Deixei meu celular em cima do balcão e sentei na cadeira. Pedi a bebida mais forte que esse estabelecimento tinha. Como eu passaria por cima de tudo que havia acontecido na minha vida?
Eu era uma pessoa fraca com pensamentos ruins.
Voltei para casa bêbada e extremamente perturbada. Subi a escada com auxílio do corrimão. Eu não fazia ideia de que horas eram mas supus ser tarde já que ninguém da casa estava acordado. Felizmente não topei com meu pai dormindo em qualquer canto me esperando voltar.
Entrei no meu quarto e fui até minha penteadeira. Procurei pela navalha de fazer sobrancelha. Peguei o objeto cortante e o observei.
Flash de memórias inundaram meu cérebro. Memórias ruins. Lembrei de um episódio muito ruim da minha vida.
Quando mais nova, eu era uma garota muito sentimental. Me apaixonava muito fácil. Quando um ex namoradinho terminou comigo eu pensei que fosse o fim do mundo. Eu estava com tanta raiva que peguei a navalha e me cortei.
Lembro de como doeu e ao mesmo tempo era reconfortante. Lembrei do sangue fazendo uma bagunça por onde pingava.
Eu possuía demônios adormecidos. Nunca fui perfeita. Sempre fingi ser alguém que não era. Uma pessoa feliz.
Deixei a navalha cair no chão e tentei afastar os pensamentos. Esse lugar me trazia lembranças muitos ruins que estavam adormecidas.
Eu precisava sair daqui.
Voltei novamente para o carro. Dirigi até a praia querendo um tempo a sós com a natureza. Ver o oceano me trazia certa paz, eu conseguia pensar com mais clareza. Só tinha uma pessoa ou outra andando por ai igual eu. A brisa aqui era mais fria e mesmo com o álcool ainda no meu sangue eu estava com frio.
Deixei as lágrimas caírem livremente. Sentei na areia de frente com o mar e tirei o celular do bolso. A bateria estava quase acabando.
Liguei para a pessoa responsável por tornar minha vida um caos de sofrimento. Ele atendeu no quarto toque.
— Quero saber uma coisa.
— Pode falar — Dom respondeu, calmo.
— Qual é o seu jogo?
— Que jogo? — perguntou, de volta.
— Todo esse tempo que estive com você, fingi que as coisas sombrias que fazia comigo e meus amigos naquela maldita casa não aconteceram. Mas aconteceu. Você me cortou fisicamente e eu realmente não sei que merda tenho na cabeça por ter ficado com você.
— Você tem toda razão. Eu sempre soube que esse dia chegaria e lamento pelo mal que te causei. E entendo perfeitamente que não queira mais ficar comigo.
Bufei de irritação. Ele não iria aceitar tão fácil meu termino, iria?
— É só isso? Por que está aceitando tão fácil?Tem outra? — falei, e meu estômago revirou só de pensar.
— Não tenho ninguém. Mas também sei que você nunca foi minha e nunca será. Essa é a nossa realidade —disse, com a voz cética.
Escutar isso dele tornava TUDO pior. Eu podia agora enxergar com clareza que estávamos fadados ao fracasso desde o início.
— Em um momento eu senti que era sua e você era meu — falei, com grande pesar.
— Nunca foi totalmente minha. Quando estávamos juntos era real, mas nunca era o suficiente. Sempre tinha alguém contra nós.
Comecei a chorar compulsivamente. Tentei me acalmar e consegui.
— Eu não quero te ver nunca mais. Se possível mude de país — falei, e desliguei.
Não era totalmente verdade, mas era o necessário. Eu precisava me desapegar urgentemente dele.
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Atração Fatal 🔪
Romantizm#1 mistério 24/06/2020 #1 aventura 17/06/2020 #1 hot 01/08/2020 Alexia foi sequestrada. Seu sequestrador é quente como o inferno. Mas eles são como água e óleo, não se misturam.