10 - Natan - Parte II

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O peso nas minhas costas se desfez num pulo ágil e eu me levantei. O jovem caçador estava encostado na entrada do recinto de braços cruzados com um grande sorriso malicioso no rosto. O olhar vagueando de mim para ela.

— Finalmente. Achei que tivesse ficado com medo e se mandado. — trocei.

— Não acho que estivesse exatamente sentindo a minha falta, amigo. — ele começou a se aproximar. — Os treinos daqui são realmente mais interessantes do que os nossos. — Natan parou bem à nossa frente. — Adoro flexões. Tem um peso desses pra mim também?! — ele a analisou de cima a baixo.

— Não, não tem! E é melhor tirar os olhos se quiser continuar com eles na cara!

O sorriso ficou mais largo.

— Então essa é a criatura que causou tanto rebuliço e confusão? — se dirigiu à jovem morena. — Virou o nosso mundo de ponta-cabeça, senhorita. Alma Ferraz. Certo?

— Isso. — as bochechas coraram de leve.

— Natan. É um prazer finalmente conhecê-la. — falou apertando a mão dela. — O meu priminho aqui não fala de outra coisa que não seja relacionado a você.

— Mas que exagero! — cruzei os braços negando com a cabeça.

— Espero que só coisas boas. — Alma me lançou um olhar de relance.

— Boas, sim, decentes... nem tanto!

A dama arfou com a surpresa. Agora sim ela corou. O olhar dizia que eu teria muito o que explicar mais tarde. Eu preferiria exemplificar! Demonstrar com riqueza de detalhes. Em algumas ocasiões a prática podia ser tão melhor do que a teoria! A buzina soou lá fora. As amigas tinham chegado.

— Foi um prazer conhecê-lo, Natan. Espero que goste daqui e aprenda a se sentir em casa. E em relação ao seu primo aí. — ela tentou me dar uma olhada de bronca. — Você já o conhece a mais tempo do que eu. Então sabe que deve desconsiderar uma boa parte das coisas que saem da boca dele. Ignore. É isso o que eu faço. — disse se despedindo.

— Eu gostei dela! — Natan disse rindo. — Ela já sacou você direitinho!

— Ah, não enche! — ela já estava quase na porta. — Pulchram, espera. — chamei correndo atrás dela.

Alma olhou por cima do ombro com uma leve careta.

— O que foi? — perguntou meio desconfiada.

— Eu estava pensando que... — coloquei uma mecha do seu cabelo solto atrás da orelha. Qualquer desculpa era boa o suficiente para tocá-la. — Já que vocês vão ao shopping, deveria aproveitar e comprar umas roupas novas. Umas saias e uns vestidos.

— Sério?! — ela me olhou com uma expressão de desgosto, quase de dor. — Não gosto muito dessa sugestão, prefiro calças jeans.

Eu sei! São as únicas coisas que você usa!

— É sempre bom dar uma variada, não acha? Peça ajuda à Elisa. Compre algumas daquelas coisinhas pequenas e curtas que ela adora e deixam as pernas todas de fora.

— Ai, Gael! — ela me deu um tapa no braço. — Você não presta! E eu aqui achando que estava falando sério. Eu nem vou responder isso! — me deu as costas e saiu andando.

— Mas eu estou falando sério! Pelo menos umas calças com alguns buracos. Bem grandes de preferência. Qualquer coisa que deixe um pouquinho para eu apreciar!

— Você não presta! — repetiu a meio caminho do carro.

— Você já disse isso! — falei observando-a se afastar.

Tempo Quebrado | 2Onde histórias criam vida. Descubra agora