Capítulo 25

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Danielle

Coloco a camiseta de Brandon assim que levanto da cama. Eu não pretendo devolver as roupas dele que já peguei emprestadas agora que estamos oficialmente juntos. É a minha declaração velada de posse do homem mais incógnito que eu já conheci. Também do mais gostoso e enigmático.
Não faltam adjetivos meio obscuros para Brandon. Mas a minha necessidade dele cresce rápido, assustadoramente.
É a primeira vez que ele fica na minha casa e apesar de ser bem menor do que a casa dele é bom estarmos no meu espaço para variar.
Ele me agarra pela cintura e me devolve para o colchão e eu rio deitada antes que ele beije a minha boca. Não consigo evitar o alívio por estarmos sendo um casal normal, numa cama em um quarto normal. Pra muita gente "normal" é sinônimo de chato, mas o "normal" é meu alívio da intensidade de coisas com Brandon.
Passo as mãos em seu cabelo e sua nuca e ele me encara sério. Temos muitos silêncios em momentos assim, eu gostaria de saber no que ele pensa quando me olha desta forma. Ele fez a barba e os pequenos pontos pretos começam a aparecer em seu rosto, eu o acaricio sentindo a aspereza em sua perfeita linha da mandíbula. Brandon é lindo, com seu queixo levemente proeminente e o nariz ligeiramente grande.
Sempre achei atraentes os homens com fisionomias mais harmoniosas e delicadas. Brandon tem um rosto másculo, um sorriso que quase me incendeia quando aparece e as expressões mais fechadas possíveis, e ainda assim eu sou extremamente atraída por ele.
O olhar dele no meu é poderoso. Eu poderia fazer qualquer coisa que ele me mandasse somente com esse olhar. Ainda bem que ele não sabe disso, e continua me achando desobediente. Ele foi aos poucos conquistando seu espaço em mim, e agora eu já me sinto até inclinada a ser menos teimosa pela sua companhia.
Ele me beija novamente. É como jogar algo inflamável nas chamas acesas. Eu o envolvo com as pernas quando o interfone toca.
- Deve ser a comida. - aviso e ele dá uma última mordida no meu lábio.
Me levanto e puxo a camiseta para baixo, ciente de que minha calcinha é pequena demais. Meu cabelo está emaranhado e volumoso, minha boca inchada de tantos beijá-lo e de sua barba afiada e estou perfeitamente ciente que não deveria receber ninguém nesse estado. Abro a porta do prédio pelo interfone e aguardo algum tempo, quando a campainha toca eu já separei o dinheiro e a gorjeta do entregador.
Meu susto é tão grande que meu queixo cai quando vejo quem está à porta.
- Isso é jeito de atender, Danielle? - meu pai fala em seu usual tom militar.
O rapaz da pizza surge atrás deles e eu só entrego o dinheiro, quase pedindo pra ele me levar junto, nestes trajes mesmo.
- Pizza? - minha mãe olha admirada. - Não é à toa que você está desse tamanho.
- Não vai nos convidar pra entrar? Vamos ter que conversar do corredor? - meu pai levanta as sobrancelhas.
Eu e minha pizza saímos da frente da porta e os dois entram. Ainda não consegui abrir a minha boca pra falar, muito menos justificar minhas roupas, meu peso e o iminente encontro deles com Brandon.
- O que vocês estão fazendo aqui? - pergunto realmente porque é a única coisa passando na minha cabeça.
- Sua mãe viu em algum lugar que você está namorando alguém. - Coronel Riggs nunca foi de dar muitas explicações.
- Ele é um bonitão famoso. O chefe dela, eu disse pra você. - ela responde. - Ele nunca presta atenção no que eu digo.
- Eu já estou feliz por ele ser um homem. Não precisava nem ser famoso. - meu pai esbraveja.
- Então viemos jantar na cidade e resolvemos te fazer uma visita. - minha mãe completa.
- Algum problema, Danielle? - Brandon surge do corredor, nu e despreocupado.
Dou um grito e me lanço em sua direção.
- Perfeito.- eu digo escondendo a nudez dele com minha bunda e vamos andando para trás no corredor.
- Definitivamente é um homem, Henry! - ouço minha mãe confirmar antes de entrar no quarto com Brandon.

