Capítulo 10

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Brandon

O jeito quieto de Riggs me irrita mais do que quando ela está falando pelos cotovelos. Ela está com o fone de ouvido, plugada no celular o dia inteiro e tocando uma melodia no violão, cantarolando qualquer coisa. Depois da nossa conversa nada amistosa essa manhã ela deve precisar de um tempo. Eu detesto isso, mas tenho que respeitar. Quero ela me provocando, dizendo que sou insuportável e obscenamente chato.
A calça justa em seu corpo não me deixa parar de olhar pras suas coxas. Ela tem uma curvatura na região lombar onde eu já imaginei passar meus dedos e minha língua. Meu arrepio é incontrolável.
A imagem dela mordendo o lábio, com um mar de cabelo caindo no rosto me persegue toda vez que eu pisco e o perfume dela parece ainda mais presente no ar. Eu tento ler a tela do meu computador, mas a presença dela ali não permite que eu me concentre em qualquer outra coisa.
Mark bate na porta aberta do escritório e finalmente nós dois saímos de nossas bolhas para olhar pra ele. Ela praticamente o congela com tanta frieza no olhar. O que quer que tenha acontecido entre eles, foi ruim. Bem ruim.
Riggs coloca os sapatos e sai do escritório dizendo que vai tomar um chá. Mark a observa sair e esfrega o rosto, como se estivesse ciente de que não vai chegar mais perto daquele corpo tão cedo.
Ele suspira e se recrimina com um chacoalhar de cabeça. Eu estou me divertindo vendo sua luta interior, encosto na cadeira e cruzo os braços.
- Vai me contar o que você fez pra ela? - pergunto numa felicidade sádica com seu pesar.
- Eu pisei feio na bola. - ele confessa. - Acabei tomando o pior fora da minha vida.
"Vai, Riggs!", minha torcida é toda dela.
- O que aconteceu exatamente? - quero os detalhes. Todos os piores possíveis.
- Eu a tratei mal, como se estivesse fugindo depois de transar. - ele parece mortificado. - O pior é que eu cruzei a cidade pra ficar com ela, e quando consegui eu agi como um imbecil.
- Por que você fez isso, Mark? - dou um leve e disfarçado sorriso.
- Me diga você, Bran. Já imaginou se nas revistas e jornais em vez da Larissa você estivesse com ela? - ele fala sem nenhuma vergonha de parecer superficial. E é como se eu estivesse me olhando no espelho.
Sinto vergonha por nós dois, na verdade. Larissa nunca transou comigo como eu vi Danielle fazer com ele, se entregando tão deliciosamente. Larissa fode para satisfazer a si mesma, que é como acabo fazendo também, preocupado com meu prazer.
Mas o que vi Danielle fazer é muito mais especial do que isso.
Olho pra ele sem tanta felicidade, agora estou meio crítico com relação a seus preconceitos.
O idiota cruzou a cidade atrás da mulher e ficou com medo de que exatamente? Dela gostar dele? De querer namorar com ela?
"Moleque estúpido!", xingo mentalmente com raiva dele. Quero estapear esse garoto incansavelmente até ele desmaiar.
- Você já transou com Larissa, Mark. - agora quero somente pisotear sua exposição de culpa, simplesmente porque seu ego merece tomar uma surra. Na verdade o meu também merece. Mas não sou eu que está nesta crise. - Ela é tudo que parece ser nas revistas?
Ele arregala os olhos como se acabasse de tomar um choque.
- Acho que nada nunca é o que parece, Bran. - Mark fala desanimado. - Você vai convidá-la para o jantar na sua casa?
- Tenho tentado ficar afastado de Danielle Riggs nos meus horários de folga. - digo sentindo uma inquietação dentro de mim. - Você devia fazer o mesmo.
- Pode ser. Mas tenho pelo menos que tentar fazer com que ela me desculpe. Eu fui ridiculamente frívolo e ela é uma mulher incrível.
Parece que Riggs tem enfeitiçado muita gente ao meu redor. Essa mulher tem algo diferente em si. Deve ser sua extrema confiança. Ela está tão confortável em si mesma que sua sensualidade chega a ser ofensiva.
- Por favor, Bran. A convide. - ele praticamente implora.
- Vou pensar no caso, Mark. - fico tentado a colocar os dois no mesmo ambiente informal, só pra vê-la atropelar Mark com sua autoestima inabalável. Mas me preocupo com o efeito que ela tem sobre mim. Se ela resolver desculpá-lo eu vou remoer minha iniciativa de juntá-los dolorosamente. Eu não quero os dois juntos.
Ele coloca as mãos no bolso e baixa a cabeça, saindo da minha sala meio derrotado.
Faço uma ligação rápida e olho no relógio, é o tempo que Danielle demora a voltar para a sala.
- Vamos visitar um lugar. - informo me levantando e fechando o botão do terno.
- Que lugar? - ela pergunta me acompanhando pelos corredores. Seu passo é apressado em me seguir.
- Você tem sempre que questionar qualquer coisa que eu digo? - dou um pequeno sorriso, embora minha irritação seja evidente.
- Só quero saber onde estamos indo. Acho que é uma pergunta adequada visto que estou sendo obrigada a ir, posso pelo menos saber pra onde. - sua boca apetitosa me entrega todas essas palavras e eu só consigo pensar em como a voz dela massageia meu interior.
"Caralho, Brandon. O que está acontecendo com você?", eu mesmo não entendo como consigo me regozijar tão plenamente apenas com a forma dela se expressar.
- Você não deixa nada pro imaginário, Riggs? - provoco, mesmo sabendo que ela já deu uma infinidade de material pro meu imaginário.
- Até poderia. Mas com nosso histórico eu tenho medo de estar indo pra um encontro com um matador. - ela me faz rir. Então me olha satisfeita. - Quem diria que você é capaz disso.
- De matar você? Eu não ousaria. - respondo quando entramos no elevador.
- De rir, senhor! - ela enfatiza o senhor, me causando uma onda de adrenalina que para direto dentro da minha cueca.
Tenho que respirar fundo para evitar ser dominado pela excitação.

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