Medicina X

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Cada um fala o que sabe
Eu falo do que não sei
Falo do que sinto quando ouço a voz da vida vinda das pontas dos dedos
Do suspiro do cérebro imaginário
Do pulo que o coração dá quando tem a visão dele
A de perecer, continuar parado, e ainda assim viver
A de ser levado pelo som e a vista
A de entender o que o pai diz quando manda andar na linha
Porque eu perdi as estribeiras quando te chamei nove vezes de mãe minha
Quando disse que era você que eu amava e queria
Eu não estava errada
Nem mesmo estou agora
Mas a verdade deve ser dita
Por mais que eu fale do que não me apetece
Eu não nasci pra você, meu bem
Embora você ocupe grande parte dos sonhos meus
Meus pesadelos são seus também
Aqueles em que você me salvaria, mas eu saio correndo
Medo do trem
Por isso corro até o seu seio
Porque sei que através dele me sustentará
Mas olhando friamente agora, digo com toda certeza:
Falo do que sei
Sei que é minha de tal modo que jamais poderei me aproximar
Tão minha, que precisa ser mantida intocada
Longe das minhas mãos
Preservada pelas minhas vistas
Minha redoma invisível
Meu trofél invencível
Te guardarei no peito pelo tempo em que eu viver
E se um dia eu cair nas suas mãos
Sei que me fará bem
Assim como a fiz a vida toda
Mantendo-a a uma distância segura de mim
Pelo seu bem, preciso partir
Pelo meu bem, amar-te, e deixá-la ir

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03/06/2018
11:13 p.m.

Polliana Oliveira

Prelúdios de uma poeta livre IIOnde histórias criam vida. Descubra agora