The Crown - Camren

The Coronation

OIE ANTES TARDE DO QUE NUNCA BJS 

COMO 6 TAO 

boa leitura bjsx2

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2 MESES DEPOIS

Você alguma vez já esteve no mundo mas se sentiu como estivesse fora dele? Como se de repente tudo ao seu redor já não fizesse sentido? Como se a gravidade já não se aplicasse mais a você e tampouco nenhuma lei física? Era assim que Camila se sentia enquanto estava sentada na poltrona do quarto de sua mãe; poltrona esta, que uma vez havia pertencido a sua vó, a sua bisavó e a todas as mulheres de sua família que em certo tempo haviam sido pessoas livres e ingênuas, mas que tiveram que simplesmente recusar seus sonhos e vidas para se casar e assumir uma responsabilidade que elas talvez não quisessem.

Naquele dia Camila só viu vultos negros ao seu redor. Vultos elogiando seu cabelo. Vultos suspirando e sussurrando "Como eu queria estar no lugar dela". Vultos que comentavam o tempo todo o quanto estavam animadas para casamento e o quanto estavam felizes por ela. Vultos que carregavam seu pesado vestido branco. Branco demais. Quase a cegava. Camila pensou muito sobre seu vestido naquele dia. Era uma lástima e um pecado contra Deus ela trajar um vestido daquele. Vestidos brancos não eram para virgens puras? Santas? Livres do pecado mundano? Aquele vestido certamente não era para ela. Na verdade nada naquele dia em especial era pra ela. Nem as flores. Nem o cabelo perfeitamente arrumado. Ou os saltos de sua sódeussabelávó que ela havia herdado. Nem a carruagem com aqueles cavalos. Nem o anel de ouro. Nem o buquê. Nem o noivo. Nada. Absolutamente nada ali era para Camila. Camila era o oposto daquilo tudo. Camila queria o oposto daquilo. Não queria nada perfeito. Não queria o cabelo perfeito, o salto perfeito, o cavalo perfeito, o vestido perfeito, ela queria mesmo era bagunça. A bagunça mais bagunçada que já entrou em sua vida. Uma bagunça em forma de pessoa. Uma bagunça que vestia calças rasgadas e um all-star desgastado. Uma bagunça que tinha cabelos escuros da cor do céu da noite que ela tanto amava. Uma bagunça que tinha olhos esmeralda que faiscavam problema: Lauren.

Tudo naquele dia passou rápido demais; um borrão. Seu cérebro parecia lento, suas ações eram automáticas. O sorriso quando desceu as escadarias para encontrar seu noivo foi tão superficial quanto o beijo que sua mãe havia lhe dado na testa antes de empurra-la em direção ao começo de sua infelicidade eterna. As pessoas importantes que reluziam dinheiro e poder aglomeradas no salão Real, pareciam bonecos de mentira pertencentes a algum universo paralelo: Sorriram quando a viram, suspiraram quando ela disse sim, aplaudiram quando sua mãe havia entrado pela segunda vez no salão carregando um objeto que tinha o peso do mundo, e se curvaram quando a coroa tinha sido finalmente pousada em sua cabeça. Dentro de si tudo ruía. Tudo caia feito uma sequência de dominó em efeito cascata: cada peça que pousava o chão era um acréscimo ao seu sofrimento.

-Vida Longa à rainha Camila Cabello!- entoou sua mãe.

-VIDA LONGA À RAINHA CAMILA CABELLO! – toda o salão repetiu.

Seus olhos carregados de tristeza vasculharam o salão. Seu coração disparado e atormentado se apertou.

-VIDA LONGA À RAINHA CAMILA CABELLO!- repetiram mais alto.

Sua garganta se fechou. Não soube como passou por aqueles minutos sem que seu corpo simplesmente caísse no chão e sua voz gritasse por piedade.

-VIDA LONGA À RAINHA CAMILA CABELLO! – Seus tímpanos queimaram mais e mais. Aquelas palavras pareciam adicionar toneladas as suas costas.

Abriu a boca e sugou todo o ar que conseguiu. Olhou para o lado e viu seu marido acenando feliz e despreocupado para todos em volta.