c a p í t u l o 39🌻

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Vinícius

Estou deitado no sofá, assistindo TV, quando ouço gritos lá fora. Levanto de um pulo, seguindo até a varanda do casarão. Gustavo vem logo atrás com Amanda e minha mãe. Meu pai tá na cidade e não tem hora pra voltar.

— Que porra é essa?! — questiono, furioso com o barulho.

— O que está acontecendo aqui? — minha mãe se irrita ao meu lado e Amanda arregala os olhos ao ver alguma coisa.

Sigo a direção do seu olhar, ficando boquiaberto quando uma senhora de idade entra na fazenda aos gritos. Os seguranças parecem confusos e a seguem. Com certeza a conhecem, senão teriam barrado. Mas a surpresa é maior quando vejo Ana Clara um pouco mais atrás com o rosto assustado.

Merda! Acho que a senhora é a avó dela.

Fico desconfortável e Gustavo me lança um olhar significativo. Victória sai do casarão, confusa, e bufa de raiva ao ver a cena. Debruço-me no parapeito e fico observando a senhora se aproximar com a Ana Clara. Os empregados observam a cena, curiosos.

— Cadê o canalha que desgraçou a vida da minha neta? — a senhora grita transtornada, passando os olhos na gente.

— De quem a senhora está falando? — Amanda pergunta, confusa.

— Vinícius é o nome dele — diz, fazendo todos os olhares se voltarem na minha direção.

— O que a senhora quer comigo? — eu me pronuncio finalmente e a senhora me lança um olhar de raiva e mágoa. Não vacilo em nenhum momento. Observo Ana Clara, mas ela desvia o olhar para algum ponto aos seus pés.

— Então você é o desgraçado que se aproveitou da inocência da minha Ana Clara?!

— Olha como fala do meu filho, sua velha! — minha mãe se envolve na discussão. — Quem você pensa que é pra invadir minha propriedade dessa forma, velha mentirosa?!

— Não estou falando nenhuma mentira. — a senhora diz, abalada. — Seu filho prometeu casamento à minha neta e se aproveitou dela no fim das contas!

Victória me lança um olhar cheio de raiva, mas eu a ignoro. Dessa parte ela não sabia. Amanda por sua vez me observa com incredulidade e confusão.

Encaro a senhora com firmeza.

— E daí? — minha mãe dá um sorrisinho de deboche. — Se alguém aqui errou foi sua neta que acreditou no meu filho.

— Nada disso! — eu me espanto com a voz de Ana Clara. — Não tive culpa nenhuma. Ele que me enganou desde o começo. Acreditei nele porque o amo. — vejo lágrimas nos seus olhos e isso é como uma facada no meu peito.

— Cala a boca, caipira nojenta! — minha mãe grita fora de si. — Saia daqui com essa velha e pare de incomodar minha família. Já aturo você vir pegar comida aqui, mas isso é demais!

— Mamãe... — Amanda tenta intervir, mas é silenciada por um gesto das mãos de Laura.

— Quieta, Amanda! Isso não lhe diz respeito.

— Não sairemos até que seu filho ouça o que temos a dizer — a avó de Aninha diz.

— Fale logo de uma vez o que você quer comigo! Se for dinheiro, dou sem problema. — eu me pronuncio de forma impassível.

Minha irmã e Ana Clara me encaram chocadas. Victória dá uma risadinha ao meu lado.

— Só quero te falar umas boas verdades, menino. Não quero seu dinheiro sujo — diz a senhora com raiva. — Você se aproveitou da ingenuidade da minha neta e agora ela está carregando uma criança no ventre, canalha! — grita a última parte.

Juro que ouço vários suspiros de espanto, mas meu cérebro não consegue captar a mensagem direito.

O quê?! Ana Clara está...grávida?!

Não pode ser!

— Que porra você tá dizendo?! — sinto meu coração acelerar e acho que entendi errado o que ela disse.

— É isso que você ouviu. Ana Clara está grávida!

— E quem garante que é meu? — rujo sem paciência, notando que os olhos de Ana Clara se enchem de lágrimas. Droga, eu não queria ter dito isso, mas não consigo assimilar a ideia de um filho.

— Meu filho está certo — diz minha mãe, recuperando-se do choque. — Quem garante que o filho é dele?

— Eu garanto. — diz Ana Clara me olhando, magoada. — Você sabe que essa criança que estou esperando é sua. Mas como é um canalha vai rejeitá-la assim como rejeitou a mim.

— Calma, querida. — a avó tenta acalmá-la enquanto ela chora.

Passo a mão no rosto, frustrado e louco de confusão.

Observo a barriga ainda plana de Ana Clara e fico imaginando uma criança ali dentro; uma semente que eu próprio coloquei dentro dela. Porra, isso é tão confuso!

— Você pensa que sou o quê? Um idiota que vai cair nesse seu papinho furado de gravidez?! Me poupe, garota! — digo com sarcasmo. — E se esse filho for realmente meu, quem se importa? Não tô nem aí, se vira! — falo sem pensar com o maxilar apertado e ela me olha cada vez mais triste.

— Saiam daqui. Vou chamar os seguranças. — minha mãe sentencia enquanto eu ando de um lado para o outro na varanda.

— Nós já vamos. Não precisa chamar ninguém. — a senhora diz e caminha em direção à saída com a neta. Os seguranças as acompanham e antes de ir, Ana Clara olha para trás... na minha direção.

Meu peito se aperta e sinto um nó na garganta com o seu olhar vazio e magoado para mim. Dessa vez tenho certeza que a destruí.


🍁



Entro no meu quarto, sendo seguido por Amanda. Ela me observa, incrédula e com raiva. Reviro os olhos ainda abalado com o que aconteceu minutos atrás e sento na cama.

— Não acredito que você fez isso com a menina, Vinícius! — ela grita e faço uma careta pelo barulho. — Eu a conhecia. Eu a vi na cozinha com a Maria um dia desses e percebi que ela é uma pessoa maravilhosa. Tadinha. — diz Amanda com os olhos cheios de lágrimas e me dói vê-la assim. — Ela tá grávida e não merecia ouvir aquelas barbaridades. Nunca pensei que você agiria assim com uma pessoa, irmão.

— Amanda, me perdoa, eu...

— A única pessoa que você tem que pedir perdão já foi pra casa, destruída, e ainda por cima grávida de um filho seu!

Não falo nada, pois ela tem razão. Fiz uma cagada das grandes dessa vez e acho que não tem volta.


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A Redenção Do Bad BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora