— Era o que estávamos tentando fazer. Foi por isso que marcamos de visitar nossos advogados amanhã. Ainda estávamos com dificuldade de tirar você de lá, e atrasando a obra. A reunião de amanhã era para discutir esse assunto.
— Então por que me ofereceu um emprego? Se a sua equipe ia resolver o problema, por que não deixou por conta deles?
— Porque descobrimos que você estava grávida. — ele disse, sem jeito.
— E daí?
— Isso faz uma enorme diferença. Minha irmã passou por uma experiência semelhante quando estava grávida, e ela voltou a viver na casa dos meus pais. Ela era um pouco mais velha do que você, com uma filhinha e um bebê a caminho, mas ao menos tinha uma família a quem recorrer. Você não tem nada, e por pior que me julgue, eu não poderia deixá-la na rua. E também acho que não aceitaria caridade, e você sabe que preciso de alguém para cuidar da casa. E tenho bastante espaço aqui.
Os argumentos dele eram definitivos, mas havia algo na sua maneira de não olhar para ela que a deixava intrigada. Parecia estar escondendo alguma coisa dela. Algo a ver com Catherine? Não importa, mais tarde ela voltaria a tocar nesse assunto.
— Então, como foi exatamente que soube de mim?
— Soubemos que havia um inquilino, uma ex-funcionária do hotel, que estava com uma reivindicação maluca quanto à propriedade, nas palavras deles, não minhas. Disseram que não seria problema, que você sairia dentro de um mês. Só que depois de um mês, você continuava lá.
— E Rafael lhe disse que eu não tinha nenhum direito?
— Exatamente. Ou advogados dele disseram, mas não sei como, já que o testamento não apareceu.
— Mesmo sem o testamento, há uma chance para minha filha. Existe uma lei antiga que se refere aos bebês. Chama-se en ventre sa mère.
Ele balançou a cabeça e ela ficou surpresa. Então ele já tinha se informado sobre isso?
— Mas tenho de provar que ela é filha de Edgar, antes de mais nada.
— Tem alguma dúvida?
O olhar de indignação dela o fez se desculpar.
— Só estava perguntando, Anahí. Poderia ser relevante. Se vamos brigar do seu lado, precisamos saber se existe outra possibilidade.
— Na sua família, ninguém é digno de confiança? — ela perguntou, e ele ficou calado. Na verdade, ela também achou que tinha sido dura demais, então abrandou o tom: — O bebê é de Edgar, sim. Não sou eu quem precisa de uma prova, Poncho — ela falou com delicadeza. — São os tribunais. E se Rafael se apossar do dinheiro antes do nascimento dela...
— Mas ele não vai conseguir. Se você fizer sua reivindicação, o dinheiro não será liberado enquanto o inventário não for concedido. Nossos advogados vão conversar com você sobre isso amanhã. Imagino que concorde em encontrá-los.
Mais uma vez Anahí se via sem opções. Poderia se arriscar a ficar na rua. Ou ela poderia ficar nessa casa linda com um homem que, apesar do seu receio, não tinha motivos para confiar nela, mas que estava sendo gentil e queria ajudá-la nessa batalha legal por segurança. E essa era a palavra mágica: segurança. Para ela, para a gata e acima de tudo para a sua filha.
— Anahí?
Ela o encarou e tentou sorrir.
— Sinto muito. Acho que o julguei mal. Ao menos lhe devo o benefício da dúvida.
— Tendo em vista o que você ouviu, seria mais do que razoável você me julgar mal. Então, você me perdoa? Ou melhor, nos perdoa? Vai ficar?
— Você falou sobre assinar um contrato de trabalho. Acho que parece ser uma boa ideia. Não quero ter de ouvir insinuações.
— Claro, podemos fazer isso amanhã.
— E você mencionou jantar.
— Foi sim. Frango à caçarola, que já está pronto na cozinha.
Ela sorriu, cautelosa.
— Então começaremos pelo frango e vamos nos preocupar com o resto amanhã.
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Lar da Paixão (ADP)
FanfictionSem dinheiro, grávida e sozinha, Anahí Puente queria se estabelecer e criar raízes. Afinal, recebera alguns golpes duros da vida. Quando Alfonso Herrera a encontrou morando na casa vazia que ele acabara de comprar, sabia que deveria ter pedido que e...