c a p í t u l o 18🌻

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Ana Clara

23h12min

Eu me arrumo apressadamente, evitando fazer barulho.

Minha vó nem sonha que vou a essa festa e já deve está dormindo. Visto um conjunto de calcinha e sutiã preto e coloco o meu vestido. Olho-me no pequeno espelho da porta do guarda-roupa e sorrio com o resultado. Ficou bom.

Procuro minhas rasteirinhas em baixo da cama e as calço. Penteio o cabelo e deixo os meus longos cachos soltos. Ponho o pequeno colar que ganhei da minha vó de presente e que sempre ficou guardado. E por fim, passo um pouco de brilho labial.

Dou uma espiada na casa e noto que a vovó está realmente dormindo. Observo o relógio e me assusto ao notar que já são 23h30.

Saio sorrateiramente pela janela do meu quarto e a encosto em seguida, tomando cuidado para não rasgar o vestido ou fazer barulho. Como estou com a minha pequena lanterna, corro mata adentro com certo medo, até porque não se pode confiar em nada a essa hora da noite. Sei que vou suar, mas em compensação consigo chegar ao meu destino rapidamente.

A Fazenda Velásquez logo dá às caras e já é possível se ouvir a música sertaneja tocando alto. Ouço gargalhadas à distância e gritos animados.

Ultrapasso a cerca e entro na Fazenda em seguida, tomando cuidado para não ser vista pelos seguranças. O casarão está iluminado, mas noto que não há ninguém em frente. Todos devem estar na área dos fundos, onde fica a piscina.

Sigo pela lateral do casarão até ver uma grande movimentação de jovens por ali. A maioria está bebendo e dançando, enquanto outros mergulham na piscina iluminada. O barulho de música sertaneja está mais estridente e todos parecem distraídos.

Eu me aproximo com cautela, procurando o Vinícius com os olhos.

Não encontro nenhuma pista dele.

Por sorte, não vejo dona Laura, apenas Mariana e Bianca servindo os convidados com os outros empregados. Maria está próxima à porta dos fundos e tenho vontade de ir até ela, mas permaneço no mesmo lugar com medo de chamar atenção.

Vejo a mesma garota branquinha que vi conversando com a loira outro dia, e outras pessoas desconhecidas. Acho que o Vinícius não vai aparecer e tento disfarçar a decepção.

Dou meia volta, pronta para voltar para casa, mas travo em seguida.

— Oi. — uma voz masculina chama a minha atenção e viro o rosto, encontrando um par de olhos azuis sobre mim.

Observo o garoto loiro, que deve ter a idade do Vinícius e percebo que está vestindo uma camiseta xadrez e uma calça jeans. Ele leva um copo com alguma bebida à boca, ainda me observando.

Enrubesço e fico com um pouco de receio que ele possa me denunciar pra dona Laura.

— Eu já estava de saída. — desvio o olhar, encabulada. — Nem deveria ter vindo.

— Mas veio, e agora vai ficar — diz divertido e oferece a mão em cumprimento. — Me chamo Eduardo, e você?

— Ana Clara. — retribuo o cumprimento meio sem jeito e ele sorri.

Confesso que o achei bonito e a sua reação me surpreendeu, já que eu esperava que ele me enxotasse daqui. Mas muito pelo contrário, ele está me tratando de igual para igual, sem o desprezo a que estou acostumada.

— Então, já vou indo...

— Não, nada disso. — ele segura minha mão com gentileza. — Sou amigo do filho do dono e estou te convidando para entrar. Não aceito recusas. — ele me encara intensamente, e eu coro.

A Redenção Do Bad BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora