Capítulo 40

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Brandon

Absolutamente sem fôlego. É como eu me sinto ao ver Danielle vestida de noiva. Seu vestido é reto, em um tule transparente bordado em pérolas e contas douradas. Ela havia me contado exatamente como era o vestido, me fazendo desacreditar que eu teria qualquer surpresa quando a visse.
Quão ingênuo eu fui.
Eu perdi o fôlego, extraordinariamente surpreso pela aparência dela. Seus cabelos castanhos soltos reluzindo ao pôr do sol e o melhor dela, o sorriso amplo no rosto deliciosamente lindo. Meu coração parece querer saltar do peito em ansiedade para que finalmente ela seja minha esposa.
Ter as promessas e o corpo de Danielle não bastaram para afagar meu ego. Quero poder chamá-la de minha. Minha mulher. Minha.
A música que serve para a caminhada dela me inebria. Danielle escolheu andar na minha direção até o altar com La Vie En Rose, ao som de três violinos e um violoncelo. Ela disse que não escreveríamos nossos votos, mas que eu saberia o que ela sempre quis que eu soubesse.
"Quando?" eu perguntei inocentemente, com medo de perder este momento importante. Ela só sorriu pra mim e respondeu "Você vai saber, senhor!".
Sim, eu entendi que é a música a sua declaração para mim, e sorrio pra ela. Ela me corresponde com um aceno de cabeça.
Eu sou o homem mais sortudo do mundo. Recebo Danielle e a beijo sob os protestos dos convidados. Nós não somos nada convencionais, o que faria parecer que eu esperaria até o fim da cerimônia para tomar os lábios de Danielle pra mim?
Nossa cerimônia é rápida e simples, mas muito feliz. Não há festa, só um brinde com bolo e champanhe após o jantar. Clara faz o brinde, falando sobre como Danielle é uma pessoa especial e humana.
Eu sei que suas palavras tem muito sentimento e muito peso, mas sobretudo Clara é grata por ter tido o amor de Danielle. Tanto ela quanto eu temos a sorte de ser amados pela pessoa mais verdadeira do mundo.
Eu tenho certeza que Danielle me fez evoluir. Não é porque ela tivesse a obrigação de fazer isso pelo homem que está ao seu lado. Mas porque eu mesmo senti a necessidade de me tornar alguém diferente para merecer a mulher ao meu lado.
Ela é linda, justa e honesta. Seu constante hábito de ser feliz consigo mesma me viciou em amar todos os detalhes dela. Danielle é um vício do qual eu não quero me livrar nunca. Minha vida tão excêntrica e tão acroma foi matizada em todas as nuances quentes dela.
Eu nunca vou permitir que ela se sinta menosprezada na vida. O que Clara iniciou, com o despertar de Danielle para tudo que ela pode ser, continua comigo. Porque ela mesma faz isso por mim diariamente, me desafiando, me replicando mesmo quando acho isso um traço irritante de sua personalidade forte.
Quando entramos no quarto de hotel, para descansar antes da nossa lua de mel, Danielle encontra o presente que deixei sobre a cama. Ela me olha surpresa.
- Está me acostumando mal com presentes, senhor. - ela diz com seus olhos apertados de um jeito astucioso.
Eu me sento na poltrona após me servir de uma dose de bourbon e fico a observando com meu sorriso mais esperto. Estou entregue a Danielle, de corpo e alma.
Ela dá uma gargalhada deliciosa quando vê o conteúdo da caixa.
- Quando você for me prender para fugir novamente, já vai ter o material necessário pra isso. - brinco.
Ela pega o par de algemas de dentro da caixa e vem andando até mim, então levanta a saia longa do vestido de noiva até o meio das coxas e senta sobre mim com as pernas dobradas ao lado das minhas coxas. Seu beijo me relaxa inteiro.
- Eu não pretendo fugir de você. - ela diz com meu lábio inferior entre os dentes.
Meu sorriso faz minha boca escapar da sua mordida. Tiro a chave das algemas do bolso e coloco em sua mão, ela olha a corrente em ouro branco e lê a palavra gravada na pequena chave. Seu sorriso é vaidoso e cheio de orgulho.
- "Senhora". - ela me encara.
- Achei que seria apropriado, agora que nossa relação hierárquica é similar. - explico passando as mãos na cintura dela.
- Similar, senhor? Não é igual? - ela brinca com desconfiança.
- Não. Sempre vai ter um de nós que manda um pouco mais. - falo com um pouco de arrogância.
- Eu, obviamente. - ela segura minha cabeça contra a poltrona e me beija.
Ela, obviamente. Minha senhora.
Danielle me deixa afastar as alças de seu vestido e beijar seus ombros enquanto ela coloca a corrente no pescoço, atestando sua propriedade sobre mim.

Não tive mais notícias sobre Mark até que ele conseguiu liberdade condicional após dois anos de prisão. Quando os advogados me avisaram de sua saída eu pedi que eles oferecessem a Mark um valor considerável de dinheiro, para que ele pudesse recomeçar sua vida.
Isso não teve a ver com nenhuma parte humanitária de mim. Teve a ver com medo.
Eu não posso suportar a ideia de que ele tente qualquer coisa contra Danielle ou Colin.
Larrisa também sumiu das nossas vidas. Mas soube que ela e Mark se encontraram pouco depois que ele foi solto. Eu levei ao pé da letra o ditado de manter meus amigos próximos e meus inimigos mais próximos ainda por muito tempo.
Depois do nascimento do meu filho quero meus inimigos bem longe, mas com boletins constantes de uma segurança apurada sobre cada um de seus passos, até ter certeza que não são mais uma ameaça.
Colin é um menino doce como Danielle, mas de personalidade como nós dois. Ele é perspicaz e tem toda a sagacidade que eu imaginei que teria. Ele enrola facilmente os avós, deixando os 4 adultos à mercê de suas vontades.
Eu reconheço mais de mim do que eu gostaria nele. Sei que será um grande homem. Tomara que encontre uma grande mulher a exemplo do que ocorreu comigo.
Nossos programas favoritos envolvem a praia. Me rendi ao feitio de Danielle e me realizo ao vê-los sorrindo felizes em meio a muita areia e água salgada. Colin aprendeu a lidar com a publicidade melhor do que a mãe.
Ela por sinal é uma mãe incrível, nada parecida com os medos que ela tinha.

Chego em casa após mais um dia de trabalho, louco para que um beijo de Danielle me acalme a alma. Ela tem trabalhado em meio período desde o nascimento de Colin, mas não mais como minha assistente.
Quando entro na sala Danielle vem ao meu encontro com um copo de bourbon e um sorriso lascivo. Ela está linda com um macacão preto solto e os cabelos presos para o alto.
Me entrega o copo de bourbon com um beijo que não canso nunca de receber.
- Onde está o pequeno? - pergunto com saudades da miniatura de gente que alegra nossos dias.
- Com seus pais, senhor. - ela me diz tirando meu terno e jogando a peça longe.
- E os empregados? - pergunto me divertindo com o caminho de sua boca em meu pescoço, peito e barriga depois que ela arrancou todos os botões da minha camisa abrindo-a num puxão.
- Todos de folga. - ela diz antes de abrir minha calça e se ajoelhar na minha frente.
Eu puxo o ar sentindo sua boca me fazer estremecer, acaricio seu cabelo e dou leves puxões conforme sinto sua boca fazer um vai e vem enlouquecedor em mim.
Sinto as mãos de Clara me abraçando pelas costas e ela puxa a minha mão para dar um gole do bourbon antes de beijar rapidamente minha boca e dar a volta por trás de Danielle. As duas me olham sedutoramente e me carregam pela gravata pelo corredor que vai nos levar ao quarto.
Todas as vezes que nossa dupla se transforma em trio há uma eletricidade no ar que me tira do sério, me envolve em uma insanidade temporária onde podemos tudo. Danielle me ama, eu a amo.
Mas isso que acontece não tem a ver com amor.
É algo diferente. Uma insanidade eu diria muito, mas muito mesmo, peculiar.

FIM.




"A Vida Em Cor-de-rosa

Olhos que fazem baixar os meus
Um riso que se perde em sua boca
Ai está o retrato sem retoque
Do Homem a quem eu pertenço

Quando ele me toma em seus braços
Ele me fala baixinho
Vejo a vida em cor-de-rosa

Ele me diz palavras de amor
Palavras de todos os dias
E isso me toca
Ele entrou no meu coração
Um pouco de felicidade
Da qual eu conheço a causa
É ele pra mim,
Eu pra ele na vida,
Ele me disse, jurou
Pela vida.
E assim que eu o vejo
Então sinto em mim
Meu coração que bate

Noites de amor que não acabam mais
Uma grande felicidade que toma seu lugar
Os aborrecimentos e as tristezas se apagam
Feliz, feliz até morrer

Quando ele me toma em seus braços
Ele me fala baixinho
Vejo a vida em cor-de-rosa

Ele me diz palavras de amor
Palavras de todos os dias
E isso me toca
Entrou no meu coração
Um pouco de felicidade
Da qual eu conheço a causa
É ele pra mim,
Eu pra ele na vida,
Ele me disse, jurou
Pela vida.
E assim que eu o vejo
Então sinto em mim
Meu coração que bate."

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