Capítulo 32

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Brandon

Meus pais ficam surpresos com minha descrição de Danielle. Do momento que os encontrei no aeroporto até a chegada no Elle eu não consegui parar de falar nela e todas as suas qualidades incríveis.
Chegamos exatamente quinze minutos antes dos primeiros convidados. Eu deixo que todos sejam orientados sobre seus assentos com as organizadoras da festa e tento ligar para Danielle no celular. Ela não atende, mas sei que ela não deve ter conectado o telefone no sistema de áudio do carro.
A maior parte da minha família chega e ligo para casa. Lawrence me informa que Danielle saiu há pelo menos meia hora. Algo em mim está numa agitação terrível e incômoda.
Ela não me deixaria em plena festa de noivado. Eu conheço o espírito livre e indomável de Danielle. Mas o que temos é real pra ela também.
Peço que os seguranças da casa façam o caminho até o clube noturno. Minha cabeça dói com a possibilidade de algo estar errado.
Me irrito em ter que justificar o atraso dela sem saber seus motivos, inclusive quando seus pais chegam. Mark me cumprimenta e percebe meu desajuste.
- Onde está a futura sra. McAllister? - ele me pergunta depois de um aperto do mãos.
Eu não respondo.
- Sr. McAllister. A srta. Kegan não está na lista. Mas ela está lá fora. - um dos seguranças diz vindo ao meu encontro.
Eu não consigo lidar com Larissa e suas cenas. Ela não desiste e eu tenho receio do que ela vai fazer na frente dos jornalistas que estão lá fora.
- Mark, por favor, vá lá fora e faça qualquer coisa com Larissa. Mas não a deixe fazer uma cena. - ordeno mesmo sabendo que não tenho autoridade alguma sobre ele neste ambiente.
Ainda assim ele me obedece prontamente.
Eu escapo das pessoas que me solicitam. Realmente só quero ver Danielle entrando pela porta pra acalmar a tormenta que está se formando dentro de mim.
- Bran, está acontecendo algo? - minha mãe me lê como um livro.
Eu nunca consegui esconder meus sentimentos dela, especialmente o medo.
- Danielle já devia estar aqui. - digo aflito.
Falar isso em voz alta faz com que meu corpo inteiro se contrair. Mark passa ao fundo do salão com Larissa e ela me encara com um sorriso cínico.
Meu impulso é transformar minha preocupação em raiva e colocá-la para fora com as minhas próprias mãos, mesmo na frente de todos os fotógrafos.
Avanço na direção deles com uma raiva desproporcional aos atos dela quando meu telefone toca.

Desespero.
Puro e completo desespero é o que me toma no caminho do hospital. Eu não consigo pensar em mais nada além de tentar lembrar uma oração que minha mãe me ensinou quando eu era pequeno.
Os anos chegaram e eu desaprendi a acreditar na fé e no poder de uma prece. Mas nos minutos que levaram o trajeto para o hospital eu tentei pedir a Deus que não me punisse pelos meus pecados.
Não tive notícias de Danielle pelo telefone. Só soube que houve um acidente. Apenas isso. Um acidente.
Entro pelas portas do hospital como um louco cego. Meu aperto no peito quase não me deixa perguntar sobre ela.
Me pedem para esperar. Mas eles não me conhecem e nem sabem do que sou capaz. Eu não espero.
Entro na área restrita gritando o nome de Danielle. A procurando em cada cortina fechada dos leitos do pronto atendimento até que alguns médicos me param junto com alguns seguranças. Eu me identifico, ou pelo menos acho que é isso que estou fazendo.
Minha sensação de impotência diante da situação me rouba a sanidade. Estou no meu pior.
- Ela está em uma cirurgia. - um dos médicos diz tentando me acalmar.
Ele não faz ideia que em poucos minutos os pais de Danielle chegarão e então ele vai ter que lidar com o descontrole absoluto.
Cirurgia. Significa que ela está viva. Eu consigo respirar.

A espera por notícias é torturante. Tenho que responder perguntas à polícia, à seguradora e a mim mesmo com os questionamentos cruciantes da minha cabeça.
Danielle teve uma hemorragia por trauma craniano. Eu nem sei o que isso significa, mas os médicos me chamam para conversar longe do restante da família e saio da sala deles fazendo algo inédito até pra mim sem conseguir conter o choro triste em pleno corredor.
Minha mãe me abraça e peço que ela me ensine novamente aquela oração. Vamos precisar dela.

Entro no quarto e Danielle ainda está inconsciente. Há tantos tubos entrando e saindo dela que me assusto com a aparência de tudo isso. Ela tem alguns ferimentos pequenos no rosto, de estilhaços de vidros e alguns hematomas. Eu não posso ficar muito tempo, já foi difícil impor aos médicos a minha necessidade de vê-la agora. Então eu me aproximo dela, incerto de que vou conseguir sair do hospital para ir para casa, mesmo sem poder continuar com ela.
- Por favor, Danielle. Seja teimosa. Por favor. - peço em seu ouvido com as palavras do médico ecoando na minha cabeça "ela precisa acordar para sabermos ao certo se está tudo bem.".

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