Capítulo 13

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Danielle

Abro os olhos ainda meio sonolenta. A respiração no peito de Brandon debaixo da minha cabeça é lenta e calma e cuido em levantar devagar, saindo do braço dele ao redor da minha cintura. Eu olho seu rosto sereno ao dormir, nem parece o sujeito arrogante e obstinado que manda em tudo. Me arrumo como posso, sentindo o corpo ainda meio anestesiado. Ao chegar no vidro não vejo mais Larissa e Mark no aquário de sexo do excêntrico sr. McAllister. Coloco o vestido sentindo um arrepio de frio, então pego a camisa dele e me visto, seu perfume me leva de volta a algumas horas atrás. Ele realmente não tem nada pequeno, não foi mentira. Sua obsessão por controle é derivada de qualquer outro trauma, definitivamente não é esse.
Pego meus sapatos nas mãos e uso o telefone aos sussurros para chamar um táxi. Ainda dou uma última olhada no dorminhoco pacífico e sorrio antes de fechar a porta.
Encontro meu caminho pra fora da casa dele assim como achei o caminho pra dentro. Foi uma noite bem maluca e inesperada. Entrei num triângulo bem doido entre Larissa, Brandon e Mark.
"Só falta transar com Larissa pra fechar um quadrado.", penso rindo enquanto aguardo o táxi sentada nos degraus de concreto da casa de Brandon.
Eu logicamente não vou transar com Larissa. Lembro dela me elogiando e Brandon a chamando duramente. Ele deixa a namorada transar com Mark mas não a deixa se aproximar de mim, acho que morre de ciúmes dela com outra mulher. Um homem que se permite prazer com coisas socialmente duvidosas, como traição, teria algum preconceito com homossexualidade? Ele certamente deve se lembrar que eu disse preferir Larissa a ele na primeira vez que nos vimos, então talvez seja isso que o faz não permitir que ela sequer chegue perto de mim.
Ele é controlador, mil vezes o imaginei amarrando Larissa em um daqueles cenários sadistas de sexo, não seria nenhuma surpresa pra mim caso ele o fizesse de verdade. Mas ele não pareceu querer me controlar. Pelo contrário. Ele esperou que eu o beijasse. "Danielle, por favor.", eu me lembro exatamente de como sua voz soou. Eu não entendo esse homem. Isso é fato. Uma hora o imagino com um chicote em roupas de couro e na outra ele está pedindo permissão pra me tocar.
Meu estômago tem pequenas borboletas geladas quando me lembro do exato momento que ele entrou em mim. "Deus, ele é bom. Muito bom.", sorrio e coloco as mãos no rosto. Eu acabei de transar com meu chefe, embora ele tenha me demitido um pouco antes. Isso me faz questionar se eu devo ir pro escritório quando amanhecer ou se posso ficar em casa me recuperando da leve ardência entre minhas pernas.
O táxi chega e eu dou uma olhada para a casa.
"Grande como seu ego. E outras coisas também.", rio sozinha e chacoalho a cabeça. "Controle-se, Danielle.", ordeno e entro no carro dando o endereço da minha casa. Um banho e cama.

Eu nunca sei muito bem o que fazer depois do sexo. Ainda mais agora que preciso encontrar meu parceiro, fora dos padrões. Eu sou fora do padrão fisicamente. Mas ele é um outro tipo de diferente.
Eu estou usando a camisa dele. Parte porque não quero ainda me livrar do cheiro dele e parte acordei tão atrasada que não quis pensar sobre o que vestir. Enfiei a barra para dentro da calça e os botões de cima abertos mostram a regata branca por baixo. Se me perguntar, digo que ficou perfeita em mim. Quase tanto quanto o próprio Brandon.
Abro a porta do escritório após cumprimentar Jeremy e uma onda de acanhamento me percorre. Ele está na cadeira, olhando para fora e quando dou bom dia escuto seu suspiro profundo.
Ele sempre faz isso quando me pronuncio e eu nem sei bem o motivo da minha presença ter esse reflexo.
- Dormiu bem, Riggs? - ele pergunta ainda de costas. "Ok, voltei a ser tratada pelo meu sobrenome. Isso é um indício de normalidade.", relaxo, embora eu tenha adorado ouvir meu nome no seu timbre grave. Não Riggs, não Dany. "Danielle, por favor.", me lembro e um arrepio inevitável me arrebata.
- Muito bem, senhor. - respondo deixando minhas coisas no sofá.
Ele se vira lentamente e me olha. O cabelo arrumado, os olhos intensos e a boca tensa tem um efeito bem realista em mim.
Ontem foi um alívio atípico de seu decoro. Hoje voltamos a ser o chefe intransigente e a funcionária insubordinada.
- Estive pensando nos temas para a festa em seu novo estabelecimento. - digo tirando alguns papéis da bolsa. Ele me observa com um jeito indecifrável.
- Já disse que não quero uma festa temática. - ele bronqueia mal humorado.
- Pensei nisso até dormir essa noite. - ignoro seu comentário com proficiência.
- Da primeira ou da segunda vez que dormiu? - suas sobrancelhas se arqueiam perfeitamente.
- Que diferença faria? - devolvo com o mesmo gesto e seu olhar me fuzila.
- Se for da primeira então eu ainda estaria dentro de você quando pensou. - ele diz isso como quem diz "olá". Eu engulo em seco.
- De qualquer forma você ainda estava em mim quando pensei. - digo vendo seu corpo se contrair. Coloco o papel sobre a mesa.
Figuras de bondage o fazem travar a mandíbula tão forte que ele fica sem palavras.
- A intenção não é sexual. É uma inspiração apenas. Muito couro, metais, pode haver um ar meio gótico e sexy. Exatamente como você. - ele me olha e dou uma hesitada. - Digo por causa da decoração do escritório e da sua casa. Enfim.
Ele volta a olhar os papéis em silêncio. Tenho certeza que está pensando em colocar uma mordaça em mim. Estou exausta de errar o tempo todo com esse homem.
- Eu gosto. - ele me deixa boquiaberta.
- Mesmo? - falo surpresa.
- Eu gosto. - ele repete e me deixa confusa. Gosta de quê exatamente? Imobilizar alguém com couro e algemas? Da minha ideia para a festa?
- Ótimo. - digo sem ideia do que estou enaltecendo. Ele espreme os olhos.
- Essa é minha camisa? - ele pergunta certo de que é.
- Vou devolver. Prometo.
- Por que está usando minha camisa, Riggs? - ele pergunta sério e não posso dizer que é porque ela mantém meu olfato aguçado e minha calcinha úmida.
- Você é possessivo com suas roupas e deixa sua namorada solta. Vou deixar o número de um bom médico na sua mesa. - desvio o assunto enquanto ele me olha atônito.
Dou um sorriso e saio com o pretexto de tomar um chá o mais rápido que posso.
No corredor encontro Larissa e ela me cumprimenta muito simpática como sempre.
- Bonita camisa, Dany! - ela elogia e agradeço.
Eu começo a achar que o jantar foi alucinógeno e realmente nada daquilo aconteceu. Todos estão agindo normalmente e eu sou a única com vontade de levar Mark, Larissa, Brandon e eu a um manicômio. De limousine.

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