Ana Clara
23h12min
Eu me arrumo apressadamente, evitando fazer barulho.
Minha vó nem sonha que vou a essa festa e já deve está dormindo. Visto um conjunto de calcinha e sutiã preto e coloco o meu vestido. Olho-me no pequeno espelho da porta do guarda-roupa e sorrio com o resultado. Ficou bom.
Procuro minhas rasteirinhas em baixo da cama e as calço. Penteio o cabelo e deixo os meus longos cachos soltos. Ponho o pequeno colar que ganhei da minha vó de presente e que sempre ficou guardado. E por fim, passo um pouco de brilho labial.
Dou uma espiada na casa e noto que a vovó está realmente dormindo. Observo o relógio e me assusto ao notar que já são 23h30.
Saio sorrateiramente pela janela do meu quarto e a encosto em seguida, tomando cuidado para não rasgar o vestido ou fazer barulho. Como estou com a minha pequena lanterna, corro mata adentro com certo medo, até porque não se pode confiar em nada a essa hora da noite. Sei que vou suar, mas em compensação consigo chegar ao meu destino rapidamente.
A Fazenda Velásquez logo dá às caras e já é possível se ouvir a música sertaneja tocando alto. Ouço gargalhadas à distância e gritos animados.
Ultrapasso a cerca e entro na Fazenda em seguida, tomando cuidado para não ser vista pelos seguranças. O casarão está iluminado, mas noto que não há ninguém em frente. Todos devem estar na área dos fundos, onde fica a piscina.
Sigo pela lateral do casarão até ver uma grande movimentação de jovens por ali. A maioria está bebendo e dançando, enquanto outros mergulham na piscina iluminada. O barulho de música sertaneja está mais estridente e todos parecem distraídos.
Eu me aproximo com cautela, procurando o Vinícius com os olhos.
Não encontro nenhuma pista dele.
Por sorte, não vejo dona Laura, apenas Mariana e Bianca servindo os convidados com os outros empregados. Maria está próxima à porta dos fundos e tenho vontade de ir até ela, mas permaneço no mesmo lugar com medo de chamar atenção.
Vejo a mesma garota branquinha que vi conversando com a loira outro dia, e outras pessoas desconhecidas. Acho que o Vinícius não vai aparecer e tento disfarçar a decepção.
Dou meia volta, pronta para voltar para casa, mas travo em seguida.
— Oi. — uma voz masculina chama a minha atenção e viro o rosto, encontrando um par de olhos azuis sobre mim.
Observo o garoto loiro, que deve ter a idade do Vinícius e percebo que está vestindo uma camiseta xadrez e uma calça jeans. Ele leva um copo com alguma bebida à boca, ainda me observando.
Enrubesço e fico com um pouco de receio que ele possa me denunciar pra dona Laura.
— Eu já estava de saída. — desvio o olhar, encabulada. — Nem deveria ter vindo.
— Mas veio, e agora vai ficar — diz divertido e oferece a mão em cumprimento. — Me chamo Eduardo, e você?
— Ana Clara. — retribuo o cumprimento meio sem jeito e ele sorri.
Confesso que o achei bonito e a sua reação me surpreendeu, já que eu esperava que ele me enxotasse daqui. Mas muito pelo contrário, ele está me tratando de igual para igual, sem o desprezo a que estou acostumada.
— Então, já vou indo...
— Não, nada disso. — ele segura minha mão com gentileza. — Sou amigo do filho do dono e estou te convidando para entrar. Não aceito recusas. — ele me encara intensamente, e eu coro.
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A Redenção Do Bad Boy
RomanceAté que ponto o amor pode ser destrutivo? A ingênua Ana Clara de 16 anos não pensou nisso quando se envolveu com Vinícius de Albuquerque Velásquez, um jovem rico da cidade grande. Ela só não esperava que ele se mostrasse tão cruel. Agora grávida, e...