Capítulo 9

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Danielle

Meu final de semana foi perfeito, passei a maior parte dele dentro do biquíni e ao sol, que finalmente saiu esplendoroso. Sempre que eu posso me estico em qualquer pedaço de areia e fico como um lagarto me aquecendo. No final do domingo, após voltar da praia eu me demoro na banheira. Banhos suntuosos, de espuma e aromáticos são a segunda melhor coisa após um banho de mar.
É quase inacreditável que vou ter que abrir mão de toda essa paz interior por mais cinco dias de trabalho. Respiro fundo sentindo a água morna amenizar o efeito solar na minha pele quente. Dá pra escutar o barulho das pequenas bolhas da espuma estourando no meio da nuvem fofa que boia acima de mim.
O interfone soa ao longe. "Sério mesmo?", penso que isso é um prenúncio da iminente incomodação da segunda. "Já vá se acostumando com a falta de sossego, Dany!", aviso a mim mesma enquanto me enrolo em um roupão felpudo e saio pisando com as pontas dos pés no chão frio.
- Dany, posso subir? - a voz é inconfundível.
- Mark? - pergunto só pra ter certeza.
- Eu mesmo. - ele diz simpaticamente. Aperto o botão que o deixa subir.
Dou uma olhada rápida no espelho. Meu cabelo úmido está avolumado e estou molhada cheirando a jasmin. Tarde demais para qualquer coisa, ele toca a campainha e abro. Seu sorriso é iluminado.
- Eu estava na vizinhança. - ele começa a falar e vai entrando.
- Estava é? - digo sabendo que meu bairro não é caminho pra ele. De fato, ele mora do outro lado da cidade.
- Sim. Pura coincidência. - Mark se aproxima de mim. Estou encostada atrás do sofá e ele me encara. Meu corpo se aquece e umidifica, a lembrança do corpo musculoso dele e de senti-lo dentro de mim me fazem ruborizar.
Ele me beija a boca.
- Grata coincidência. - digo sorrindo quando nossas bocas se largam.
- Eu queria te ver. Desculpa vir sem avisar. - ele diz enquanto beija meu pescoço. Estou escorrendo água pelas pernas e me escorrendo pelo meio delas.
- Só me ver? - pergunto maliciosamente enquanto tiro a camiseta de seu corpo e passo as mãos na sua barriga e peito.
"Que homem gostoso. Obrigada, senhor!", o pensamento é maior que eu. Abro um sorriso. Mark acompanha minhas mãos com os olhos e coloca as mãos no meu corpo. Sem o efeito do álcool, me pergunto se ele vai continuar me desejando.
Ele abre meu roupão e me olha lascivamente.
- Está toda molhada. - ele repara.
- Você nem imagina o quanto. - brinco e recebo um beijo pelo mau comportamento.
Levo Mark para o quarto e ele já me deita na cama beijando e lambendo meu corpo inteiro. Me retorço quando ele se livra das calças e fica completamente nu. Tenho vontade de aplaudir, mas o faço só mentalmente pra ele não me achar tão idiota.
Mark se deita me beija longamente. Um beijo gostoso enquanto ele me estimula com os dedos e eu gemo em sua boca. Ele coloca o preservativo e entra em mim, me fazendo arquear o corpo para trás num gemido alto. Segura minhas mãos com as suas acima da minha cabeça e forte contra o colchão e mete fundo. Eu quase grito, fecho os olhos sentindo as bochechas avermelharem em prazer. Levanto as pernas e o deixo ir bem pra dentro de mim.
Ele me devora deliciosamente bem.
Ao contrário da noite de sexta, eu gozo visceralmente. Ele abafa meus gemidos com sua língua e ainda estou amortecida quando ele me estoca mais algumas vezes até gozar.
Essa vez não foi tão arrojada, mas foi deliciosa.
Ele se levanta e vai até o banheiro. Me ajeito e quando ele volta me encontra na cozinha tomando um copo de água. As reações pós sexo são sempre as piores. As minhas então, são péssimas. nunca sei bem o que dizer, então faço o que sei de melhor.
- Quer ficar pra jantar? - ofereço assim que ele termina de me beijar.
- Eu estava realmente só passando por aqui. - ele diz me dando um sorriso.
- Realmente? E eu aqui achando que você cruzou a cidade pra me ver. - brinco me achando absolutamente idiota. De onde eu tirei a ideia de que ele viria de uma distância qualquer somente com o propósito de estar comigo?
- Vamos sair pra jantar numa próxima. - ele diz me abraçando e vai indo para a porta.
- Mark. - eu chamo e ele se vira pra mim. - Eu não me importo com sexo casual. Mas na próxima vez reserve ao menos uns 15 minutos a mais. Eu nunca sei o que fazer depois de transar, mas eu não sou uma boneca inflável. Se não for assim, bata uma punheta e não apareça na minha porta.
Ele arregala os olhos e fica meio boquiaberto.
- Dany, não foi isso que eu quis fazer. Eu tenho um compromisso agora e estava passando por aqui. Realmente só quis te ver. - ele tenta se explicar mas eu tento olhar em seus olhos profundamente escuros. Eu me lembro que não confio em olhos tão negros e lembro de Brandon.
Talvez Mark tenha mais do chefe do que eu imaginava. Eu não consigo distinguir se ele está ou não mentindo pra mim.
- Qual é seu compromisso aqui perto? - pergunto como forma de amenizar minha desconfiança. Se ele realmente tiver algo a fazer na vizinhança, então não irá titubear e nem demorar a responder.
Ele fica um pouco pensativo.
- Boa noite, Mark. - Eu mesma abro a porta para ele sair.
- Dany, talvez possamos jantar, então. Com sobremesa e vinho. - ele me observa apontando o corredor como forma de colocá-lo pra fora.
- Estou de dieta. E não como mais chocolate. - falo com pesar. Seu chocolatinho abdominal era realmente delicioso.
Fecho a porta quando Mark sai.
Eu não suporto mentiras. Eu teria transado com ele do mesmo jeito se ele chegasse na minha porta e dissesse que só queria uma rapidinha. Nós dois seríamos honestos e pronto, afinal eu gosto de sexo. Mas odeio ser subestimada. Ele acha o que? Que eu devia agradecer por ele querer transar comigo?
"Ah Mark. Eu já gostei bem mais de chocolate.", agora eu gosto mais de mim.

