c a p í t u l o 1🌻

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As coisas acontecem
E temos só que esperar
Tudo está escrito
Em algum lugar
Mas ninguém pode ler
Melhor assim
Deixe acontecer

André L.A. Pimenta


🍒🍒🍒🍒🍒

Ana Clara

— Ana Clara! — O grito da minha vó me faz espiar a janela da pequena casa de madeira.

A senhora de cabelos brancos e o rosto um pouco maltratado pelas linhas de expressão tem os cotovelos apoiados sobre o parapeito.

— Senhora!

— Você precisa buscar a comida.

— Já estou indo. — Eu me empurro para fora da rede no quintal. Calço o par de chinelas gastas, seguindo por entre a mata.

As árvores da pequena floresta me rodeiam conforme sigo pela trilha de terra. O cheiro das flores e de mato me recebe e o barulho dos bem-te-vis me faz sorrir.

Amo esse lugar, de verdade.

Eu poderia dar diversos nomes a essa parte tão pequena do coração de Minas Gerais, mas acho que paraíso soaria perfeito. Desde pequena, vivo com a minha vó no meio do campo. Estamos literalmente rodeadas pelas árvores, e também temos a famosa estradinha de terra, os lagos e riachos da região.

Os nossos vizinhos mais próximos estão a grandes metros de distância, levando-se em conta que nessa grande área rural, as casas são distantes uma das outras: esses são os moradores da vila vizinha e os fazendeiros ricos da região para quem não existimos.

Eu nem percebi que havia corrido tanto até chegar em frente à zona de perigo: a cerca que separa a área entre a floresta e a imponente Fazenda Velásquez.

Ela é intimidante com o seu casarão com paredes altas e a escadaria entre duas janelas enormes, uma de cada lado. Parece mais uma mansão do que qualquer outra coisa. Os trabalhadores de esforçam na lida e eu vejo uma quantidade enorme de gado por ali, pastando do outro lado, onde há um campo aberto e verdejante.

Fora os pilares brancos ao lado do casarão, algumas árvores enormes abraçam a construção de forma íntima e isso me encanta e assusta ao mesmo tempo.

Fora os pilares brancos ao lado do casarão, algumas árvores enormes abraçam a construção de forma íntima e isso me encanta e assusta ao mesmo tempo

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A cerca tem diversos metros, delimitando a área da família, e eu consigo ultrapassá-la devido ao meu corpo pequeno e magro.

Tenho que ser o mais discreta possível. — penso conforme sigo pela lateral do casarão até à cozinha dos fundos.

Quando já estou perto o suficiente, Maria, uma das cozinheiras, acena com a mão para eu me aproximar.

— Oi, Maria. — Eu me aproximo da senhora gordinha e negra próxima à entrada da cozinha.

— Oi, Aninha. Veio buscar comida?

— Sim.

— Espere aí. Guardei um pouco do que sobrou do almoço.

— Obrigada! — Sorrio, olhando ao redor.

Maria é uma pessoa muito gentil. Desde que a minha vó não pôde mais trabalhar devido à idade, ela tem nos ajudado. É claro que tudo às escondidas, já que a família Velásquez é bem rígida com os seus funcionários e não permitiria esse tipo de coisa.

Então quase todos os dias eu saio de casa nesse mesmo horário e venho buscar comida.

Certa vez, até tentei pedir emprego aqui na fazenda, mas a senhorita Laura, dona disso tudo, não permitiu dizendo que não aceitava selvagens por aqui. Na verdade eu não consigo emprego em lugar nenhum do pequeno vilarejo dessa parte do Sul de Minas, pois as pessoas nunca contratam menores de idade por medo da justiça ou porque simplesmente não tem dinheiro para me pagarem pelo serviço.

— Está aqui a sua comida. — Maria me entrega um recipiente médio e o cheiro parece delicioso. Sorrio agradecida e o meu estômago ronca, fazendo a senhora rir.

— Me desculpe. — Coro.

— Não se preocupe, menina. Vá com Deus. — Sorri. — Mas se apresse porque os patrões estão pra chegar. Parece que foram buscar os filhos no aeroporto.

— Eita, é melhor eu me apressar mesmo — murmuro, assustada. — Até logo, Maria. Obrigada pela comida.

— De nada. Tchau. — Ela me abraça e eu corro dali o mais rápido possível.

Se a dona Laura me pegar por aqui, ela é capaz de arrancar o meu couro.

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Espero que estejam gostando, amores😊🙄❤

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A Redenção Do Bad BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora