Capítulo Nove - Parte 03

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Os dias que se seguiram foram um período de adaptação, mas para Alfonso ela parecia se sair muito bem. Ele se preocupou em nunca se distanciar muito de casa, e se Anahí sentiu sua falta à noite, ela não disse.

Depois da primeira noite em casa com Elena, Anahí nunca mais pediu ajuda. Passada uma semana sem precisar da ajuda dele, Alfonso voltou para o seu quarto com uma es­tranha sensação de pesar. Se tivesse dormido com ela na noite em que chegaram em casa, segurado-a nos braços, ou deitado de mãos dadas, talvez ainda estivessem próxi­mos, mas havia uma distância entre eles agora, uma frieza que o entristecia, pois sabia que o romance deles tinha terminado.

Agora ela era mãe, não havia mais tempo para sonhar. Ela adotara uma rotina com Elena, e Alice e Pâmela estavam en­cantadas de ver como a criança era calminha. A menina era tão paparicada que era um espanto ela saber quem era a mãe, ele pensou, e por não querer dar trabalho a Anahí, ele tentava manter a casa arrumada e limpa.

— Está precisando de uma empregada. — brincou Augusto um dia, quando passou por lá com Alice e as crianças, a caminho da praia.

Alfonso se limitou a olhar para ele e voltar sua atenção para a bancada da cozinha.

— É por pouco tempo, mas se eu não fizer isso, ou contra­tar alguém, Anahí vai achar que é sua obrigação, porque ela é assim.

— E até quando vai continuar se enganando que ela é ape­nas sua empregada?

— E que diabos mais você acha que ela é?

— Sei lá. Sua namorada? Companheira? A mulher que você ama?

— Não a amo, e não costumo ter relacionamentos. — ele disse.

— Bem, para mim, você tem um relacionamento. Só não sabe do que chamá-lo.

— Relacionamentos são sempre perigosos, complicados e desnecessários.

— Desnecessários? De jeito nenhum. — Ele abaixou a voz: — Você precisa dela, e ela de você, Alfonso. Não se engane.

— Estranho ouvir isso de você.

— Isso foi antes de conhecê-la.

— E o que foi que mudou?

— Você mudou. Deixou para trás suas tristezas, toda aquela coisa de Catherine.

— Que coisas de Catherine?

Se Anahí dera com a língua nos dentes, ele a mataria.

— Sei lá, eu só posso deduzir que ela o traiu. Deus sabe por que, pois jamais encontraria um homem melhor.

Ele se limitou a limpar os armários. Estranho, quando Anahí fazia isso os armários ficavam brilhando.

— Está bem, não fale se não quiser. Mas pense nisso. Pen­se em Anahí e no que ela representa para você. E não a deixe escapar, Poncho. Ela é muito boa. É inteligente, divertida, es­perta, culta, generosa...

— Você é casado. Não se esqueça disso. E se você fizer minha irmã sofrer, eu o mato.

— Não pretendo fazer sua irmã sofrer, eu a adoro. Mas nem por isso me tornei insensível, e se você for esperto, vai abrir os olhos e ver o que está bem diante de seu nariz. Anahí foi a melhor coisa que já lhe aconteceu. Não a deixe escapar.

E sem dizer mais nada ele foi embora.

Alfonso se voltou para os armários. Nossa, estavam horrí­veis. Ele passou o pano neles mais uma vez.

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