Ana Clara
Sábado
Decido comprar algumas coisas no supermercado. Ele fica próximo ao centro, e saio de lá com algumas sacolas nas mãos.
Atravesso a rua antes de aguardar o ônibus na parada, percebendo que está cheia de pessoas.
Minutos depois, estou cansada de esperar. Observo os carros trafegando na rua, além de ônibus para outros destinos.
Distraída, desvio o olhar para um ponto qualquer a minha frente.
Congelo.
Não pode ser!
Esfrego os olhos, pensando ser uma miragem, mas sei que não é. Observo novamente e tenho certeza de que o rapaz, que está saindo de uma loja ao lado do supermercado em frente à parada, é o Vinícius.
Meus batimentos cardíacos ficam loucos e meus olhos se enchem de lágrimas ao reconhecer seus traços únicos e seu jeito despreocupado de andar.
É ele!
Aperto as sacolas que estou segurando, vendo-o seguir em direção a um carro estacionado em frente ao prédio.
Espero que ele não me veja aqui!
Então acontece!
Estremeço quando o olhar dele cruza com o meu.
Fico estática, percebendo que ele fica da mesma forma.
Pela sua expressão, ele está tão confuso e incrédulo quanto eu. Acho que até mais.
Para o meu profundo desespero, ele começa a caminhar em minha direção, decidido.
Olhos para os lados, buscando uma escapatória, e agradeço a Deus quando meu ônibus chega nesse exato instante.
Vinícius está se aproximando cada vez mais, e faço parada. Quando o ônibus estaciona, entro no mesmo às pressas. Sento-me em uma cadeira, vendo o aparente desespero do garoto que me destruiu. Ele põe as mãos na cabeça e me observa atordoado enquanto o ônibus arranca.
— Ana Clara! — ainda ouço o seu grito.
Eu o sigo com o olhar, sentindo as lágrimas molharem meu rosto ao vê-lo sendo deixado para trás.
Vinícius dá meia-volta e corre em direção ao seu carro. Ele some de vista quando o ônibus dobra em uma curva e se mistura com os outros ônibus na rodovia.
Nesse momento, disfarço os soluços e tento não ficar pensando no que acabou de acontecer.
Como fui burra em pensar que não o encontraria nessa cidade!
🍁
Vinícius
Eu a vejo ser levada pelo maldito ônibus e corro em direção ao carro, em total desespero.
Porra! Tenho certeza que era ela!
Entro no SUV, tentando seguir a merda do ônibus, mas, para o meu completo azar, eu o perco de vista.
Droga, mil vezes droga!
Perdi a Ana Clara novamente!
Solto um palavrão, freando o carro em um canto qualquer da estrada.
Sei que ela também me viu, mas entrou no ônibus quando percebeu que eu estava seguindo na sua direção. Seu olhar doce me desarmou na hora, mas também vi sua dor quando olhou para mim.
Ela provavelmente está vivendo com a avó em alguma casa aqui em Belo Horizonte.
Agora estamos mais próximos um do outro. Minhas chances de encontrá-la são bem maiores.
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A Redenção Do Bad Boy
RomanceAté que ponto o amor pode ser destrutivo? A ingênua Ana Clara de 16 anos não pensou nisso quando se envolveu com Vinícius de Albuquerque Velásquez, um jovem rico da cidade grande. Ela só não esperava que ele se mostrasse tão cruel. Agora grávida, e...