Capítulo 21

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Danielle

Não é que levar Clara para conhecer Brandon tenha sido uma má ideia. Foi péssima. Eu não tenho ideia porque concordei com isso. Acho que no fundo estava com vontade de vê-lo e sentir sua presença magnificente. Senti falta de Brandon, e nem pensei muito em como ele reagiria a Clara.
Ele está vidrado em apenas uma questão. Se eu dormi ou não com ela.
Não é da conta dele. Ele me viu transar com Mark e isso o fez me enxergar de uma forma diferente, segundo suas próprias palavras.
Agora subitamente dormir com Clara parece um problema pra ele.
Ele me encara nervoso, esperando uma resposta e eu começo a ficar incomodada. Exatamente qual é o nível de satisfação que eu devo a ele?
- Por que isso importa? - pergunto ainda imóvel no meio da sala.
Escuto o tic-tac de um relógio imaginário, contando os segundo para Clara voltar para o mesmo cômodo que nós ou os segundos para Brandon explodir. O que acontecer primeiro.
- Porque sim. - ele me olha meio perdido. Ele é orgulhoso demais pra dizer que está com ciúmes, e eu demais pra afagar seu ego, dizendo que ele é o único pra mim.
- Sim. - respondo firmemente.
Ele me encara como se eu o estivesse decepcionando. Não temos nenhum contrato, não temos definição. Brandon é um mistério pra mim. Eu o sinto no meu sangue às vezes e outras tão fora de mim que não consigo entender como pude ficar com ele. Ele desiste de me encarar e vai até o bar pegar mais um pouco de bebida.
Eu me sinto esquisita com isso e sei exatamente a razão.
- Obrigado pela informação. - ele diz sarcasticamente.
- Eu não vim pra te contar isso. - me explico, embora esteja me sentindo um pouco ofendida pela forma como ele está me tratando.
- Você não veio, mas ela sim. - ele fala de Clara, eu a vejo voltando para a sala e prevejo um desastre. Ela vê meu olhar meio suplicante e desvia, sumindo do meu campo de vista.
Eu me aproximo dele, consigo sentir o nervosismo e o calor que estão emanando juntos de seu corpo. Os olhos estão levemente abertos demais, como se a adrenalina o fizesse mais alerta. Pego o copo de sua mão, sabendo do risco que estou correndo, já que ele não gosta que mexam em suas coisas. Então eu o decifro. Ele não gosta que mexam com suas coisas!
- Eu gosto de você. - confesso parada em sua frente e ele tem uma postura rígida. - Eu quero você. - ele suspira, tentando dissipar o nervosismo. - Mas você não é meu dono.
- Foi isso que você veio me dizer então? - ele é inflexível.
A proximidade dos nossos corpos me deixa tensa e excitada, por mais que estejamos sendo hostis um com o outro.
- Não. - engulo em seco. - Vim porque Clara pediu.
- Clara pediu. - ele ri ironicamente. - Engraçado como você não consegue fazer uma coisa que eu peço, mas Clara consegue tudo com você.
- Você não pede. Você manda, senhor. - insisto em minha causticidade.
- E ninguém manda em você não é? Exceto Clara... Clara pede. - ele cerra os dentes e tenho o impulso de responder com o máximo da minha falta de educação. Mas me controlo.
- Ela queria conhecer você. - eu dou um passo a frente mas não encosto nele. Só quero irresistivelmente olhar em seus olhos nesse momento. - Porque queria conhecer o homem por quem eu posso estar me apaixonando.
Brandon não recua o olhar, ainda tenho a impressão que ele quer me matar. Mas alguma coisa muda.
É o primeiro homem por quem eu me apaixono. Isso me confunde. Ainda mais porque ele não é exatamente previsível e sempre deixou claro que eu não era atraente pra ele. Mas temos algo além disso.
Temos uma conexão intelectual aguçada e uma química anormal. Temos tanto a fazer juntos que me dói pensar que ele vai me dispensar porque eu gosto de Clara. Mas eu preciso que ele saiba que não consegue e nem pode controlar minhas escolhas.
Está claro pra ele que eu não quero ser sua sombra, e claro pra mim que eu quero estar ao lado dele. Eu fiquei com Clara, eu gosto dela como qualquer pessoa ainda pensa com carinho em seu primeiro amor e sua visita veio dar a conclusão de uma história inacabada.
- Senhor. - eu digo colocando a mão no rosto dele. - Não temos nada hoje além de muita atração e memórias boas. Se amanhã você quiser discutir outros termos pra quanto você pode ser meu e eu sua, estou disposta. Mas não fique bravo comigo pelo que fiz enquanto não temos isso em acordo.
- Amanhã? - ele me olha um pouco menos bravo. Eu sei que ele é racional e gosta de definições concretas.
- Sim. Amanhã. - digo acariciando seu rosto e sentindo a barba curta espetar meus dedos. Essa conversa remói meus pensamentos.
Eu sei que não há uma grande paixão me tomando de assalto. Mas estou me deixando apaixonar.
Foi depois de me deitar nua ao lado de Clara que me percebi sentindo falta dele. E ela me perguntou no que eu estava pensando. Eu respondi rápida e honestamente, "Em Brandon.".
Pronto.
- Clara vai embora amanhã. Quero que meu último fim de semana sem um namorado seja com ela. - digo decidida. - Pode aceitar isso?
Ele assente meio contrariado.
- Fiquem para o jantar. Ao menos posso conhecer melhor garota que te fascina tanto. - ele pede.
- Vamos ficar. - Clara entra na sala e ele a olha um pouco menos contrariado. Saber a data de sua partida e nosso recente acordo deve ter ajudado a tranquilizar seus ciúmes.
Durante a refeição os dois conversaram amigavelmente. Me peguei em alguns momentos admirando os dois, como se fossem partes do que me completa. Ele a intempestividade e a força, ela a doçura e o cuidado.
Minha cabeça está uma bagunça, mas meu coração surpreendentemente calmo.
Depois do jantar fomos ao bar tomar um bourbon juntos. Eu me distraí olhando a piscina enquanto Brandon explicava à Clara qualquer coisa sobre seus negócios. Lembro claramente do dia em que Larissa se aproximou de mim neste mesmo local e Brandon foi rápido em afasta-la de mim.
Na época achei que fosse ciúmes dela. Hoje tenho quase certeza que de fato era de mim que ele sentia ciúmes.
Sinto as mãos de Brandon passando pela minha cintura e seu corpo me aquece instantaneamente. Encosto a cabeça em seu peito e ele me aperta contra si. Minhas costas nele sentem seu coração batendo acelerado.
Ele beija meu pescoço e giro devagar a cabeça para o lado. Não quero parar, mas tenho que pensar em Clara. Abro os olhos para pedir a Brandon que pare e Clara está na minha frente.
Brandon estica o braço e pega a nuca de Clara, puxando-a para mais perto de mim e fazendo com que nossas bocas se unam. Ela me beija vagarosamente enquanto envolvo meus braços em sua cintura e ela passa os seus ao redor de mim, segurando as costas dele.
Meu corpo inteiro se eriça e desperta na excitação mais intensa.

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