Brandon
Do camarote eu vejo quase toda a pista de dança. As luzes que piscam coloridas no ritmo da música de Trevor fazem as pessoas parecerem ainda mais alucinadas com o ambiente. É uma das festas mais concorridas da noite, já são duas da manhã e a fila pra entrar ainda é enorme. Do alto meus olhos seguem Mark instintivamente. É fácil encontrá-lo já que o vestido vermelho de Danielle está quase no corpo dele de tanto que os dois dançam juntos.
Larissa dança ao meu lado com algumas outras garotas e continuo tomando meu bourbon mesmo quando ela me chama para me juntar a ela. Eu não danço, ela sabe disso, então apenas chacoalho a cabeça pra ela.
Sinto-a me abraçar pelas costas e seguro seus braços que se cruzam na frente da minha barriga. Ela tomba a cabeça para acompanhar meus olhos fixos na pequena multidão.
Depois de algum tempo ela se esgueira entre o parapeito de vidro e meu corpo. Seu decote substitui a visão do beijo que está acontecendo lá embaixo entre Mark e Danielle. É como se eu saísse de um transe meio hipnótico. Lissa aperta minha nuca entre os dedos e me beija a boca, com uma leve mordida final.
- Eu já escolhi meu presente de hoje. - ela fala num sussurro sexy em meu ouvido e vira o corpo de costas pra mim.
Sua bunda rebola contra meu quadril, me provocando. Ela alcança minha mão e fecha apontando com o indicador em riste, então passa a língua no meu dedo, me fazendo puxar o ar com força pra dentro do peito. Larissa guia meu dedo seletor e para exatamente onde minha atenção estava a princípio.
Eu dou uma gargalhada espontânea. Não será nada difícil tirar Mark da boca de Danielle para entregá-lo a Larissa.
Embora os dois já tenham se comido à exaustão, Lissa gosta de repetir algumas figurinhas em seu álbum. "Só as melhores.", como ela mesma diz e Mark é um excelente jogador.
- Mark é louco por você, querida. Considere feito. - digo beijando-a na nuca e ela se vira lentamente para mim denovo. Sua boca carnuda se abre só o suficiente para mostrar um pouco os dentes num sorriso e ela inclina o corpo para alcançar meu ouvido.
A respiração de Larissa me eriça até a alma, e meus sentidos se aguçam.
- Não é Mark, Bran. - ela sorri, embora eu não possa ver, deduzo sentindo o ar saindo dela com o som de sua voz. - Quero Danielle.
Alguma coisa em mim se retorce num sentimento que eu não consigo identificar, mas não tem nada a ver com a excitação deliciosa que eu sentia há poucos minutos.
Dou um passo atrás olhando Larissa com um ar tão absurdo que ela perde seu sorriso mágico na hora e me encara com a testa franzida.
- Eu disse algo errado? - ela pergunta e eu não consigo responder. Sinto o bourbon queimando a minha garganta. - Bran. - ela continua me esperando sair do coma consciente e chacoalho minha cabeça em negação.
- Você não disse nada errado, Lissa. - digo dando mais uns passos atrás e soltando os botões de cima da camisa para aliviar um pouco do peso que se formou em mim. - Só preciso tomar um ar. - falo e a deixo ali, sentindo que Riggs está sentada com seu traseiro enorme bem sobre meu peito.
Desço as escadas e chego perto do mais novo casal. Meu foco fica tão sobre eles que parece que o que está ao redor se anuvia num embaçamento estroboscópico.
Consigo ver uma parte da língua de Danielle na boca de Mark e ele sorri no meio do beijo. Ela coloca a mão no braço dele enquanto a dele está em suas costas, bem acima da curva acentuada que marca sua bunda naquele vestido infernal. Ela ficou realmente bonita nele. Os seios criando duas curvas que se encontram exatamente no meio de seu peito estão pressionados contra o corpo de Mark.
Eu adoro observar as interações sexuais de terceiros. Eu me excito e consigo viajar em fantasias do meu imaginário vendo Larissa trepar com qualquer outra pessoa. Mas eu não estou gostando de ver isso.
Mark corre os lábios para o pescoço de Danielle e diz qualquer coisa que a faz sorrir. Sua boca se expande e os olhos se fecham enquanto ela continua se balançando com ele ao ritmo da música. Mark pega em sua mão e os dois saem andando, abrindo espaço entre as pessoas da pista.
