Ela vai morrer. Alma vai morrer. Eu estraguei tudo. Justo agora tão perto do final. Eu estraguei tudo de novo. Ela vai morrer por minha causa. É culpa minha.— Então... estamos presos aqui? — Ramon perguntou. — Para sempre?
Nós nos entreolhávamos incrédulos. Chegamos tão longe... só para dar de cara com uma saída inválida. Estamos presos aqui dentro.
Selva recompôs a sua postura alisando o seu manto e se dirigiu ao nosso anfitrião.
— O elixir que nos ofereceu já é um grande presente, de valor incalculável, e agradecemos imensamente, mas se não for pedir muito, vocês poderiam nos fornecer uma de suas pedras preciosas também? — ela perguntou. — Seria a nossa única passagem para casa.
É claro! O alívio no grupo foi instantâneo. Nós temos a fonte da magia que nos deu as chaves. Selva pode fazer outra com um simples cristal! O ar preso dentro dos meus pulmões voltou a circular.
— Mas é claro que sim! Nós temos pedras com fartura e abundância. — o homem falou. — Os ajudaremos a voltar para casa com todo o prazer.
— É muita gentileza do seu povo partilhar conosco suas riquezas. — ela agradeceu.
— A partilha e a generosidade por si só já são grandes riquezas. — o homem respondeu.
Selva baixou os olhos com essa afirmação. Ela ruborizou, um pouco desconfortável. O olhar dela pousou em mim um milésimo de segundo antes de se desviar.
— É verdade. — ela falou. — Obrigada.
Depois disso, nós descemos do templo. Uma bandeja cheia de pedras preciosas foi trazida até Selva. Ela escolheu uma que seria de tamanho mais apropriado e nos dirigimos a um lugar calmo e tranquilo. A criatura sentou-se de pernas cruzadas e começou a meditar. Ela inspirou profundamente e relaxou. O cristal pousado no chão à frente dela lentamente começou a levitar. Planando a meio metro do chão, uma luz suave começou a lapidá-lo. Depois de uma face pronta ele se desequilibrou e caiu ao chão. A filha da lua abriu os olhos e observou o emaranhado de gente ao seu redor.
— Vocês podem me dar um pouquinho de privacidade, por favor? — ela pediu com dezenas de olhos sobre si. — Não consigo com todos vocês olhando.
— Vamos pessoal. — o chefe começou a bater palmas e a afastar os curiosos. — Vamos dar algum espaço à nossa convidada. Vamos. Vamos logo.
Selva queria ficar sozinha. Literalmente sozinha. Todos nós tivemos que sair. O máximo que consegui, foi observá-la de longe. Depois de algum tempo de olhos fechados, o cristal voltou a levitar à frente dela e foi cuidadosamente lapidado com luz. Com o objeto com a forma da chave esculpida e pronta, faltava energizá-lo.
A filha da lua estendeu a mão esquerda sobre o chão e a direita em direção à esmeralda que planava sobre a sua palma. Selva se tornou o fio que conduz a energia. A vegetação abaixo dela morreu. A terra ficou seca e rachada. O verde se tornou carvão e virou pó. Uma luz branca fluía da terra para a mão esquerda dela, atravessando o seu corpo e saindo em direção ao cristal. O raio de devastação ia crescendo lentamente enquanto o cristal ia se alimentando de luz. A energia da terra sendo sugada para a pedra verde cristalina.
A criatura sagrada abriu os olhos e a pedra caiu inanimada sobre sua mão. A filha da lua se levantou sobre o círculo de terra morta carregando uma pedra viva na mão. Selva caminhou com seu belo manto branco em nossa direção. Ramon olhava embasbacado a cena que ocorrera.
— Posso aprender também, mestra? — ele pediu quando ela nos alcançou. — Por favor, por favor, por favor!
Selva olhou o garoto com um semblante liso. A esmeralda foi entregue às mãos de Elisa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Tempo Quebrado | 2
RomanceA maçã tem o gosto do pecado... e a cor do sangue. Gael Ávila e Alma Ferraz conquistaram o direito à liberdade e ao amor que nasceu como um fruto proibido. Mas um romance assim, sempre cobra o seu preço! Uma decisão foi tomada, um sacrifício foi fei...