Ana Clara
Saio de casa, dia seguinte, em direção à imponente e orgulhosa fazenda Velásquez. Espero que o Vinícius ou a dona Laura não me vejam por lá.
Eu me aproximo da porteira e me surpreendo quando os seguranças liberam minha entrada. Agradeço mentalmente a Amanda por ter ajudado nisso.
Diferente do irmão, ela é uma pessoa muito boa.
Corro para a área dos fundos do casarão, entrando na cozinha. Maria sorri ao me vê e se afasta do fogão. Ainda bem que ela está sozinha na cozinha. Os outros funcionários provavelmente estão ocupados com outra coisa.
— Oi, Aninha.
— Oi, Maria. Tudo bem? — mexo nos bolsos do meu short, desconfortável.
— Tudo ótimo. Como você está? E sua vó?
— Estamos muito bem.
Fico calada por um tempo com vergonha de pedir, mas finalmente abro a boca:
— A senhora pode me dar um pouco de comida?
Ela me olha triste, mas logo abre um sorriso. Acho que já percebeu minha situação.
— Mas é claro. Por que não pediu antes? — ela enche um recipiente grande de comida e o cheiro chega até mim.
— Fiquei com um pouco de vergonha — confesso, encabulada.
— Não sinta, querida. Sempre que quiser comer, pode vir aqui, certo?
— Sim, muito obrigada. — ela me entrega o recipiente e lhe dou um abraço sincero de agradecimento.
— De nada, Aninha. Que Deus te proteja. Mande um beijo para sua avó.
— Mandarei sim, Maria. Depois eu trago a vasilha. Fique com Deus — murmuro antes de correr em direção ao caminho de casa.
Freio os meus passos e o meu coração acelera ao ver a dona Laura conversando com a Victória. Elas parecem distraídas e não tem como não me verem caso eu resolva passar por elas.
E agora, meu Deus?!
Penso em uma saída, então tenho uma ideia.
Desvio do meu caminho habitual e corro pela lateral do casarão. Eu vou ficar escondida aqui até as duas saírem de lá. Fico atrás de uma coluna enorme e percebo vozes perto de mim. Fico atenta e meu coração acelera quando ouço a voz do Vinícius.
Ele não pode me ver aqui!
— Você não acha que tá na hora de contar isso pra ela? Pelo menos você volta pra BH com a consciência limpa. — ouço a voz do Gustavo, mas não entendo o teor da conversa. De quem eles estão falando?
— Se eu contar, ela vai sofrer ainda mais, cara. Acho melhor eu ir embora desse lugar e esquecer isso.
— Você tem certeza que vai conseguir esquecer? Você até prometeu casamento pra ela!
Nesse momento fico ainda mais atenta à conversa e sinto um pressentimento muito ruim.
— Eu sei. — suspira. — Ana Clara é tão doce e vai me achar um monstro se eu resolver contar que ela foi só mais uma na minha lista e que a história do casamento foi só uma farsa pra eu me aproveitar dela antes de voltar pra BH. Você acha que ela vai reagir como?
Prendo a respiração nesse momento, sentindo meu coração se estilhaçar em ainda mais pedaços. Não acredito!
Decido deixar meu esconderijo e me mostro finalmente.
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A Redenção Do Bad Boy
Roman d'amourAté que ponto o amor pode ser destrutivo? A ingênua Ana Clara de 16 anos não pensou nisso quando se envolveu com Vinícius de Albuquerque Velásquez, um jovem rico da cidade grande. Ela só não esperava que ele se mostrasse tão cruel. Agora grávida, e...