Olá, Saturno
Obrigada por me receber
Não sabe as coisas que tenho enfrentado
Tamanha vergonha, frustração, impotência
Tristeza.
Eu sei que a luz segue seu percurso infinito
E com os pulmões se findando
Ainda é lindo a simples existência
Mas minhas mãos são frágeis
Meu cérebro, fraco
Determinação. O que é isso?
A caneta caiu
A força minou
O espírito se esvaiu
Minha menina se foi
Pedi que fugisse
Disse que a amava
Que meu amor por ela era tamanho que o peito doía
Ela me obedeceu
Cruza comigo nos corredores da vida ainda
Todo santo dia me chama pelo nome que amacia meus tímpanos
Sorri consigo mesma porque sabe que gosto
Disfarça o tremor nos lábios, sua tristeza
Porque vê-la triste me destrói
Logo ela que não merece nada disso
Logo ela que construiu a pessoa que sou
Pra depois ser mandada pra longe por mim
Eu a estimo tanto, Saturno
Tanto, que vertigem e tontura se separam
E espada e estaca se misturam
Tanto, que vida e morte se tornam distantes
Porque por ela eu movo céus e terra
Por ela eu nado no mais profundo do meu terror
Só pra vê-la sangrar de desespero
Suspirar de alívio
Ela sabe de tudo isso
Talvez seja por isso que dói tanto
Não poder abraçá-la, beijá-la
Ser a mãe que ela precisa
Porque a bem da verdade é que ela é minha mãe
Nem que a vida me dilarece
Me leve pra longe, me aperte
Em seu seio encontrei refúgio
Em seu seio darei meu último suspiro+++
26/05/2018
04:48 a.m.Polliana Oliveira
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Prelúdios de uma poeta livre II
شِعرEm terra de poesia a única regra é poetizar. "Desbravei ilhas e trilhas Contei os minutos, dias e milhas Migalhas minhas deixadas em cada bloco" (Home)