Prelúdios de uma poeta livre II

Rocha III

Eu nunca dei um beijo tão beijo como o beijo que te dei
Quando senti sua mão quente na minha
Sua barba áspera acariciar minha face macia
Aquele olhar sereno de quem conhece a vida
Postura de quem aguarda, pois já aguardou
E guarda.
Guarda porque ao seu lado eu descobri que é mais que a chama
Mais que o fogo e a paixão
É a calma e a paciência que não reclama
É o acordar ao seu lado, viver a vida
E contemplar de mil e uma maneiras a forma como o seu sorriso me faz bem
Você não tem noção
Suspira fundo, pois vou
Vou, sabendo que um dia volto
Motivos que não me permitirão enlaçar meus dedos nos seus
Deitar minha cabeça em seu peito
Ver a vida passar...
Aparecer em casa aos domingos praquela macarronada em família
Eu sei que não vai rolar
Mas olhar pra você é assistir o filme da vida e da paciência dançar
Porque eu danço pra longe agora
Na certeza de que você nem saberá que estou aqui fora
Enquanto a noite me recepciona acordada
Com a cabeça no luar
Senta de novo e fixa seus olhos em mim
Seus olhos nos meus
Suas mãos nas minhas
Seu beijo em meu beijo
Sua vida em minha vida
Que piada, meu Deus!
Ele está dormindo agora
Se preparando pra mais uma labuta que o aguarda
Enquanto ouço meus pais roncarem
Pensando nele, sozinha.

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16/05/2018
02:23 a.m.

Polliana Oliveira