c a p í t u l o 58🌻

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Ana Clara

A voz da minha vó ecoa pela casa enquanto ela canta um hino da harpa em seu quarto. Gosto de ouvi-la cantar, realmente. Sua voz é doce e me faz lembrar a minha infância, em que eu corria pelo campo e sentia o cheiro de mato e das flores.

Lembro-me que não tinha uma mãe por perto, mas ficava muito feliz em saber que encontraria minha vó em casa quando finalmente deixasse de brincar no campo. Ela sempre me recebia com um sorriso jovial e feliz, e dizia que eu era o seu pequeno sol. Eu ria em minha inocência ao ouvir essas palavras e a abraçava. Isso não mudou conforme eu crescia, felizmente.

Desligo a TV, seguindo até a porta assim que ouço batidas. Não estamos esperando nenhuma visita e acho que não é Maria, que ainda está no trabalho. Beatriz também não está em casa, e suponho que é ela.

Ou não! — penso quando abro a porta, deparando-me com Clarisse.

Sorrio com surpresa, pois ela nunca veio me visitar antes, apesar de saber onde eu morava.

Eu a convido para entrar com um gesto das mãos.

— Boa tarde, Aninha. — ela sorri. — Fiquei sabendo que o seu bebê nasceu, mas não pude vir esses dias, me desculpa.

— Não precisa se desculpar. Eu não esperava a sua visita, mas fico feliz de verdade.

— Obrigada, querida. Também fico muito feliz em te ver.

Finalmente peço que ela se acomode no sofá.

— Quer ver o bebê?

— Muito, mas não vou atrapalhar o soninho dele, né?

— Ele é bem dorminhoco. Acho que não vai acordar se eu pegá-lo. — murmuro com diversão, fazendo-a sorrir. — Vou buscá-lo, com licença.

Sigo em direção ao quarto.

Minha vó parou de cantar e provavelmente está ocupada com algo, senão teria vindo conhecer a visita.

Pego o bebê adormecido com muito cuidado, colocando-o contra o peito. Sinto o seu cheirinho e sorrio quando ele resmunga, mas não acorda.

Caminho de volta para a sala, e Clarisse fica de pé com um olhar encantado no rosto. Seus olhos estão focados exclusivamente no bebê, e eu juro que vejo lágrimas nos seus olhos, mas acho que é só impressão minha.

— Esse é o meu Matheus, Clarisse. — murmuro orgulhosa e ela se aproxima. Seu rosto parece mais radiante de alguma forma, não sei explicar.

— Posso segurar esse bebê lindo? — pede em um sussurro.

— Claro, vou colocá-lo nos seus braços com muito cuidado para ele não acordar.

Eu o deposito em seus braços com cautela. Ele é tão pequeno e frágil, e morro de medo de machucá-lo de alguma forma. Amo esse pequeno e farei de tudo para protegê-lo, sempre.

Matheus faz um biquinho fofo quando Clarisse o pega, e eu observo a cena, encantada.

— Que coisinha linda. — fala com ele, e nesse momento eu me surpreendo quando os seus olhos se enchem de lágrimas. Fico apreensiva com a sua reação.

— Eu cheguei a segurar um bebê em meus braços há muito tempo. O meu próprio filho... — confessa com a voz embargada. — Eu achava que podia protegê-lo de tudo, até do mundo. Era uma menina. — ela sorri para mim. Meus olhos se enchem de lágrimas a menção da palavra "era".

— Como se chamava?

— Ana Clara.

Fico boquiaberta.

A Redenção Do Bad BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora