Danielle
Eu não conheço forma melhor de dissipar a tensão do que uma noite com vinho, bourbon e sexo. É uma receita infalível de relaxamento.
Já tomei algumas taças para aplacar a ardência no meu rosto e minha mania dominante. Eu nunca apanhei na vida. Especialmente no rosto. É uma humilhação raivosa. Mas o humor tênue de Brandon me impediu se revidar Larissa.
Eu entendi que eu não era seu alvo. Mas se eu resolvesse revidar a situação teria fugido ainda mais do controle. Teríamos nós dois avançado nela com ódio e Deus sabe o que poderia ter acontecido.
A parte de acalmar minha personalidade é para que eu possa jogar o jogo de Brandon, sem nenhum receio.
É difícil entregar o corpo nas mãos de outra pessoa. É ainda mais complicado entregar a segurança, confiar a integridade. Mas com ele eu posso me despir das minhas defesas e me sinto exatamente livre, até quando submetida à sua forma peculiar de se excitar.
Minhas mãos estão atadas por um tecido comprido que arrasta no chão.
Continuamos em seu quarto, o que é bom. Sem as visões de várias de mim nos reflexos eu consigo relaxar melhor e não ficar tão autoconsciente. A coleira foi uma brincadeira.
Eu disse quando combinamos nosso namoro que não usaria uma coleira. Figurativamente explicando que não poderia me submeter aos caprichos da possessividade dele. O que mais eu poderia fazer para ele entender que não há ex namorada ciumenta ou pais meio loucos capazes de me afastar dele?
A coleira foi uma forma de afirmar meu compromisso. Estou neste relacionamento a sério.
Estou nas mãos de Brandon.
- Não se mexa. - ele ordena e eu suspiro em nervosismo, parada ao lado da cama.
Ele pega as pontas do tecido e passa por cima do dossel da cama. Meu braços se levantam instantaneamente com seu puxar suave do tecido para baixo.
- Seja uma boa garota. - ele diz passando o tecido pelo meu corpo e me arrepio com o toque macio.
Ele beija minhas costas suavemente, me fazendo suspirar quando a boca alcança meu ouvido e consigo sentir sua respiração.
Sinto o tecido pelos meus seios e ele dá uma volta nas minhas coxas, pelo meio das minhas pernas.
Não consigo entender onde ele vai chegar com isso, mas me entrego à sensação de estar imóvel. Ele está atrás de mim, passando novamente as pontas por entre minhas coxas, mas desta vezes junta as duas extremidades e passa mais uma vez por cima das nossas cabeças, na barra metálica do dossel da cama.
Quando ele puxa as pontas eu entendo onde ele quer chegar, as tiras entre minhas pernas se esticam, me estimulando o clitóris. Quanto mais ele puxa mais a sensação ofegante me consome.
Eu tento mover os quadris para continuar a fricção ensandecedora, sentindo minha pele aquecer e minha excitação molhada aumentar. Mas o tecido esticado limita meus movimentos. Eu dependo dos braços dele, de sua força e sua vontade de puxar o pano para sentir prazer.
É realmente um prato cheio para meu namorado controlador.
Tento novamente me mover, na ânsia de sentir denovo a pulsação involuntária dos meus músculos. E ele se encosta em mim, se pressionando contra o meu corpo pra mostrar o quanto está rígido e desejoso com a situação.
- Senhor. - digo com um choramingo prazeroso e suplicante. - Por favor.
Eu o ouço rir. Ele está satisfeito com seu jogo e eu sedenta por mais.
Ele puxa mais uma vez e eu gemo. Quanto mais eu me mexo, mais tempo demora pelo próximo puxão. Então eu tento controlar meu corpo, respirando fundo e me movendo o mínimo possível para que ele inicie uma sequência de contrapesos no tecido que me estimulam deliciosamente.
Controlo meu corpo com os pés firmes ao chão e a contração dos meus músculos intensifica o prazer até que eu não aguento mais. Extasiada eu solto o corpo e Brandon me ampara. Ele puxa o tecido habilmente e me desenrola.
Eu me viro e beijo sua boca enquanto ele desamarra meus punhos.
- Boa garota. - ele sorri pra mim, eu correspondo, paradoxalmente feliz por ter obedecido sua ordem de não me mover e conquistado minha recompensa.
Brandon está incrivelmente bonito mesmo que seus olhos ainda pareçam meio descontentes. Eu acaricio seu rosto, suas costas e enfio as mãos dentro de suas calças, o envolvendo numa provocação que o faz fechar os olhos e suspirar.
O guio para dentro de mim e ele segura as minhas mãos para o alto das nossas cabeças, entrelaçando os dedos nos meus.
Nossas bocas continuam se deleitando entre beijos e mordidas enquanto nossos corpos se unem no nosso ritmo meio desesperado e forte. Eu mordo seus lábios e arfo rapidamente entre uma e outra investida dele em mim. Dou algumas dentadas em seu ombro, embevecida de um prazer delirante.
Eu o sinto dentro de mim de um jeito tão bom que não quero que acabe, mesmo sabendo que o fim é quase uma alucinação.
Ele pulsa e eu o aperto. Nossos gemidos mais altos saem quase juntos, abafados por um beijo antes que ele solte seu peso sobre mim.Na sexta feira eu não consigo evitar o nervosismo. Eu nunca apresentei ninguém aos meus pais. Só namorei mulheres até Brandon, e meu pai não era o maior entusiasta disso.
Eles ficaram chateados em descobrir que eu estava namorando por uma reportagem chinfrim em um pasquim qualquer. Mas curiosos e felizes porque ao menos agora era um homem.
Me olho no espelho pela vigésima vez, muito embora não importa o que eu use, minha mãe vai me criticar.
Brandon para atrás de mim e seu reflexo me desorienta. Ele está lindo em uma camisa que eu adoraria usar, num tom queimado de verde. Ele fica maravilhoso em qualquer roupa, de seus ternos bem feitos à roupas informais. Mas minha mãe o conheceu em sua melhor figura, impressionantemente nu e delicioso.
- Podemos fingir que não tem ninguém em casa quando eles chegarem. - dou a ideia e ele ri.
- Você está linda. - ele diz me apreciando e eu sei que não é um elogio vazio como "você tem um rosto bonito (para uma gorda)!".
Ele então me mostra uma caixa preta e a abre, mostrando uma gargantilha em ouro branco e brilhantes.
- Já que você não pode usar a coleira de compromisso em público, achei melhor te dar uma mais refinada. - ele sorri e eu não consigo não ficar boquiaberta.
- É linda. Obrigada. - digo segurando o cabelo para o alto pra ele fechar.
- Eu te amo, Danielle. - ele me encara pelo espelho enquanto me abraça pelas costas.
- Eu também amo você. - sorrio e me viro para beijá-lo quando a campainha toca. - Uau, eles realmente sabem a hora certa de chegar. - reviro os olhos.
- Coragem, Riggs. É só um jantar. - ele me diz tão inseguro quanto eu.
O mordomo vai abrir a porta.
- Ainda tinha que ter comida. - reclamo sabendo que minha mãe vai implicar com meu prato.
Vejo meus pais entrando e olhando tudo impressionados. Sorrio pra ele e vou em sua direção de mãos dadas com Brandon.
Vai ser uma longa noite.

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Peculiar
Short StoryDanielle é peculiar. Com a ajuda de Clara, sua amiga da adolescência, ela se tornou destemida, encarando de frente os desafios de sua vida e a incansável luta de ser uma mulher fora dos padrões. Ela prefere ser chamada de gorda mesmo. Por que? Porqu...