Capítulo Três - Parte 01

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Anahí pediu referências dele, claro.

— Eu lhe avisei. Só porque é um arquiteto fantástico não significa que não seja um assassino violento — ela frisou, com toda a razão.

Alfonso registrou o arquiteto fantástico e ignorou o assas­sino violento.

— E quem você acha que poderia dar referências sobre mim num domingo?

— Alguém que o conheça há alguns anos, como um professor, um médico, um padre. — Ela o fitou, descon­fiada. — Acho que padre não... — acrescentou, e ele se sen­tiu insultado.

— Que tal Augusto Kavenagh?

— O sujeito da TV? O correspondente estrangeiro ou algo assim?

— Esse mesmo.

— Você o conhece?

— Somos amigos há anos, e recentemente, sócios. Ele é casado com a minha irmã. Os dois moram aqui perto.

— Eu diria que é perto demais. Tente outra pessoa.

— Daniel Barron, já ouviu falar dele? É muito conhecido na cidade. É outro sócio meu.

— Não, ele deve ter o próprio assassino — Anahí disse, e ele pensou em Daniel, que abriu mão da vida de solteiro para criar os filhos da irmã, e riu com o comentário dela.

— Duvido muito. E quanto à esposa de Daniel? Ela também é arquiteta, mas está atolada em fraldas no momento. Ela me conhece desde pequeno, na escola, serve? Não acredito que ela tenha um matador particular. Será que ela serve, ou tam­bém é próxima demais?

— Quão próxima é ela?

Ele sorriu e decidiu ser franco:

— Quando éramos crianças, eu a beijei, e ela me deu um tapa na cara. Nunca mais tentei de novo.

— Então ela serve. Não é o ideal, mas ela me dirá se você é desonesto. Uma mulher não mente sobre isso.

Ele resmungou baixinho. Isso não se aplicava muito a Catherine, mas ele resolveu deixar isso de lado.

— Vou telefonar para ela. Quando ela atendeu, ele foi breve:

— Oi, Pâmela. Preciso que alguém dê referências sobre mim para um futuro funcionário. Como não tenho um padre, você é a pessoas mais indicada. Faria isso por mim?

— Ah, Poncho! Vale a pena? — ela brincou.

— Ela está aqui do meu lado agora, o nome dela é Anahí. Vou colocá-la no viva-voz — ele disse, pressionando o botão que ia garantir que ele ouviria os dois lados da conversa, e torcendo para que Daniel não tivesse mencionado o nome de Anahí para ela. Não estrague tudo, Pâmela, ele pensou. — Pâmela? Entendeu o que eu disse?

— Entendi — ela disse claramente. — Oi, tudo bem?

— Oi, Pâmela. Então, você conhece Alfonso há muito tempo?

— Algo como 25 anos — ela disse, rindo. — Ele sempre foi irritante, desde garoto.

— Posso confiar nele?

— Confiar? Sob que aspecto? Quanto a sua segurança? Sua reputação? Sua honra?

E, para a surpresa de Alfonso, Anahí riu.

— Está um pouco tarde para pensar na minha reputação e minha honra. É quanto a minha segurança que estou preo­cupada.

— Fique tranqüila. Nós confiamos a ponto de deixar nos­sos filhos com ele. Ele é fabuloso com as crianças, e elas o adoram. É um sujeito muito boa gente. Para ele, nada é tra­balho demais.

— Acho que tem razão. E tem uma casa linda.

— Ele lhe mostrou a casa? — perguntou Pâmela, clara­mente surpresa.

— Ah, sim, bem isso era necessário já que vai me contra­tar para ser sua empregada.

— Empregada?! — Pâmela esbravejou, e Alfonso ficou nervoso. — Santo Deus, pensei que ele estivesse contratan­do uma secretária ou algo parecido, Anahí!

— Algum problema com isso? — Anahí perguntou, cau­telosa.

— Fique quieto, Daniel, ela queria falar comigo, não com você. Logo vai falar com Alfonso. Hmm, problema nenhum, só que eu não sabia que ele estava procurando uma empregada. Mas entendo, ele é um bagunceiro patológico. Apesar de ter se tornado maníaco por arrumação desde que a casa ficou pronta...

— Não sei cozinhar — disse Alfonso ao pegar o telefone e desligar o viva-voz antes que Daniel dissesse alguma coisa. — Também não sei passar roupa. Enfim, a casa deixou de ser novidade para mim.

— Bem que achei que isso não ia durar muito. Anahí, não dê ouvidos a ele, você não vai querer trabalhar para Poncho, ele é um pesadelo...

— Ela não está mais ouvindo você.

Daniel tirou o telefone das mãos de Pâmela, dizendo:

— Diga-me que ela não é a mulher que ocupava o anexo.

— O quê?! — Pâmela gritou ao fundo.

— Obrigado pelas referências — Alfonso agradeceu ao des­ligar o telefone antes que um deles dissesse algo que espan­tasse Anahí.

Anahí, no entanto, estava indiferente ao frenesi que causara na casa de Daniel e Pâmela.

— Bagunceiro patológico? Eu achei que fosse um manía­co por arrumação, apesar de estar um pouco desarrumado aqui, além das caixas no andar de cima e a sua cama desfeita — ela disse. — E, levando em consideração que a casa está vazia, pois acabou de se mudar, não tem como fazer muita bagunça. Então talvez ela estivesse certa da primeira vez. Ou será que é ordeiro, afinal?

— Depende do dia da semana, e você ainda não viu meu escritório. O arrumadinho não entrou ali, eu lhe garanto.

Ela ainda o fitou por alguns minutos antes de sorrir para ele.

— Está bem. Parece legal. Eu aceito.

— O emprego?

Ela fez um acenou de cabeça.

— Ótimo. Quando quer começar?

— Quem sabe dentro de cinco minutos?

Ele ficou aliviado. Graças a Deus. Alfonso de fato não que­ria imaginá-la naquele hotel por mais uma noite.

— Para mim é perfeito.

Lar da Paixão (ADP)Onde histórias criam vida. Descubra agora