Estou completamente mortificada enquanto Brandon se veste. Não era exatamente a forma como eu imaginava que ele fosse conhecer minha família. Ou que ele fosse conhecê-los tão cedo.
- Eu sinto muito. - digo colocando minhas roupas o mais rápido que posso. - Eu não sei o que eles estão fazendo aqui.
- Não foi exatamente sua culpa. - Brandon diz desconcertado.
Olho pra ele meio perdida.
- Eu não sou muito bom com pais. - ele diz honestamente.
- Eu nunca apresentei ninguém pra eles. - confesso.
- Uau. Estamos com sérios problemas. - ele conclui e concordo. - Vamos lá, Riggs. Coragem.
- Podemos sair pela escada de incêndio. - aponto a janela do quarto enquanto Brandon me guia pelos ombros na direção da sala. - Sério, vamos.
Ele ri e nega. Podia ter sido uma grande escapada, mas parece que meu parceiro de crime prefere conhecer os Riggs.
- Adelia e Henry Riggs, mãe e pai, este é Brandon McAllister. - digo quando chegamos na sala.
- Peço desculpas pela entrada de antes. - ele diz e eu tampo o rosto com as mãos.
Eu quase nunca vejo meus pais, quando os vejo pareço estar gravando vídeos pornô amadores em casa. Começo a rezar por um pequeno desmaio que me impeça de continuar na mesma sala que os três por mais tempo.
- É um prazer. - minha mãe sorri virada em simpatia. Meu pai faz um resmungo.
- Se ela engravidar você vai ter que se casar com ela. - meu pai aponta e Brandon quase engasga.
- Meu Deus, pai... Por favor. Eu não sou uma adolescente. - cerro os dentes pra ele.
- Eu sei, mas seus outros relacionamentos não podiam exatamente te engravidar, não é? - ele responde rabugento.
- Ninguém vai engravidar aqui. - decreto me sentindo muito desconfortável. - Fome? Alguém? - eu pareço uma pessoa histérica, completamente nervosa e vou até a cozinha pegar pratos.
- Nós já comemos, Dany. - minha mãe vem atrás de mim.
- Pelo jeito eles também, mas agora querem pizza. - meu pai grita da sala.
- Pai, por favor! - peço envergonhada.
- Vamos por favor começar denovo, essa situação está impossível para todos nós, claramente. - Brandon racionaliza. - Sexta à noite. Na minha casa, vamos todos jantar civilizadamente.
- Com recepções em roupas, por favor, rapaz. - meu pai diz e Brandon está alheio ao meu pedido de "não" da porta da cozinha.
- Combinado. Estarei usando no mínimo duas camadas, pra garantir. - ele fala sério e minha mãe começa a se preparar para ir embora.
- Nos passe o endereço depois. - ela me diz e dá um beijo na minha bochecha. - E coma só um pedaço de pizza, por favor, Dany.
Eu reviro os olhos e me despeço do meu pai. Brandon me olha com um sorriso no rosto assim que eu fecho a porta e respiro aliviada.
- O que tem graça? - pergunto e ele ri compulsivamente. Eu nunca o vi gargalhar assim e é gostoso, mas estarrecedor que ele consiga achar graça do que acabou de acontecer.
- Sua mãe vai sonhar comigo hoje. - ele brinca.
- Ah, meu Deus eu não estou ouvindo isso. - rio sabendo que ele está certo, eu sento no sofá me abanando e Brandon me beija.
- Nós acabamos de marcar um jantar com seus pais? - ele fala segurando meu rosto entre as mãos.
- Você marcou. Eu com certeza não vou poder ir. Boa sorte! - falo sorrindo e ele me beija novamente. - Ou então podemos dar uso pro seu armário e usar finalmente aquelas mordaças.
Brandon ri enquanto nos acomodamos no sofá para comer.

Quando eu chego no escritório no dia seguinte tenho que encarar novamente todo tipo de olhares. Brandon está logo atrás de mim e escuto sua voz firme.
- Cabeça erguida, Riggs. Não estamos fazendo nada errado.
Arrumo minha postura e continuo andando até a mesa de Jeremy. Quando nos vê ele levanta prontamente, com um ar meio assustado.
- Sr. McAllister, Larissa está te esperando. Eu não sabia se podia ou não deixá-la entrar. - ele informa prevendo uma bronca.
- Tudo bem, Jeremy. - Brandon me olha.
Acho que ele tem que fazer isso sozinho e nem continuo andando em direção à porta.
- Vou tomar um chá. - digo e saio com uma sensação esquisita no estômago.
Larissa sempre gostou de mim e eu respondi ficando com o namorado dela. Alguma coisa me diz que não sou sua pessoa favorita no mundo.

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