— Meus advogados vão procurá-la! — ele gritou antes de sair da sala e bater a porta com violência.
— Nossa... — disse Anahí, baixinho, e Mike Cooper sorriu.
— Foi uma cena lamentável — ele comentou. — Então, tem mais alguma coisa que eu possa fazer por você ou posso voltar para o meu golfe?
* * *
— Não posso ficar com a herança.
Eles estavam sentados nos degraus nos fundos do jardim, admirando o mar banhado pela lua, e Anahí relembrava os acontecimentos daquela tarde enquanto saboreava um champanhe. Tomaria apenas uma taça para comemorar, pois estava amamentando. Já Alfonso, que não tinha impedimentos, serviu-se de mais um pouco da bebida.
— Por que não?
— Porque devo dar para Rafael.
— Rafael?! — Ele quase engasgou com o champanhe. — Anahí, você enlouqueceu? O sujeito é um canalha. O próprio pai reconheceu isso. Por esse motivo a fez sua herdeira.
— Não, eu já entendi o que aconteceu. George deu os 10 mil a Rafael porque essa foi a mesma quantia que dera a Edgar nos últimos meses antes de morrer, e ele queria ser justo. Mas eu me sinto culpada, como se todo o mundo achasse que eu fiquei ao lado de George só para fazê-lo mudar o testamento.
— Que besteira... Você foi muito melhor para ele do que os dois filhos, que nunca se preocuparam em ajudar o pai. Daniel disse que o hotel não estaria funcionando se não fosse por você. Sabe que gostava de você como uma filha?
— Jura?
— Sim, foi assim que ele a descreveu para Mike Cooper. Ele a amava de verdade, Anahí.
— Ele foi maravilhoso para mim. Sinto tanta falta dele. — Anahí sentiu um nó na garganta.
— Vai poder se lembrar dele todas as vezes que entrar na sua própria casa. Isso é um legado e tanto, não acha?
Nossa, que vida solitária. Mesmo com Elena para me fazer companhia. Não quero isso! Não quero minha própria casa! Quero a sua, quero que me peça para ficar aqui com você, que diga que me ama. Não quero que me diga que ter a minha própria casa é um legado e tanto, pelo amor de Deus!
— Seria sim, se ficar com a herança.
— Bem, vai ter de ficar com a parte de Elena, não tem escolha quanto a isso, e como investimento a longo prazo, os imóveis têm sido o melhor investimento nos últimos trinta anos; então, acho que comprar uma casa para ela seria a coisa mais sensata a fazer. E, quanto à sua metade, o que faria com ela? Além de dar para Rafael. Posso matá-la para evitar que faça isso. Aquele sujeito não vale nada.
Por dentro, Anahí não estava interessada em saber qual o melhor investimento a fazer com o dinheiro, e limitou-se a rir.
— Então, o que mais poderia fazer? Uma doação? Pâmela disse que Daniel faz muita doação, posso perguntar a ele.
— Você pode terminar seus estudos — ele sugeriu. — Termine sua faculdade e organize uma fundação para financiar as pessoas que não têm dinheiro para lutar pelos seus direitos. Você disse que queria ser advogada de direitos humanos, essa é a sua chance. Pode até homenagear George, chamando-a de Fundação George Dawes.
Que idéia brilhante.
— É mesmo, seria um bom uso para o dinheiro. Ele gostaria disso, obrigada.
Anahí estava com dor de cabeça, devia ser por estresse pela reação explosiva de Rafael naquela tarde. Ela se levantou e sacudiu a saia.
— Alfonso, vou me deitar agora. Ainda estou aturdida com os últimos acontecimentos. — E preciso ficar sozinha para poder chorar à vontade, porque você só fala da minha vida longe de você, e eu não agüento mais.
— Claro. — Ele se levantou e a seguiu até o quarto. — Precisa de alguma coisa?
— Não, estou bem. Obrigada por ter ficado do meu lado hoje.
— Por nada.
Ela parou por um instante, dando-lhe uma chance de abraçá-la e beijá-la, qualquer coisa, droga, mas ele não fez nada, então ela foi para seu quarto, fechou a porta e começou a chorar.
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Lar da Paixão (ADP)
Fiksi PenggemarSem dinheiro, grávida e sozinha, Anahí Puente queria se estabelecer e criar raízes. Afinal, recebera alguns golpes duros da vida. Quando Alfonso Herrera a encontrou morando na casa vazia que ele acabara de comprar, sabia que deveria ter pedido que e...