— Então, como foi seu dia?
Anahí sorriu.
— Cansativo.
— É mesmo?
— Ah, foi muito agradável. Mas estou cansada. Pâmela é maravilhosa, mas me fez experimentar um monte de roupas, e eu não estou acostumada com crianças. Depois fui fazer compras.
— Sorte sua. Detesto fazer compras.
— Bem, não tinha solução. Examinei o freezer, e ele estava mais vazio do que a geladeira, então fui até o centro e comprei algumas coisas para o jantar.
— Foi a pé fazer compras de comida?
— Isso mesmo. Não tenho carro. E o que mais eu poderia estar comprando?
— Sei lá. Compras e mulheres são dois mistérios para mim. Devia ter me ligado.
— Não tenho telefone.
— Bem, aqui tem um.
— Mas eu não sei o número do seu celular.
Ele cocou a cabeça, pensativo.
— Sabe dirigir?
— Está me perguntando se sei dirigir ou se tenho permissão para isso? Porque eu sei, mas não tenho carteira de motorista aqui na Inglaterra.
— Que pena.
— Por quê? Tem um BMW sobrando por aí? — ela perguntou, e ele riu.
— Não. Mas tenho um lindo Triumph antigo na garagem. Eu poderia tê-lo usado e emprestado o BMW para você.
— Por que não emprestar o Triumph?
Ele sacudiu a cabeça.
— Desculpe-me, mas esse é o meu xodó. Não deixo nem meu pai dirigi-lo, e ele foi policial. Então, o que foi que comprou? Vou começar a cozinhar.
— Você? Mas esse é o meu trabalho...
— Esta noite quem cozinha sou eu.
— Mas você cozinhou ontem.
— Neste caso, vamos entrar num acordo. Vou deixá-la sentar à mesa e me dizer o que fazer. Você é mulher, portanto deve saber.
Ela riu.
— Não posso fazer isso, não seria justo.
— Ora, vamos, tenho certeza de que pode fazer isso. Alice me diz isso sempre. Desculpe-me, não ia mencionar o nome dela.
— Poncho, sou eu que vou ter de aprender a conviver com ela e a opinião que tem de mim.
— Mas ela não tem nenhuma opinião sobre você. Ela fez uma imagem de uma mulher que ela nunca viu, e isso vai mudar. Ela vem sempre aqui em casa. No momento, está trabalhando no meu jardim, ela é paisagista. Provavelmente vocês devem se ver pela manhã, e acho até que vai ser mais difícil para ela do que para você.
Disso ela duvidava.
— Então, que tal um penne com lagostim ao molho de tomate e uma saladinha?
— Sabe fazer isso? — ele perguntou, espantado.
— Não — ela disse. — Mas você sabe. E se me provar que é bom, lhe darei uma nota.
— Ah, eu sou muito bom.
E de repente o clima entre eles ficou meio estranho. Por um momento, eles se olharam, e logo ele tentou se recompor, virou-se e começou a mexer na geladeira enquanto ela abanava o rosto em chamas.
Será que a estava paquerando?
Mesmo sendo ela apenas sua empregada?
Mas na sua mente ela ouvia a voz de Pâmela dizendo: "É mesmo? Somente sua empregada? Veremos".
* * *
Por que será que dissera aquilo?
Devia estar maluco. Ela estava grávida, e ainda sofrendo com a perda de Edgar, embora Alfonso não soubesse por que tinha perdido tempo com um ser humano tão inútil; mesmo assim ela não estava interessada em outro relacionamento. Ainda mais um com tantas implicações.
Então, por que diabos a estava paquerando? Porque ela era divertida e gostava das mesmas coisas que ele? Porque o provocava? Porque era bonita? Ela foi franca e amigável quando se conheceram, um pouco cautelosa, o que era natural, mas essencialmente franca, e ela estava começando, lentamente, a se abrir para ele; e ele entendeu que queria isso, queria conhecê-la melhor, descobrir mais coisas sobre ela.
Ele sentia vontade de ficar ao seu lado de um jeito como não sentia havia muito tempo. Nem mesmo Catherine o fez se sentir assim, tão interessado em conhecê-la melhor. Na verdade, ele nem chegou a conhecê-la profundamente.
E também não conhecia Anahí, portanto, se ele tivesse um mínimo de juízo deixaria isso de lado e pararia de ser tão estúpido. E se Alice estivesse com a razão?
Não. Ele sabia que ela não tinha razão, e Alice também chegaria à mesma conclusão quando conhecesse Anahí. Mas isso não significava que ele deveria se envolver com ela. Mesmo sendo ela a mulher mais sensual que ele conheceu nos últimos anos.
Ele parou de repente, os dedos fechados no puxador da geladeira, e olhou fixo para seu conteúdo em total confusão.
Sensual? Era possível ser sensual aos sete meses de gravidez?
Seu corpo estava lhe dizendo que sim. Muito, muito sensual. Não de uma maneira banal, mas de um jeito sutil como toda mulher deveria ser sempre. Mesmo quando perdesse sua formosura, quando ficasse velha e grisalha e quando toda sua beleza despencasse, ainda seria sensual a ponto de deixá-lo de joelhos diante dela.
E era uma pena que ele não estaria lá para apreciá-la; mas não estaria. Era uma questão de estar no lugar errado, na hora errada.
— Então — ele disse, soltando a porta da geladeira e se recompondo. — O que estou procurando aqui?
Ele cozinhava muito bem. Deixou que ela pensasse que não sabia cozinhar, mas ele sabia, e muito bem. Bem orientado, ele se saiu maravilhosamente bem. E a caçarola que havia feito no dia anterior ficou deliciosa.Talvez ele não apreciasse cozinhar, ou não quisesse ter trabalho quando estava sozinho. Mas ela entendia isso. Fosse como fosse, estava divino. Eles se sentaram juntos à mesa, de frente para o mar e de costas para a bagunça da cozinha que ela sabia que teria de arrumar depois, e conversaram. Ele falou sobre como encontrou aquele terreno, sobre a construção da casa e seus planos para o jardim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Lar da Paixão (ADP)
FanfictionSem dinheiro, grávida e sozinha, Anahí Puente queria se estabelecer e criar raízes. Afinal, recebera alguns golpes duros da vida. Quando Alfonso Herrera a encontrou morando na casa vazia que ele acabara de comprar, sabia que deveria ter pedido que e...