Capítulo Dez - Parte 03

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— Meus advogados vão procurá-la! — ele gritou antes de sair da sala e bater a porta com violência.

— Nossa... — disse Anahí, baixinho, e Mike Cooper sorriu.

— Foi uma cena lamentável — ele comentou. — Então, tem mais alguma coisa que eu possa fazer por você ou posso voltar para o meu golfe?

* * *

— Não posso ficar com a herança.

Eles estavam sentados nos degraus nos fundos do jardim, admirando o mar banhado pela lua, e Anahí relembrava os acon­tecimentos daquela tarde enquanto saboreava um champanhe. Tomaria apenas uma taça para comemorar, pois estava amamentando. Já Alfonso, que não tinha impedimentos, ser­viu-se de mais um pouco da bebida.

— Por que não?

— Porque devo dar para Rafael.

— Rafael?! — Ele quase engasgou com o champanhe. — Anahí, você enlouqueceu? O sujeito é um canalha. O próprio pai reconheceu isso. Por esse motivo a fez sua herdeira.

— Não, eu já entendi o que aconteceu. George deu os 10 mil a Rafael porque essa foi a mesma quantia que dera a Edgar nos últimos meses antes de morrer, e ele queria ser justo. Mas eu me sinto culpada, como se todo o mundo achasse que eu fi­quei ao lado de George só para fazê-lo mudar o testamento.

— Que besteira... Você foi muito melhor para ele do que os dois filhos, que nunca se preocuparam em ajudar o pai. Daniel disse que o hotel não estaria funcionando se não fosse por você. Sabe que gostava de você como uma filha?

— Jura?

— Sim, foi assim que ele a descreveu para Mike Cooper. Ele a amava de verdade, Anahí.

— Ele foi maravilhoso para mim. Sinto tanta falta dele. — Anahí sentiu um nó na garganta.

— Vai poder se lembrar dele todas as vezes que entrar na sua própria casa. Isso é um legado e tanto, não acha?

Nossa, que vida solitária. Mesmo com Elena para me fa­zer companhia. Não quero isso! Não quero minha própria casa! Quero a sua, quero que me peça para ficar aqui com você, que diga que me ama. Não quero que me diga que ter a minha própria casa é um legado e tanto, pelo amor de Deus!

— Seria sim, se ficar com a herança.

— Bem, vai ter de ficar com a parte de Elena, não tem es­colha quanto a isso, e como investimento a longo prazo, os imóveis têm sido o melhor investimento nos últimos trinta anos; então, acho que comprar uma casa para ela seria a coi­sa mais sensata a fazer. E, quanto à sua metade, o que faria com ela? Além de dar para Rafael. Posso matá-la para evitar que faça isso. Aquele sujeito não vale nada.

Por dentro, Anahí não estava interessada em saber qual o melhor investimento a fazer com o dinheiro, e limitou-se a rir.

— Então, o que mais poderia fazer? Uma doação? Pâmela disse que Daniel faz muita doação, posso perguntar a ele.

— Você pode terminar seus estudos — ele sugeriu. — Termine sua faculdade e organize uma fundação para finan­ciar as pessoas que não têm dinheiro para lutar pelos seus direitos. Você disse que queria ser advogada de direitos hu­manos, essa é a sua chance. Pode até homenagear George, chamando-a de Fundação George Dawes.

Que idéia brilhante.

— É mesmo, seria um bom uso para o dinheiro. Ele gos­taria disso, obrigada.

Anahí estava com dor de cabeça, devia ser por estresse pela reação explosiva de Rafael naquela tarde. Ela se levantou e sa­cudiu a saia.

— Alfonso, vou me deitar agora. Ainda estou aturdida com os últimos acontecimentos. — E preciso ficar sozinha para poder chorar à vontade, porque você só fala da minha vida longe de você, e eu não agüento mais.

— Claro. — Ele se levantou e a seguiu até o quarto. — Precisa de alguma coisa?

— Não, estou bem. Obrigada por ter ficado do meu lado hoje.

— Por nada.

Ela parou por um instante, dando-lhe uma chance de abra­çá-la e beijá-la, qualquer coisa, droga, mas ele não fez nada, então ela foi para seu quarto, fechou a porta e começou a chorar.

Lar da Paixão (ADP)Onde histórias criam vida. Descubra agora