Vinícius
Estou deitado no sofá, assistindo TV, quando ouço gritos lá fora. Levanto de um pulo, seguindo até a varanda do casarão. Gustavo vem logo atrás com Amanda e minha mãe. Meu pai tá na cidade e não tem hora pra voltar.
— Que porra é essa?! — questiono, furioso com o barulho.
— O que está acontecendo aqui? — minha mãe se irrita ao meu lado e Amanda arregala os olhos ao ver alguma coisa.
Sigo a direção do seu olhar, ficando boquiaberto quando uma senhora de idade entra na fazenda aos gritos. Os seguranças parecem confusos e a seguem. Com certeza a conhecem, senão teriam barrado. Mas a surpresa é maior quando vejo Ana Clara um pouco mais atrás com o rosto assustado.
Merda! Acho que a senhora é a avó dela.
Fico desconfortável e Gustavo me lança um olhar significativo. Victória sai do casarão, confusa, e bufa de raiva ao ver a cena. Debruço-me no parapeito e fico observando a senhora se aproximar com a Ana Clara. Os empregados observam a cena, curiosos.
— Cadê o canalha que desgraçou a vida da minha neta? — a senhora grita transtornada, passando os olhos na gente.
— De quem a senhora está falando? — Amanda pergunta, confusa.
— Vinícius é o nome dele — diz, fazendo todos os olhares se voltarem na minha direção.
— O que a senhora quer comigo? — eu me pronuncio finalmente e a senhora me lança um olhar de raiva e mágoa. Não vacilo em nenhum momento. Observo Ana Clara, mas ela desvia o olhar para algum ponto aos seus pés.
— Então você é o desgraçado que se aproveitou da inocência da minha Ana Clara?!
— Olha como fala do meu filho, sua velha! — minha mãe se envolve na discussão. — Quem você pensa que é pra invadir minha propriedade dessa forma, velha mentirosa?!
— Não estou falando nenhuma mentira. — a senhora diz, abalada. — Seu filho prometeu casamento à minha neta e se aproveitou dela no fim das contas!
Victória me lança um olhar cheio de raiva, mas eu a ignoro. Dessa parte ela não sabia. Amanda por sua vez me observa com incredulidade e confusão.
Encaro a senhora com firmeza.
— E daí? — minha mãe dá um sorrisinho de deboche. — Se alguém aqui errou foi sua neta que acreditou no meu filho.
— Nada disso! — eu me espanto com a voz de Ana Clara. — Não tive culpa nenhuma. Ele que me enganou desde o começo. Acreditei nele porque o amo. — vejo lágrimas nos seus olhos e isso é como uma facada no meu peito.
— Cala a boca, caipira nojenta! — minha mãe grita fora de si. — Saia daqui com essa velha e pare de incomodar minha família. Já aturo você vir pegar comida aqui, mas isso é demais!
— Mamãe... — Amanda tenta intervir, mas é silenciada por um gesto das mãos de Laura.
— Quieta, Amanda! Isso não lhe diz respeito.
— Não sairemos até que seu filho ouça o que temos a dizer — a avó de Aninha diz.
— Fale logo de uma vez o que você quer comigo! Se for dinheiro, dou sem problema. — eu me pronuncio de forma impassível.
Minha irmã e Ana Clara me encaram chocadas. Victória dá uma risadinha ao meu lado.
— Só quero te falar umas boas verdades, menino. Não quero seu dinheiro sujo — diz a senhora com raiva. — Você se aproveitou da ingenuidade da minha neta e agora ela está carregando uma criança no ventre, canalha! — grita a última parte.
Juro que ouço vários suspiros de espanto, mas meu cérebro não consegue captar a mensagem direito.
O quê?! Ana Clara está...grávida?!
Não pode ser!
— Que porra você tá dizendo?! — sinto meu coração acelerar e acho que entendi errado o que ela disse.
— É isso que você ouviu. Ana Clara está grávida!
— E quem garante que é meu? — rujo sem paciência, notando que os olhos de Ana Clara se enchem de lágrimas. Droga, eu não queria ter dito isso, mas não consigo assimilar a ideia de um filho.
— Meu filho está certo — diz minha mãe, recuperando-se do choque. — Quem garante que o filho é dele?
— Eu garanto. — diz Ana Clara me olhando, magoada. — Você sabe que essa criança que estou esperando é sua. Mas como é um canalha vai rejeitá-la assim como rejeitou a mim.
— Calma, querida. — a avó tenta acalmá-la enquanto ela chora.
Passo a mão no rosto, frustrado e louco de confusão.
Observo a barriga ainda plana de Ana Clara e fico imaginando uma criança ali dentro; uma semente que eu próprio coloquei dentro dela. Porra, isso é tão confuso!
— Você pensa que sou o quê? Um idiota que vai cair nesse seu papinho furado de gravidez?! Me poupe, garota! — digo com sarcasmo. — E se esse filho for realmente meu, quem se importa? Não tô nem aí, se vira! — falo sem pensar com o maxilar apertado e ela me olha cada vez mais triste.
— Saiam daqui. Vou chamar os seguranças. — minha mãe sentencia enquanto eu ando de um lado para o outro na varanda.
— Nós já vamos. Não precisa chamar ninguém. — a senhora diz e caminha em direção à saída com a neta. Os seguranças as acompanham e antes de ir, Ana Clara olha para trás... na minha direção.
Meu peito se aperta e sinto um nó na garganta com o seu olhar vazio e magoado para mim. Dessa vez tenho certeza que a destruí.
🍁
Entro no meu quarto, sendo seguido por Amanda. Ela me observa, incrédula e com raiva. Reviro os olhos ainda abalado com o que aconteceu minutos atrás e sento na cama.
— Não acredito que você fez isso com a menina, Vinícius! — ela grita e faço uma careta pelo barulho. — Eu a conhecia. Eu a vi na cozinha com a Maria um dia desses e percebi que ela é uma pessoa maravilhosa. Tadinha. — diz Amanda com os olhos cheios de lágrimas e me dói vê-la assim. — Ela tá grávida e não merecia ouvir aquelas barbaridades. Nunca pensei que você agiria assim com uma pessoa, irmão.
— Amanda, me perdoa, eu...
— A única pessoa que você tem que pedir perdão já foi pra casa, destruída, e ainda por cima grávida de um filho seu!
Não falo nada, pois ela tem razão. Fiz uma cagada das grandes dessa vez e acho que não tem volta.
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A Redenção Do Bad Boy
RomansaAté que ponto o amor pode ser destrutivo? A ingênua Ana Clara de 16 anos não pensou nisso quando se envolveu com Vinícius de Albuquerque Velásquez, um jovem rico da cidade grande. Ela só não esperava que ele se mostrasse tão cruel. Agora grávida, e...