Capítulo Quatro - Parte 04

1.2K 78 6
                                    


— Era o que estávamos tentando fazer. Foi por isso que marcamos de visitar nossos advogados amanhã. Ainda está­vamos com dificuldade de tirar você de lá, e atrasando a obra. A reunião de amanhã era para discutir esse assunto.

— Então por que me ofereceu um emprego? Se a sua equipe ia resolver o problema, por que não deixou por conta deles?

— Porque descobrimos que você estava grávida. — ele disse, sem jeito.

— E daí?

— Isso faz uma enorme diferença. Minha irmã passou por uma experiência semelhante quando estava grávida, e ela voltou a viver na casa dos meus pais. Ela era um pouco mais velha do que você, com uma filhinha e um bebê a caminho, mas ao menos tinha uma família a quem recorrer. Você não tem nada, e por pior que me julgue, eu não poderia deixá-la na rua. E também acho que não aceitaria caridade, e você sabe que preciso de alguém para cuidar da casa. E tenho bas­tante espaço aqui.

Os argumentos dele eram definitivos, mas havia algo na sua maneira de não olhar para ela que a deixava intrigada. Parecia estar escondendo alguma coisa dela. Algo a ver com Catherine? Não importa, mais tarde ela voltaria a tocar nes­se assunto.

— Então, como foi exatamente que soube de mim?

— Soubemos que havia um inquilino, uma ex-funcionária do hotel, que estava com uma reivindicação maluca quanto à propriedade, nas palavras deles, não minhas. Disseram que não seria problema, que você sairia dentro de um mês. Só que depois de um mês, você continuava lá.

— E Rafael lhe disse que eu não tinha nenhum direito?

— Exatamente. Ou advogados dele disseram, mas não sei como, já que o testamento não apareceu.

— Mesmo sem o testamento, há uma chance para minha filha. Existe uma lei antiga que se refere aos bebês. Cha­ma-se en ventre sa mère.

Ele balançou a cabeça e ela ficou surpresa. Então ele já tinha se informado sobre isso?

— Mas tenho de provar que ela é filha de Edgar, antes de mais nada.

— Tem alguma dúvida?

O olhar de indignação dela o fez se desculpar.

— Só estava perguntando, Anahí. Poderia ser relevante. Se vamos brigar do seu lado, precisamos saber se existe outra possibilidade.

— Na sua família, ninguém é digno de confiança? — ela perguntou, e ele ficou calado. Na verdade, ela também achou que tinha sido dura demais, então abrandou o tom: — O bebê é de Edgar, sim. Não sou eu quem precisa de uma prova, Poncho — ela falou com delicadeza. — São os tribunais. E se Rafael se apossar do dinheiro antes do nascimento dela...

— Mas ele não vai conseguir. Se você fizer sua reivindica­ção, o dinheiro não será liberado enquanto o inventário não for concedido. Nossos advogados vão conversar com você sobre isso amanhã. Imagino que concorde em encontrá-los.

Mais uma vez Anahí se via sem opções. Poderia se arriscar a ficar na rua. Ou ela poderia ficar nessa casa linda com um homem que, apesar do seu receio, não tinha motivos para confiar nela, mas que estava sendo gentil e queria ajudá-la nessa batalha legal por segurança. E essa era a palavra mágica: segurança. Para ela, para a gata e acima de tudo para a sua filha.

— Anahí?

Ela o encarou e tentou sorrir.

— Sinto muito. Acho que o julguei mal. Ao menos lhe devo o benefício da dúvida.

— Tendo em vista o que você ouviu, seria mais do que razoável você me julgar mal. Então, você me perdoa? Ou melhor, nos perdoa? Vai ficar?

— Você falou sobre assinar um contrato de trabalho. Acho que parece ser uma boa ideia. Não quero ter de ouvir insinuações.

— Claro, podemos fazer isso amanhã.

— E você mencionou jantar.

— Foi sim. Frango à caçarola, que já está pronto na cozinha.

Ela sorriu, cautelosa.

— Então começaremos pelo frango e vamos nos preocupar com o resto amanhã.

Lar da Paixão (ADP)Onde histórias criam vida. Descubra agora