Danielle
Levanto da cama com o corpo dolorido e quente. Clara sai do banho enrolada em uma toalha e sorri pra mim.
- Você está bem? - pergunto e ela me dá um beijo.
- Ótima. - ela responde. - Eu adorei você, adorei o seu "senhor". Estou feliz por ter vindo.
Eu a abraço e me enrolo em um lençol para sair do quarto. Em poucas vezes que estive nesta casa eu já sei o meu caminho entre os lugares, especialmente porque pareço farejar Brandon e sua presença. Abro a porta de seu quarto e escuto seu chuveiro ligado.
A água e o vapor embaçam a minha visão, mas pelo vidro consigo enxergar seu corpo bem torneado, a bunda linda que eu adoro apertar e o vulto negro de seu cabelo. Largo o lençol no chão e entro no box. Em suas costas estão as marcas das minhas unhas, seu pescoço e ombro com sinais dos meus dentes. Não apenas de hoje, mas sei que são as minhas marcas nele pois sou eu que enlouqueço quando estou com ele. Nada parecido com o jeito de Clara, delicado e leve.
Estico as mãos e o abraço pelas costas, acariciando seu peito e beijando os arranhões. A água que começa a me molhar é quente e relaxa meus músculos instantaneamente, quase tanto quanto as mãos dele que entrelaçam meus dedos. Ficamos assim, em silêncio por algum tempo.
Se há pouco tempo atrás eu praticamente fugi dele depois do sexo, hoje eu não consegui relaxar antes de procurá-lo. Estou construindo um sentimento diferente por Brandon, ainda meio reticente com a forma que isso vai acontecer pra nós, mas admitindo que quero ficar com ele.
- Já é amanhã, senhor? - pergunto enquanto ele se vira pra mim.
- Ainda há algo que você não queira fazer como minha namorada? - ele me encara com seus olhos sombrios.
Ele não devia ter perguntado.Estou enrolada num roupão felpudo e com os cabelos pingando. Me aproximo da garrafa de cristal e corro os dedos por ela como se a acariciasse. Sirvo uma dose de bourbon e cheiro com vontade antes do primeiro gole.
É o cheiro dele, de seu hálito. Eu chacoalho o copo levemente e me aproximo da parede envidraçada do escritório de Brandon. Debaixo de mim, no quarto de vidro Clara encontra Brandon. Os dois olham pra cima, mas não me vêem por conta do espelhamento externo de onde estou.
Ele tem razão em gostar disso. Eu não tenho controle sobre o que eles vão fazer, mas me sinto poderosa.
Clara concordou com tudo. Inclusive com a ideia peculiar de bondage e submissão. Nenhum de nós três está alheio ao que está prestes a acontecer.
Brandon beija Clara assim que ela deixa cair a toalha que envolve seu corpo. Ele a acaricia e beija seu ombro e ela cede a ele, fechando os olhos. Suponho que ele esteja dizendo a ela a forma de fazer tudo parar caso não esteja confortável.
Brandon então pega um dos aparatos sobre a cama. Meu estômago dá uma encolhida brusca. É uma tornezeleira com uma corrente curta ligando a uma algema em couro. Ele coloca em Clara e seu olhar é compenetrado e sério. Então pega o segundo par e repete os gestos, deixando-a com a mobilidade dos braços reduzida.
Tomo todo o resto do bourbon e deixo o copo de lado. Meu coração bate forte no peito ao ver a expressão de Brandon. Ele já me amarrou, já usou essa mesma tática comigo e sua expressão era igualmente perversa. Mas há um prazer diferente em estar do lado de fora. Um nervosismo que me impede de desviar o olhar e seca a minha boca.
Ele então pega uma máscara que venda os olhos de Clara e a beija. Ela está respirando de forma ofegante. A adrenalina favorece as sensações, fazendo o corpo responder em dobro aos estímulos externos. Brandon sabe disso e a provoca, passando pelo corpo dela um pedaço de tecido que escorrega pelos seios de Clara, seus ombros e braços e pescoço.
Ela suspira com o contato. Então ele passa a tira entre as pernas dela e segura as duas extremidades uma pela frente e outra por trás. Brandon escorrega controladamente o tecido fazendo Clara se arrepia e gemer em excitação.
Ele a deita na cama e coloca seu peso sobre ela, eu assisto a tudo arfando. Eu calculo os movimentos dos dois, eu pareço sentir a intensidade do toque dele. É estranhamente delicioso ser observadora do desenrolar de um desejo.
Não escuto o que eles falam, mas entendo que ela está se adaptando à restrição dos movimentos, com esse aparato ela pode somente mexer as pernas, os braços ficam esticados para baixo. Ele beija seu pescoço, seus seios e sua boca. Apesar de estar excitada não consigo evitar em sentir uma ponta de ciúmes. Ali estão as duas pessoas que me deram visões diferentes sobre mim e me despertaram prazeres incríveis. Eu definitivamente entendo Brandon melhor do que nunca.
Num movimento forte ele prende as argolas do couro nos pulsos de Clara na cabeceira da cama. As pernas longas dela se levantam ao ar e ela já não pode mais movê-las também. Eu engulo o ar com força e coloco as mãos no vidro gelado vendo-a arfar num misto de susto e desentendimento. Brandon segura as pernas dela esticadas para cima contra seu peito, de forma a elevar seu quadril da cama. Então ele entra nela, causando um gemido alto em Clara.
Ele espera e a vejo concordar.
Por mais que se tenha ciência do que é o sexo com qualquer imobilização, quando ele acontece os sentimentos são confusos entre a excitação extrema e a pseudo violência que o envolve. Ele continua calmamente, dando suporte ao corpo dela. Vejo as correntes afrouxarem levemente quando ele investe o corpo nela e voltando a esticar quando ele volta.
Meu corpo inteiro arde com os gemidos de Clara, a sensação é deliciosa. Brandon a toma para si sem nenhum receio, vendo-a enlouquecer enquanto os dois se entregam ao momento. Ele abre as pernas dela e se inclina para soltar as argolas de seus braços, então ela dobra as pernas e as envolve nele, o mesmo acontece com seus braços ao redor do seu pescoço.
Ele puxa a venda para fora de seus olhos e os dois terminam quase juntos, se olhando nos olhos com as bocas próximas.
A cena é poderosa e me arrebata. Estou completamente rendida ao gosto peculiar de Brandon.
Ele olha para cima e faz um sinal com a mão, para que eu os encontre. Eu pego a garrafa de bourbon para levar comigo e vou, entorpecida de desejo.
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Peculiar
Short StoryDanielle é peculiar. Com a ajuda de Clara, sua amiga da adolescência, ela se tornou destemida, encarando de frente os desafios de sua vida e a incansável luta de ser uma mulher fora dos padrões. Ela prefere ser chamada de gorda mesmo. Por que? Porqu...