21 de março

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Hoje, quando acordei, senti sua falta
O excesso dela tem me esmagado
O seu sorriso tem trazido saudade à minh'alma
E o jeito como você fala
Eu nunca vou me esquecer da forma como você me olhava
Como abraçava meu corpo de modo inocente
Suas palavras incoerentes quando dizia que me amava
E que eu era pra você o que ninguém nunca havia sido
Você foi pra mim o que nunca será
Porque com a sua aura, sua paixão, e mimo
Nunca houve ser
E promesas como as nossas nunca haverão
Rompemos o que prometemos
Tudo por nós mesmas
Eu sei que a culpa foi minha
Isso eu admito
Mas eu cansei
Para nós não há volta
Para nós há o que sempre haverá
Que é te encontrar até três vezes por ano
Te abraçar como se nada nunca tivesse acontecido
E dizer "Que saudade!", quando poderíamos ter entrado em contato antes
Aquele sorriso amarelo de quem não sabe o que dizer
Porque a verdade é que há muito para sentir
Você nunca entenderia meus temores, meus sonhos e amores
Nem meus gostos, minha aura, meu jeito de ser
Porque eu te tenho como uma irmã
Aquela que se afastou de mim para não me matar
Hoje eu morro por sua causa
Porque a nossa história me traz a sua tremenda falta
E nossos sussurros secretos soltos no meio da noite
Achava que era mentira minha
Quando eu dizia que te amava
Agora eu sei que sempre disse a verdade
Porque eu ainda te amo muito
Eu sei que você não acreditaria
Nem diria nada de volta
Só me olharia desconfiada
E sorriria sem graça
Quando nos vemos a mesma pergunta é levantada
Quem é você?
E a cada viagem feita
Algo sempre me lembrará você
E porque nossos laços não podem ser completamente rompidos
Te trarei algo, na esperança de que entenda
Que ainda penso em você
Penso em você nas horas menos prováveis
Nas situações mais inusitadas
E de como sua chatice era doce
Suas palavras amargas eram rasas
E de como sua presença me faz falta
Ninguém entenderia
Me perguntariam: "Como?!"
E eu diria: "Ela é minha irmã."
Minha irmã, meu ímã
De todas as formas possíveis
Porque a vida passa
E não me esqueço dos seus aniversários
Você nasceu no dia do outono
E como ele, você é a minha favorita
Minha loucura favorita
Minha bagunça favorita
Minha amiga favorita
Minha inimiga favorita
Minha rival mais linda
E hoje é você quem mais me ameaça
Eu sinto pena do que é
Saudade do que fomos
Medo do que será
Você não fechará mais o meu vestido de noiva
Eu não carregar as flores do seu casamento
Nem serei a vela do seu namoro
Porque a verdade é que eu nunca conhecerei o seu homem
Você nunca abraçará o meu
Somos raízes podres cortadas
Flores murchas em plena primavera
O vento acalentador do outono no meio do verão
O verão massante no inverno
E tudo a seu respeito me intriga
Ao ponto de me levar às lágrimas
Vai embora...
Vai para longe...
Enquanto eu fico e te observo
E fingo que nunca te conheci
Que nunca beijei seu rosto, abracei seu corpo
Que nunca disse que você é minha melhor amiga
Fingo que nunca escondi uma lágrima de você
Porque você me abriu a sua vida
E de você escondi todos os meus suspiros
Talvez nem nunca fomos amigas
Só duas estranhas que combinaram
E foram meramente unidas
Eu deixarei que vá
E que se una à sua nova clã
E um dia seus filhos te perguntaram quem eu sou
E você não saberá explicar
Teremos cinquenta anos e ainda nos olharemos daquela forma
No que teria dado?
No que teria dado se eu tivesse engolido o orgulho?
No que teria dado se você tivesse abaixado a crista?
Eu não sei.
Não sei.
É a vida.
Ela nos uni e nos afasta a poucos kilômetros de distância
Te manterei por perto pelo tempo em que eu viver
Sem nunca te contar nada disso
Porque não seria capaz de compreender
E eu te verei ser adulta
Bela, alta, elegante
E lamentarei não ter crescido ao seu lado
E marcado as datas felizes e tristes junto de você
Você me foi o que ninguém nunca quis me ser
Você é o que eu não sei explicar
Você será o que ninguém nunca entenderá
E eu te deixarei ir
Enquanto amargo sentada aqui
Perdi minha amiga por causa da vida
Perdi minha irmã por causa do tempo
Nada de culpa sua
Nada de culpa minha
Vontade própria
Pode pisar em mim
Não dói mais
Só a sua falta
Hoje - agora - a sua falta está me matando
Está me tirando o ar
Mas eu não vou te mandar uma mensagem
Te perguntando como está?
Onde eu boto o orgulho?
Você nem deve mais se lembrar de mim
Nessa manhã de outubro
O outono soprou das Américas como se fosse austral
E é você que me lembro
Como se hoje fosse 21 de março
E você me diria: "A gente está ficando velha!"
Eu riria, tocaria seu braço
E você me poria no seu abraço
Minha mana, mana minha
A sua falta hoje quebra meus ossos
Estraçalha minha carne
Corrompe meus pensamentos
Atrapalha, pois invade o meu dia
Em plena primavera chegou o 21 de março mais doído de todos
Talvez seja a sua lembrança vaga em mim
E eu te mando o meu verão
Para poder dormir em paz
Vá, minha linda mana
Entenda que eu ainda te estimo muito
Te amo e te guardo no fundo mais recôndito da alma
Nessa primavera que me castiga
Te mando o sol que ilumina a linda cor que carregas
E seu sopro de saudade me traz o outono
Mas não consigo rimar
Sorrir ao lembrar...
Nesse meu outono passageiro, passará também o que se chama de ser feliz.

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01/10/2017
02:08 p.m.

Polliana Oliveira

Prelúdios de uma poeta livre IIOnde histórias criam vida. Descubra agora