Eu os sigo meio desnorteado. Estou incerto se quero ver o que acho que está prestes a acontecer, mas não consigo me fazer dar meia volta.
Mark conhece esse clube como a palma de sua mão. Eu sei que ele está indo até uma das salas VIPs no andar superior. São camarotes caríssimos, como caixas de vidro onde pequenos grupos podem ficar mais à vontade, com vista para a pista.
Ele entra com Danielle em um dos camarotes e os dois trancam a porta. Eu passo a minha pulseira pelo leitor da fechadura eletrônica do camarote ao lado, certo que minha curiosidade acabou de me custar alguns milhares no cartão de crédito. Escureço o vidro pelo meu lado para que não me vejam, mas os dois estão tão ocupados em trocar saliva que nem tomam o tempo de fazer o mesmo.
Mark se senta no sofá e ela se ajoelha em frente a ele, abrindo sua camisa e beijando seu peito e barriga. Danielle o beija e seus lábios se espalham sobre a pele dele, fazendo-o se contorcer em um desejo pungente que aparece no volume de sua calça. Ele desce o zíper do vestido dela curvando-se sobre suas costas assim que ela abre suas calças e o toma nas mãos.
Minha respiração ofegante embaça o vidro na minha frente. Eu puxo o ar entre os dentes com a imagem da boca dela envolvendo o sexo de Mark de cima a baixo.
Ele geme alto. A boca de Riggs parece a coisa mais deliciosa do mundo e junto com o imenso desejo eu sinto uma inveja crescente.
Ela se levanta e tira o vestido pra ele, olhando-o nos olhos, mais ou menos como o sorrateiro olhar de um felino antes de abater sua presa. Na luz fraca e meio azulada ela parece ainda mais bonita. Eu olho seu corpo e minhas mãos se pressionam contra o vidro, como se ela pudesse sentir meu toque caso eu empurre mais forte.
Ele coloca uma camisinha enquanto ela termina de se despir. Me irrita o fato dele estar tão autocentrado que nem percebe a expressão sensual que ela adquire tirando a lingerie. Ela sobe nele, se encaixando lentamente enquanto os dois se beijam e soltam o que ouço como sussurros.
Não entendo o que Mark fala, mas ela gosta e ri. Então começa a cavalgá-lo fazendo ondas com o corpo que parecem me ritmar junto. Estou meio zonzo com o olhar extático de Danielle, como se pudesse ver suas pupilas dilatadas de prazer.
Ela tem seios fartos nos quais Mark mergulha a boca. Ele se delicia neles e ela adora, dando uma mordida no lábio inferior com os cabelos caindo sobre o rosto. Esta imagem me rouba um suspiro profundo. Estou me tocando freneticamente, tentando dar vazão ao desejo meio rústico que me consome. Eu não consigo raciocinar. Estou tomado por um ar meio furioso. Eu quero estar ali. Eu nunca quis ser ninguém além de mim, mas neste exato momento eu quero ser Mark.
Ele a segura pela cintura e avança o quadril pra cima e pra baixo, entrando nela com mais rapidez e mais força. Ela o deixa fazer isso, mas sua expressão endurece um pouco, como se ela estivesse gostando mais antes. Eu gozo quase junto com Mark, mas não tenho o beijo da boca de Riggs enquanto me recupero. Isso me dá uma sensação ruim que revira meu estômago.
Me viro de costas para os dois, completamente ofegante e encosto a cabeça no vidro, tentando entender como cheguei ali e por que há algo em mim puto com o fato deles terem trepado.
Odeio essa sensação de descontrole que ela provoca em mim desde as primeiras palavras que trocamos. Estou convencido que ela é a mulher menos atraente com quem já convivi. Sua beleza não é nem de perto tão magistral como a de Larissa. "Então por que raios estou com... ciúme?".
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Peculiar
Short StoryDanielle é peculiar. Com a ajuda de Clara, sua amiga da adolescência, ela se tornou destemida, encarando de frente os desafios de sua vida e a incansável luta de ser uma mulher fora dos padrões. Ela prefere ser chamada de gorda mesmo. Por que? Porqu...