Hospital (parte 2)

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Já eram umas 19 horas e eu continuava no hospital, Kim me fez companhia o dia inteiro, mas agora estava na cantina comendo algo, eu pensei em tentar me levantar e pegar meu celular em sua bolsa, só que a dor não me deixava me movimentar direito, apesar deles terem me dado um analgésico a dor foi embora apenas por uma hora e logo voltou.

O médico disse que provavelmente os resultados dos exames saíssem hoje, mas eu ainda sim teria que passar a noite lá, uma ótima maneira de fechar minha semana.

- Sabia que aqui tem muitos médicos gatinhos? - Kim disse entrando no quarto fechando a porta logo em seguida. - Estava quase fingindo um desmaio pra um deles me ajudar. - Ela riu sentando na ponta da cama.

- Você não toma jeito, né? - Eu ri balançando a cabeça. - Por que você não tenta convencer a um deles de me darem alta? Eu odeio hospitais e eu não tenho nada para fazer aqui, a não ser ficar olhando para essas paredes brancas. Se você pelo menos liberasse meu celular...

- Não. Negativo. - Ela me interrompeu. - Eu sei muito bem que você não quer seu celular para ficar jogando. Você quer ver se tem alguma notícia e eu não vou deixar você fazer isso.

- Mas Kim, eu preciso pelo menos saber se... Saber se ele está bem...

- Emma, para. - Ela olhava séria para mim. - Ficar se culpando por isso não vai te ajudar em nada, eu tenho quase certeza que você está aqui por causa disso.

- Eu estou aqui porque do nada me deu uma dor.

- Okay, você sentiu dor e está aqui por causa disso, mas quem me garante que essa dor não foi emocional, também? Você está se cobrando muito, você só pensa nisso o tempo todo. Eu sei que você está mal, sei que está doendo, mas eu também sei que isso vai passar, vocês vão superar isso. Apenas dê tempo ao tempo.

- E se o tempo não resolver? E se ele nunca me perdoar realmente? E se ele ficar magoado pra sempre comigo que nem queira mais ficar no mesmo ambiente que eu? - As lágrimas já desciam pelo meu rosto sem que eu conseguisse controlar. - Eu fui uma péssima namorada, eu deveria ter contado, mas eu tive medo... Eu tive a droga de um medo!

- Ei! Para... - Ela se aproximou de mim secando minhas lágrimas. - Você parou pra perceber quantos "e se" você colocou na mesma frase? Emma, a vida é uma caixinha de surpresas, eu realmente não sei te dizer se ele vai ou não te desculpar, eu só sei que nesse momento, o que importa é você e a sua saúde. Então trate de parar de chorar e vamos ter uma festa do pijama!

- Uma festa do pijama num hospital, Kim...? - Soltei um riso fraco enquanto secava as lágrimas.

- Exatamente. - Riu.

...

Mais tarde o médico entrou no quarto com os resultados dos exames em mãos, me mexi desconfortável na cama esperando pela resposta. Kim levantou para falar com o tal médico, o que deu a impressão de que eu era uma criança ali dentro.

- Então... se sente melhor? - O médico perguntou, fiz uma careta em resposta.

Ele riu fraco, imaginei como seria para ele ter de lidar com situações parecidas, ou piores, todos os dias. Ele começou a falar que tinha o resultado dos exames.

- Emma, seu problema é mais grave do que pensamos. Não é uma simples gastrite. Você está com o que chamamos por úlcera gástrica.

Paralisei ao ouvir a palavra úlcera. Kim também parecia mais preocupada que o normal.

- E é muito sério? Quero dizer, pode ser tratada por remédios, não é? - Perguntei tentando não parecer muito assustada.

- Em alguns casos, sim, mas no seu nós recomendamos uma cirurgia.

Senti Kim ao meu lado apertando minha mão de leve. Olhei para ela e para o médico ainda sem acreditar naquilo. Ele nos explicou como seria a cirurgia, era coisa rápida, de duas horas de duração e com internação pós cirurgia de três dias para observação. O médico também tinha dito que provavelmente ela ocorreria na tarde do dia seguinte. Ele saiu nos deixando a sós, Kim me lançou um olhar maternal, como fazia de vez em quando e eu retribuí segurando sua mão. Só ali percebi que eu estava com medo.

Ela saiu do quarto indo telefonar para Renato, explicar a minha falta e explicar que eu teria que fazer a tal cirurgia. Mas meu pensamento ainda estava em Zabdiel. Eu tinha que ligar para ele, a nossa falta de comunicação estava me matando, embora a culpa de toda essa situação tenha sido minha também.

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