47 - Um pequeno rubi

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Lá em baixo, o homem que acabara de ter sua primeira lição de voo — não irritar o seu professor! —, estava sentado sobre a pedra de sacrifício, ainda tremendo e meio desorientado. Eu o havia pegado por trás há alguns metros do chão. Desci mais um pouco e soltei o tecido. Ele caiu de cara na terra. Não se quebrou, mas... ia ficar dolorido, com certeza.

O canibal tinha decidido falar com a gente. Preferi deixar Natan e Elisa assumirem depois que aterrissei. Eles estavam com um humor muito melhor que o meu. A minha paciência não estava colaborando muito comigo e eu estava morrendo de vontade de arrebentar inteira a cara dele.

O líder da tribo canibal falou em sua língua nativa em alto e bom som na aldeia quase silenciosa. Alguns segundos depois, eu não sabia o que era que ele estava dizendo, mas me pareceu muito com alguém que protesta, apressando outra.

Rapidamente alguém dentro das cabanas abriu a porta. Uma jovem veio correndo e fez uma mesura com um semblante amedrontado. Ela falou em sua língua nativa e o soberano ficou irritado. Retrucou a moça com uma cara bem feia e fez vários sinais para ela. A jovem se retirou. Percebi que o medo não era do seu soberano, mas de nós. Os estranhos e selvagens. A comida rebelde e arredia.

A situação parecia sob controle, mas é justamente quando você pensa que já ganhou a batalha que você relaxa. Aí as coisas complicam. Mantínhamos um olho pulando daqui para ali, sempre atentos e alertas, vigiando os movimentos do lugar.

Alguns momentos depois, a mesma jovem regressou, segurando o cordão nas mãos que reluziu ao meu olhar. Que felicidade voltar a ver essa pedra! Eu estendi a minha mão e, tremendo da cabeça aos pés, ela devolveu o rubi a seu dono verdadeiro. Uma pequenina pedra mágica que guardava o segredo do caminho de casa.

Pedimos também que nos devolvessem nossas armas. A negociação estava muito mais fluida e fácil àquela hora. Carregando o que havíamos levado conosco para lá, nós partimos, seguindo o nosso caminho. Eu esperava realmente não encontrar nenhum integrante daquela tribo de pigmeus canibais no meio da floresta outra vez. Já estava cansado e de saco cheio das coisas tentarem me comer. Um pouquinho só de respeito! Estou pedindo muito?! Senti uma saudade imensa da hierarquia do planeta Terra. Era uma alegria o ser humano estar bem lá em cima, no topo da cadeia alimentar. Uma alegria para mim, óbvio, que nasci um!

Selva tinha sido atingida por tranquilizantes de novo. Natan a carregava sobre o ombro como um saco de batatas.

— Espero que tenha sido nosso primeiro e último encontro! — Elisa bufou.

— Acho que eles também não vão querer ver a gente tão cedo. — Ramon falou. — Todos os presos foram soltos e fugiram para a mata. Acabamos com toda a comida deles.

— Que mentiroso, moleque. — retruquei. — Olha só quanto verde tem à sua volta. Eles que tomem chá e comam salada!

 Eles que tomem chá e comam salada!

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Olá amados!

Esse ficou pequenininho e foi mais para descontrair, o anterior ficou grandinho.

Por hoje é isso, espero que tenham gostado. Um monte de bjos e até a próxima!

Tempo Quebrado | 2Onde histórias criam vida. Descubra agora