — diz Gustavo.
— Quem vai trazer as bebidas?
— Eu cuido das bebidas. Com a ajudinha das garotas, é claro. — Eduardo murmura divertido, arrancando risada das meninas.
— Eu vou comprar as carnes na cidade. Se você quiser ir junto... — Luan me encara.
— Conta comigo.
— Eu vou gerenciar os empregados. — Vic empina o nariz. — Alguém tem que colocar essa corja de vagabundo pra trabalhar. — minha mãe e Raquel acham graça do comentário, e os funcionários ao redor da mesa ficam constrangidos.
Minha irmã fuzila Victória com o olhar e a mesa fica em silêncio.
— Você é tão desagradável, Victória. Não pode tratar as pessoas assim — diz Amanda.
Victória apenas dá de ombros, nem um pouco arrependida.
— Peço mil desculpas, por ela. Isso não vai mais se repetir — Amanda fala com os empregados. Uns assentem, outros desviam o olhar provavelmente com medo da minha mãe. — Não é mesmo, Vic?
— Claro — a outra replica com um sorriso falso, olhando para as unhas, despreocupada.
Recosto-me na cadeira, sentindo pela primeira vez algo parecido com pena pelos funcionários. Não entendo esse sentimento já que nunca o senti antes. Na verdade, tudo está muito confuso na minha cabeça desde que conheci a Ana Clara.
O comentário de Victória parece ser esquecido quando minha mãe ordena que a mesa seja retirada, mas não sem antes lançar um olhar de reprovação para a minha irmã.
Após o jantar, seguimos até a varanda.
Sinto os meus músculos cansados e me afasto dali, procurando um lugar para fumar em paz.
Lanço um olhar para a floresta, imaginando o que a selvagem tá fazendo nesse momento.
Cerro os punhos com raiva ao me pegar pensando nela de novo.
Merda!
Ela é só uma transa. Muito gostosa a propósito, mas continua sendo uma transa. — tento me convencer.
— E aí. Vai me contar o que tá rolando? — Gustavo surge ao meu lado.
Observamos o pessoal conversando animadamente na varanda, inclusive o meu pai. Eles dão risada de alguma coisa que não consigo entender.
Respiro fundo antes de contar absolutamente tudo, fazendo o cara arregalar os olhos, surpreso.
— Então quer dizer que você está pegando uma pobretona por essas bandas? — ri.
Apesar de ser um dos menos preconceituosos do grupo, com relação à classe social, Gustavo também foi um pouco influenciado pelos pais ricos e esnobes.
— É sério. A coitada acha que eu vou me casar com ela, você acredita? — gargalho dessa vez.
Ele também sorri.
— Essas garotas de hoje em dia pensam que uma transa é suficiente para nos amarrar.
— Tem razão, mas, no meu caso, só falei isso pra ficar curtindo com ela enquanto estou aqui.
— Você não presta, cara. — ele ri e bate no meu ombro.
— Azar o dela que entrou no meu caminho — murmuro friamente. — Se eu fosse bom, sentiria pena dela, mas essa palavra não existe no meu vocabulário.
— Deu pra perceber. — balança a cabeça, e eu termino de fumar.
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A Redenção Do Bad Boy
RomanceAté que ponto o amor pode ser destrutivo? A ingênua Ana Clara de 16 anos não pensou nisso quando se envolveu com Vinícius de Albuquerque Velásquez, um jovem rico da cidade grande. Ela só não esperava que ele se mostrasse tão cruel. Agora grávida, e...