Quando Brandon entra na sala me olha já com seriedade. "Ótimo! Bem vinda segunda-feira!", é só o que penso.
- O que eu fiz de errado desta vez? - já me adianto em perguntar vendo que ele não está pra muitos amigos. - E vai ter que ser uma bem boa, porque eu realmente não fiz nada até agora.
- Você sabia que há uma política na empresa anti relacionamentos? - ele me encara polidamente, todo cheio de formalidades.
- Não sabia. Mas isso explica porque você não se relaciona nem com sua sombra. - brinco tirando os sapatos e sentando no sofá enquanto ele me olha altivo de trás da mesa.
- Você não tem nenhuma postura. - ele critica e eu suspiro.
- Você tem o suficiente por nós dois. - apoio o braço no encosto do sofá e a cabeça na mão. Ele me espreme os olhos. Ele vai me atirar de qualquer janela qualquer hora e corro um risco imenso, pois há várias por aqui.
- É para os funcionários. - ele fala girando lentamente de um lado a outro na cadeira.
- Ok. - concordo.
- Ok? - ele se altera ligeiramente e vejo que seu rosto até ganha uma cor diferente.
O olho inquisitiva. O que ele quer que eu diga? Que não concordo com a política?
Só consigo assentir. Ele fica nervoso e vejo que prende a mandíbula com força.
- Tem alguma coisa que você queira me dizer? - pergunto.
- Você está fodendo com Mark? - ele fala rouco e meio desconcertado.
- A política da empresa não pode ditar com quem eu transo FORA da empresa. - enfatizo o "fora" e vejo as chamas crescerem em seus olhos. - Eu não acho possível que você esteja querendo me dizer que eu não posso transar com Mark.
- É exatamente o que eu estou dizendo. - ele se levanta e apoia as mãos na mesa, claramente tentando me intimidar.
- Você é meu chefe, senhor. - ironizo o vocativo e ele prende o ar enquanto fico de pé pra afrontá-lo. - Mas não é meu dono. E desde que eu não esteja "fodendo" com Mark dentro deste prédio, o resto não é da sua conta.
Ele cerra os punhos.
- Você nem deve gostar tanto assim do sujeito, mas é capaz de trepar com ele na calçada da frente do prédio só pra me contrariar. - ele quase grita.
Eu dou uma pausa. Eu não deveria estar dando nenhuma corda pra essa discussão, tentando argumentar com um homem que acha que está sempre certo. Minha vida sexual não é da conta dele.
- Eu seria bem capaz disso, mas não vou. - digo voltando a me sentar. - Se eu quiser transar com Mark, eu transo e quanto menos você souber, melhor.
Ele sai de trás da mesa e serve uma bebida.
- Sério? Não existe uma política contra álcool antes das 9 da manhã? - falo indignada vendo- o sentar no sofá em frente a mim.
- Não. - ele bufa e observo que pela primeira vez ele não está impecavelmente bem alinhado. Os cabelos que fazem ondas escuras sobre sua cabeça começam a precisam de corte e a barba precisa ser aparada, mas eu até gosto dessa figura menos contida. Fico olhando pra ele. O final de semana deve ter sido uma merda pra ele estar descontando em mim, ou então essa porra de política é muito importante pra ele. Fico quase com dó de espezinhar ainda mais.
- Você está certo. - digo e ele me encara meio surpreso. - Eu nem gosto tanto assim do sujeito. Não vou quebrar sua política de relacionamentos. Pelo menos não mais.
Ele quase sorri, e sua expressão suaviza quase satisfeita. Eu não evito em franzir as sobrancelhas.
- Você é mais louco do que eu pensava. - desabafo.
- Não gosto dessa palavra, Riggs. Prefiro me achar peculiar.
"Louco.", respondo mentalmente.

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