Capítulo 14

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Brandon

A mente de Danielle é extraordinária. Eu preciso reconhecer que ela mexe comigo, me provocando a pensar além da minha zona de conforto. Ela consegue me sugerir uma festa com um tema absurdo e me fazer considerar seriamente uma boa ideia. Ao mesmo tempo que ela me convence de coisas, me confunde com maestria.
Ela está usando minha roupa. Ela sumiu no meio da noite como se tivesse se arrependido de ter transado comigo. Eu estava convencido disso. Então ela aparece usando minha camisa, pra me lembrar do que aconteceu. Eu não sei como devo me sentir a respeito disso. A única coisa que eu sei é que ela parece orgulhosa de estar usando um souvenir da noite passada, como prova de seu domínio completo sobre mim.
Isso me irrita. Eu não gosto de ser subjugado. Eu que mando, eu sou o dono das coisas. Mas no momento estou mais bravo com o fato dela ter um souvenir e eu só as memórias dela sob mim, seus gemidos e sua voz macia me enlouquecendo.
Fico me lembrando de cada minuto incessantemente, apesar de me revirar por dentro, eu não quero esquecer nenhum detalhe. Tenho medo de esquecer e por isso continuo me torturando a pensar nela, puto de raiva porque ela tem esse efeito dominante em mim.
- Por que está tão quieto, Bran? - Larrisa se senta na minha mesa e eu a recrimino com o olhar.
- Há poltronas, cadeiras e sofás aqui, Lissa. Pode escolher um. - aponto para o resto do ambiente.
- Nenhuma delas fica próximo de você, querido. - ela sorri, mas se levanta. Então se senta no meu colo e me beija a boca.
Larissa é linda, divinal. Por alguns segundos, enquanto a seguro nos braços e sinto seu peso sobre minhas pernas, paro de pensar em Danielle.
- Faz tanto tempo que você não me toca. - ela fala no meu ouvido e coloco a mão em sua coxa, vou subindo a mão até sua calcinha. Ela dá um gemido sensual e envolve meu pescoço em seus braços esguios.
Enquanto a toco ela rebola se esfregando no meu colo.
Este sou eu. Tenho Lissa nas minhas mãos, ofegante pelo contato dos meus dedos em suas curvas mais íntimas. Eu controlo o que está acontecendo com seu corpo, pressionando mais firme e depois mais devagar e delicadamente seu sexo. Eu controlo. Eu sou o dono. Nada parecido com a figura patética e suplicante que eu era ontem.
- Bran. - Lissa fala entre um gemido e outro no meu ouvido. Respondo com um "hum" abafado em seu pescoço. - Eu sei que ela não é seu tipo, mas Mark me disse tantas coisas sobre Danielle.
- Pare. - eu ordeno. Eu não quero Danielle na boca de Larissa. Em nenhum sentido.
- Ela é linda, Bran. - ela me desobedece inadvertidamente, segurando a minha boca para me beijar. Eu fico meio inerte, minha mão dentro dela parece adormecida.
- Não! - esbravejo. - Ela não, Lissa. - minha palavra é final.
- Está com ciúmes? Você sabe que eu sou sua, Brandon. - ela tenta me convencer, eu me levanto forçando-a a ficar de pé e arrumar suas roupas. Nossa interação e minha habilidade de não pensar em Danielle acabaram, definitivamente.
- Chega dessa conversa. - falo duramente.
Ela para por alguns instantes e fica pensativa, extremamente séria, então faz uma cara espantada, como se tivesse feito uma grande descoberta. Eu estou bravo com essa conversa, com a insistência egotista de Larissa em usar Danielle para se satisfazer.
- Você gosta dela! - Larissa fala surpresa.
- Isso é ridículo. - nego com veemência, embora minha convicção tenha falhado junto com a minha voz.
- A camisa que ela está usando é igual a sua. Exatamente a que você estava usando ontem. - Larissa me olha e eu sei que não há volta para a conexão que ela está fazendo em sua linda cabeça nesse exato momento. - É igual a sua, ou é a sua, Bran?
Eu não consigo falar. Meu acordo com a Larissa é simples. Ela pode sair com quem queira e eu posso observar. Nunca falamos sobre eu sair com outras pessoas, porque de fato eu não preciso e não quero. Pelo menos não queria. Essa situação é impossível e eu não sei como enfrentá-la.
Estou odiando estar assim.
- Brandon! - Larissa quase grita. Ela está furiosa e me encara de uma forma que parece conseguir me causar uma sensação ruim no estômago. - Eu estou aqui tentando te convencer que ela é bonita, achando que seria a última mulher no mundo que você olharia. E você está dormindo com ela?
Ela sabe o que significa eu dormir com outra mulher. Ela sabe que pra isso acontecer eu teria que estar completamente fodido da cabeça. E bem, parece que é o que está acontecendo de fato.
- Estou atrapalhando algo? - Danielle parada na porta causa uma mistura de alívio e apreensão em mim.
- Está sim. - Larissa é fria.
- Lissa! - a repreendo duramente. Eu defendo Danielle quase instintivamente e isso só reforça as suspeitas de Larissa.
No caminho para a porta ela fuzila Danielle com os olhos. Sei que vamos ter essa discussão mais tarde e perco a vontade de ir pra casa. Odeio discutir relacionamentos. Odeio com todas as minhas forças.
Danielle fecha a porta e eu passo as mãos no rosto e no cabelo, num gesto nervoso, impaciente. Estou extremamente frustrado e como forma de conseguir me centrar e pensar direito eu preciso tirar Danielle de perto de mim. Então dou a ela plena autoridade para organizar a festa no clube noturno. Temos uma equipe para eventos e eles estão dois andares abaixo de nós. É pra lá que a mando para poder respirar.
De alguma forma, saber que ela está debaixo de mim me trás a melhor satisfação da minha vida. Seja no meu divã ou pensando em couro e música dois andares a menos.

Quando chego em casa de noite estou pronto para dizer toda a verdade para Larissa. Talvez seja melhor darmos um tempo no nosso relacionamento. Eu não gosto de admitir que estou confuso e meio perdido. De um dia pro outro eu me vi fazendo coisas que eu jamais imaginei fazer.
Preciso do meu autocontrole.
Passei o dia pensando e tirei três conclusões definitivas:
1 - Eu gosto de quem e como eu sou. Não sou assim quando Danielle está perto, o que me leva à segunda conclusão:
2 - Vou demitir Danielle. Eu preciso ficar longe dela porque sua proximidade não me permite respirar, pensar ou funcionar direito. Inclusive minha obsessão por ela fez com que eu traísse a mulher mais perfeita que eu conheço. O que me leva à terceira conclusão:
3 - Se Larissa realmente fosse perfeita, eu não me permitiria procurar por perfeição em Danielle. Então Larissa também precisa ir.

Não vou resolver todas as coisas nessa exata ordem. De fato será o inverso. Hoje vou lidar com Larissa, depois da festa que está programada para poucos dias, vou lidar com Danielle. E livre de tudo, voltar a ser eu.

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