Movin' On

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Ele pegou na minha mão de novo, mas dessa vez eu não a soltei, segurei ela de volta e ele me levou até seu carro, abrindo a porta para mim. Antes de entrar olhei para ele com um olhar interrogativo, me perguntando se ele fazia aquilo com todas as que ele levava para casa. Ele levantou as sobrancelhas me incentivando a entrar, mas não questionei nada, apenas entrei pensando em sair logo dali. Ele entrou segundos depois e deu partida no carro.

Abri a janela sentindo o vento gelado bater em meu rosto, mas não demorou muito para eu fechar. Sem falar nada, às vezes nós nos olhávamos, mas eu preferia manter o meu olhar na janela.

- Onde estamos indo? - Perguntei depois de alguns intensos minutos de silêncio. Mas ele deu de ombros.

- Só estou dirigindo. - Ele respondeu sem olhar para mim, mas continuei olhando para ele.

- Não precisava ter me tirado de lá. - Respondi com a voz baixa mexendo na barra do meu vestido, mas ele sorriu e olhou para mim.

- Eu sei... - Ele pegou na minha mão de novo e apertou de leve.

Chris parou o carro alguns minutos depois de frente para o mar e olhou para mim.

- O que? Vamos tirar a roupa e nadar a essa hora? - Falei prendendo a risada.

- Mais ou menos. - Ele respondeu sério tirando o cinto e os sapatos. - Tire o seu salto.

- Chris, eu não sei... - Antes que eu pudesse terminar a frase ele já tinha descido do carro me deixando sozinha.

Christopher era o cara mais previsível que eu já tinha conhecido, na mesma hora que abria a porta do carro para mim ele simplesmente saía, ou me tratava como se eu fosse alguém especial e depois com alguma indiferença. Bufei balançando a cabeça tirando meus saltos e descendo do carro indo em sua direção.

- Qual é o seu problema?! - Perguntei o alcançando.

- Você reclama demais, às vezes é bom fazer o que te pedem.

Fiquei calada esperando ele continuar, mas ele não continuou.

- Vamos dar uma volta.

Cruzei meus braços por conta do vento fraco que estava ele colocou as mãos nos bolsos me indicando o caminho com a cabeça. Senti a areia fria nos meus pés andando lado a lado com ele.

- Por que você foi? - Ele resolveu falar após alguns minutos de silêncio. - Quero dizer, você podia ter imaginado que ele estaria lá.

- Porque eu tenho uma melhor amiga que não me ouve. - Revirei meus olhos.

- Você ainda gosta dele, não é? - Ele olhou para mim sem parar de andar.

- É complicado... Se eu dizer pra você que não gosto, estaria mentindo, mas ele seguiu em frente, o único "problema" é que apesar de eu ter causado tudo isso, eu me sinto mal quando vejo ele com outra garota.

- Acho que talvez esteja na hora de você seguir em frente também. - Ele parou no meio do caminho o que me fez parar e olhar para ele.

- Eu não sei se eu tô pronta.

- Quer descobrir? - Ele se aproximava ainda com seus olhos fixos em mim.

Eu não sabia o que fazer, aliás, quando se tratava de Christopher e Zabdiel, eu nunca sabia o que fazer.

- O que você quer dizer com isso?

- Quero dizer que pode ser loucura, mas se você quiser tentar nós dois... Eu não iria me impor.

- Você acha mesmo que daríamos certo? - Foi a minha vez de me aproximar.

- Eu não sei, mas nunca saberemos se não tentarmos. - Ele me puxou pela cintura fazendo nossos corpos se chocarem.

- Eu não quero que ninguém saiba...

- Vai ser o nosso segredo. - Ele me interrompeu passando o dedo pelo meu lábio. - Ninguém precisa saber... - Ele se aproximou mais selando nossos lábios devagar.

Nos beijamos ouvindo o barulho das ondas e sentindo a brisa do mar bater suave em nossos corpos, ele terminou o beijo me dando mais um daqueles selinhos demorados e grudou nossas testas. Chris pegou na minha mão e saiu me arrastando até a beira do mar.

- O que está fazendo? - Perguntei quase gritando observando ele entrar no mar.
 
- Não vamos nadar, se é o que está pensando.

Soltei sua mão e fui andando para trás para não entrar na água enquanto ele já estava com os pés molhados. Vi ele correndo em minha direção me pegando pela cintura me fazendo molhar os pés também. Fingi estar brava, mas acabei dando risada quando ele imitou o meu jeito de falar.

- Você sabe que fica linda quando você ri, não é? - Ele perguntou abraçando minha cintura enquanto a água morna do mar batia em nossos pés. Concordei com a cabeça sorrindo e ele me beijou novamente.

E pela primeira vez em muito tempo eu não sentia que estava fazendo algo errado, eu me permiti seguir em frente, ou pelo menos tentar.

- Vamos voltar, está ficando frio. - Ele disse ainda me abraçando e nós fomos para o carro.

O dia amanheceu e eu só conseguia pensar na noite passada, Zabdiel beijando aquela garota, Chris e eu começando a ter algo... Era tudo muito rápido, mas eu não me arrependia. Eu tinha que seguir em frente.

Fiz minha rotina de toda manhã e caminhei até o estúdio, teria que encarar mais um longo dia de trabalho. Respirei fundo umas três vezes antes de entrar, até que tomei coragem e entrei, segui para a sala e ainda não havia chegado ninguém, soltei um suspiro de alívio baixo e comecei a fazer meu trabalho verificando o que os meninos tinham para hoje.

Alguns minutos se passaram e ouço o barulho da porta se abrindo, quando levantei meu olhar vi que era Zabdiel, ele me olhou logo em seguida dizendo um simples "bom dia" e se sentando na cadeira que tinha num canto da sala. Dei um sorriso de canto como resposta e continuei mexendo no celular como se tivesse algo de interessante.

- Você me perguntou naquela noite se eu ia completar a frase com um "eu ainda te amo". - Ele começou a falar olhando para o chão, eu não o olhei, apenas continuei calada esperando que ele prosseguisse. - E eu não te dei uma resposta.

- Não precisa me dar nenhuma resposta. - Eu o olhei fazendo com que ele me olhasse de volta. - Você seguiu em frente e eu não o culpo por isso. Eu fiz com que tudo isso acontecesse e seria muito egoísmo da minha parte se eu te culpasse ou te obrigasse a ter uma resposta sobre nós.

- Talvez não éramos pra ser...

- Nós éramos pra ser, Zabdiel. O único problema foi que você escolheu a mim. - Soltei um suspiro baixo me levantando.

- O que você quer dizer com isso? - Ele se levantou se aproximando.

- Quero dizer que eu te amo e que eu sinto muito por ter feito você escolher a pessoa mais imperfeita desse mundo pra namorar.

- Eu não me arrependo, Emma.

- Eu sei disso, mas eu me arrependo de não ter feito direito. - Dei um passo pra trás indo até a porta.

- Foi difícil conseguir seguir em frente. - Ele suspirou.

- Só que você seguiu e estando pronta ou não, eu também preciso seguir. - Abri a porta e saí da sala o deixando sozinho.

Por mais que uma parte de mim ainda se machucasse a cada novo rumor que surgia, a outra parte apenas queria seguir em frente.

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